sexta-feira, abril 19, 2024

Celebrámos os 50 anos do 25 de Abril com um Pedipaper que percorreu três lugares simbólicos

Nos 50 anos do 25 de Abril, o Atrium não poderia deixar de se associar à comemoração desta data, em que Portugal se libertou da ditadura, que o oprimia há uns longos 48 anos.

Para tal organizámos um pedipaper que, no passado dia 24 de Março, percorreu três lugares simbólicos daquele dia histórico: o Terreiro do Paço, o Largo do Carmo e a Rua António Maria Cardoso.

No primeiro deu-se o embate inicial entre as forças revoltosas da EPC, comandadas por Salgueiro Maia, e os tanques de Cavalaria 7 enviados pelo Governo, no segundo concretizou-se a rendição e a prisão de Marcello Caetano e no terceiro ocorreu o cerco, e mais tarde a ocupação, da sede da PIDE/DGS, tristemente marcado pela morte de 4 manifestantes, atingidos pelas balas dos esbirros daquela polícia política.
Foi uma viagem no tempo e no espaço, que trouxe à recordação dos participantes, aquele dia excepcional que a nossa geração teve o privilégio de viver.
Uma referência às 9 equipas presentes, que com a sua entusiástica e esforçada participação, emprestaram a esta iniciativa um brilho que superou as espectativas dos organizadores.
Destacamos também a presença de 5 jovens que se juntaram a nós nesta jornada de celebração.
E no final, a jornada terminou com um animado e retemperador almoço, na histórica Cervejaria Trindade!
Para memória futura, aqui incluímos as fotografias dos participantes.

Equipas 1 e 2 (Ana, Andreia, João e Madalena, Sara e Luísa)
Equipa 3 (Alice, Maria e Glória)
Equipa 4 (Bárbara, Cândida, Maria e Albano)
Equipa 5 (Elizabet e Bernard)
Equipa 6 (Hirondina e José Maria)
Equipa 7 (Fátima, Lurdes e Jorge)
Equipa 8 (Teresa, Teresa Cristina, Marina e Rui)
Equipa 9 (Rosa e Amparo)

quinta-feira, abril 18, 2024

O Atrium recordou Maria Lamas e com ela As Mulheres do Nosso País

Foram duas as actividades que dedicámos à obra desta mulher extraordinária, lutadora pelos direitos humanos e cívicos em tempos de ditadura, porventura a mais notável mulher portuguesa no século XX.

A primeira realizada no dia 29 de fevereiro, foi a visita guiada à exposição “As Mulheres do Meu País”, patente na Fundação Gulbenkian.

Passados mais de 75 anos sobre o início da publicação em fascículos de “As Mulheres do Meu País”, esta exposição, com a curadoria de Jorge Calado, apresenta pela primeira vez em Portugal a obra fotográfica de Maria Lamas (1893–1983), jornalista e escritora, pedagoga e investigadora, tradutora e fotógrafa, que entre 1947 e 1949, andou por serras, arrozais, grandes e pequenas cidades a observar as condições de vida das mulheres portuguesas.

Tivemos a oportunidade de apreciar uma seleção de 67 das suas fotografias, de pequenas dimensões, que documentam a arrepiante constatação da vida da mulher, no campo, na cidade, no interior e na beira-mar. Logo na abertura do livro “As Mulheres do Meu País”, escreve Maria Lamas: “A nossa vida é muito escrava. Todas se exprimem assim, tal-qualmente ou por outras lavras, conforme lhes é usual. O sentido, porém, é sempre o mesmo, como arrastado é sempre o seu viver, na serra, na lezíria, à beira-mar ou na charneca ressequida e sem fim.

O livro, como conta a sua neta Maria José Metello de Seixas no prefácio à segunda edição, foi a resposta da autora ao governador civil de Lisboa de então, que mandou encerrar o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas – a que Maria Lamas presidia e ao qual tinha dado um dinamismo “inconveniente” – alegando que esta não deveria ter tanto trabalho nem preocupar-se tanto com a situação das mulheres, a quem o Conselho Nacional não era necessário, uma vez que o “Estado Novo” confiava à Obra das Mães o encargo de as «educar e orientar». «A esta afronta feita à cidadã respondeu a jornalista: iria verificar e depois informaria.».

A segunda actividade, realizada no dia 9 de março, teve lugar na Casa dos Açores, e nela foi exibido o filme “Um nome para o que sou”, e contámos com a presença da sua realizadora, Marta Pessoa, e também da argumentista, a escritora Susana Moreira Marques, que fizeram a apresentação do filme, um documento sobre o processo de escrita do livro “As Mulheres do Meu País” (através do espólio e dos diários de Maria Lamas), e também uma reflexão sobre a própria escritora, enquanto figura destacada do feminismo português.

Seguiu-se uma interessante conversa, no decurso da qual foi destacado o espírito combativo de Maria Lamas, que conseguiu furar o cerco montado pelo regime a qualquer reflexão jornalística ou sociológica sobre a condição feminina.

Pressionada pelo governo, a administração do jornal "O Século", proprietária da revista "Modas & Bordados", então dirigida pela escritora, faz-lhe um ultimato, obrigando-a a escolher entre a revista e o trabalho no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Maria Lamas não hesitou na escolha, mas o preço a pagar foi muito alto, como escreve Maria Antónia Fiadeiro na biografia que lhe consagrou: “Maria Lamas no desemprego, nunca mais encontrará trabalho certo e será perseguida e assediada policialmente. Tem 54 anos. Conhecerá a prisão e o exílio. Não sem antes empreender a realização de As Mulheres do Meu País, partindo, ao desafio da descoberta das condições de vida das mulheres portuguesas”,

Foram duas actividades enriquecedoras, que nos permitiram conhecer melhor a vida e a obra desta Mulher Portuguesa, uma excecional lutadora pela emancipação da mulher e pelos direitos humanos no nosso país.







quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Uma visita guiada às Identidades Partilhadas do MNAA

Na manhã do passado dia 15 de Fevereiro, fomos até ao Palácio Alvor, que alberga há quase 113 anos o Museu Nacional de Arte Antiga, para uma visita guiada à exposição “Identidades Partilhadas: Pintura Espanhola em Portugal”, que apresenta pinturas de grandes mestres espanhóis, com ligações a Portugal desde o século XIV.

Recorde-se que este palácio foi mandado construir em finais do século XVII pelo 1º conde de Alvor, D. Francisco de Távora, após o seu regresso da Índia, onde foi vice-rei entre 1681 e 1686. Em 1883 o palácio é comprado pelo Estado para a instalação do Museu Nacional de Belas Artes e mais tarde, em 1911, em resultado da divisão do acervo museológico, foi nele criado o Museu Nacional de Arte Antiga.

A exposição que visitámos, mostra a presença da pintura espanhola em Portugal, que é uma consequência das relações culturais que existiram entre os dois países, e destaca ainda a importância da marca deixada pelos artistas espanhóis em Portugal, seja por razões ligadas ao gosto, ao mecenato, ao colecionismo, a doações, a ofertas diplomáticas ou a aquisições de museus e instituições eclesiásticas.

As peças que vimos contam uma parte dessa história, através de obras de arte compradas por igrejas, conventos e mosteiros, ou reunidas em coleções particulares. Do século XIV ao início do século XX, estão aqui presentes as grandes correntes da pintura espanhola, cada época revelada pelos artistas mais representativos do seu tempo.

Constituída por 82 obras, a mostra distribui-se por oito salas num circuito que nos levou a conhecer as grandes correntes da pintura espanhola e alguns dos seus principais representantes. Referiremos por exemplo, Luís de Morales, pintor espanhol do séc. XVI que tinha a sua oficina em Badajoz e recebia encomendas de Elvas, Évora e Portalegre, Vasco Pereira Lusitano, pintor português sediado em Sevilha, do qual se apresentam quatro obras importantes, e também El Greco, Francisco de Zurbarán ou Bartolomé Murillo, expoentes da pintura espanhola, numa cronologia que vai do século XIV ao início do século XX.

Foi uma interessante visita, enriquecida pelas explicações da nossa guia.








quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Uma tertúlia fadista na associação que preserva a memória de Alfredo Marceneiro

 

Foi no sábado, dia 10 de fevereiro que o Atrium participou num almoço convívio e tertúlia fadista, na Associação Cultural de Fado "O Patriarca do Fado" Alfredo Marceneiro", na Estrada da Portela, em Carnaxide. O dinamizador da associação, e nosso anfitrião, foi Vítor Duarte Marceneiro, neto do consagrado fadista.

A parte artística esteve a cargo dos fadistas da associação, que nos presentearam com um reportório variado desta nossa música, hoje Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.

De salientar a rica contribuição do Atrium no abrilhantamento da sessão, concretizada nas actuações da Maria Viegas, declamando um poema de Manuel Alegre, e da Manelinha, interpretando um bonito fado.

Foi uma tarde bem passada com um animado convívio, à qual não faltou a boa comida - onde se destacou uma tradicional sopa de pedra e uns carapaus de escabeche - e a boa bebida.






No Teatro Tivoli conhecemos alguns Anónimos de Abril


“Anónimos de Abril” é um espectáculo com músicas de Rogério Charraz, letras de José Fialho Gouveia e direção musical do pianista Júlio Resende, composto por 14 canções originais e inéditas, que homenageiam homens e mulheres que tiveram um papel importante na Revolução e na Resistência, mas que acabaram por ficar apenas nos rodapés na História.

Joana Alegre, filha de Manuel Alegre, e João Afonso, sobrinho de José Afonso, juntaram-se ao projeto e deram voz e alma às canções, onde cada tema, dedicado a esses nomes menos conhecidos que lutaram pela Liberdade, é apresentado através da leitura de um texto à qual se segue a parte musical.

Um dos retratados é Francisco Sousa Mendes, neto do cônsul Aristides Sousa Mendes, que, no dia da Revolução, integrou a coluna de Salgueiro Maia e foi um dos homens que escoltou Marcello Caetano após a tomada do Convento do Carmo.

Herculana Carvalho e Luiz Alves de Carvalho são outros dos “protagonistas desconhecidos” apresentados em palco. O casal obteve uma autorização excecional para visitar o filho na Colónia Penal do Tarrafal — situada em Chão Bom, no extremo norte da ilha de Santiago, em Cabo Verde. O campo de concentração do Estado Novo que funcionou entre 1936 e 1956 e ficou conhecido como “Campo da Morte Lenta”. Durante a visita inédita, o casal fotografou todos os presos e as campas dos prisioneiros mortos. Ao regressarem a Portugal, procuraram as famílias dos detidos para lhes entregarem as fotografias.

Foi no dia 29 de janeiro que o Atrium teve a oportunidade de começar a celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 74, de um modo original e muito enriquecedor.



No Teatro Aberto assistimos a uma “Tempestade Ainda”

 

Na noite do dia 19 de janeiro, o Atrium foi ao teatro, ali para os lados da Praça de Espanha, ver a peça de Peter Handke “Tempestade Ainda”.

Nela, o escritor regressa às suas raízes, na região da Caríntia, na Áustria para nos narrar a história dos seus antepassados eslovenos no tempo da Segunda Guerra Mundial. Na paisagem de montanhas, florestas e vales da sua terra natal, os familiares do seu lado materno – o avô, a avó, a mãe, a irmã e os três irmãos da mãe – vêm ao seu encontro e contam-lhe a opressão que sofreram sob o domínio nazi, a proibição de falarem a sua língua, a obrigação de partirem para a guerra com o uniforme alemão, a resistência dos partisans nas montanhas.

Misturando recordações, factos e ficção, Peter Handke presta homenagem aos seus antepassados e ilumina acontecimentos esquecidos pelos livros de História. O título condensa a sua visão da História: o passado continua no presente, há tempestade ainda, as vozes dos antepassados não se calaram, e continuam em quem vem ao teatro para as escutar.

Nos tempos estranhos que estamos vivendo, com o deflagrar de guerras de extrema violência, e com a banalização do uso da força para resolver problemas, a peça ganha toda a actualidade, como um grito contra esse estado de coisas.

Nascido em 1942 em Griffen, na Áustria, Peter Handke venceu o Nobel da Literatura em 2019, sendo apresentado pela Academia Sueca como "um dos mais influentes escritores da Europa depois da Segunda Guerra Mundial".

Handke cresceu com a mãe, de minoria eslovena, e com o padrasto, tendo conhecido o seu pai biológico - um militar alemão - só na idade adulta.





quarta-feira, dezembro 20, 2023

Na Casa dos Açores o Atrium confrontou-se com os desafios da Inteligência Artificial (IA)

 

Foi uma sessão subordinada ao tema “A Inteligência artificial e o impacto no mercado de Trabalho: notas introdutórias”, efetuada no passado dia 9 de dezembro na Casa dos Açores, e animada pelo investigador Nuno Boavida, que nos apresentou o resultado das suas investigações sobre a IA, aplicada ao setor automóvel, e também uma análise mais abrangente das questões levantadas por esta tecnologia.

Como complemento desta interessante sessão, que nos alertou para os principais desafios da IA, transcrevemos em baixo algumas passagens de uma entrevista concedida ao jornal Público (em 17.12.2023) por Paolo Benanti, o frade franciscano conselheiro do Papa Francisco sobre tecnologia, e que faz parte do conselho de peritos em IA da Organização das Nações Unidas.

De túnica cinzenta com uma corda branca à cintura, este frade franciscano destaca-se dos restantes membros, reunidos pela primeira vez no começo de dezembro, em Nova Iorque, tendo ao seu lado políticos, governantes, académicos e representantes de grandes nomes da tecnologia, como a Microsoft, a Sony e a OpenAI.

Foram todos convocados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para a missão de pensar numa nova agência internacional para supervisionar os desenvolvimentos em IA, com o objectivo de reduzir os riscos e maximizar os benefícios da utilização da tecnologia.

Aqui ficam algumas das palavras de Paolo Benanti:

“… Temos de ser muito claros: este debate sobre IA não é uma questão nova: Na primeira vez que um membro da espécie humana agarrou num bastão, podia estar a pegar numa arma ou numa ferramenta. Isto há dezenas de milhares de anos…”.

“… Não há tecnologia que não possa ser usada como ferramenta. E não há ferramenta que não possa ser usada como arma. Por isso é que é muito mais importante perceber como é que os humanos olham para a inovação…”.

“… um chatbot ainda se engana e mente com facilidade…”.

“…. Agora que a tecnologia já não molda só o ferro, como aconteceu na primeira revolução tecnológica, vemos a tecnologia como o motor da cultura. Ao moldar a linguagem, a tecnologia torna-se na ferramenta de manipulação perfeita para a sociedade…”.

“…. Em 2023 o poder da tecnologia está com um pequeno grupo de empresas, e isso é algo que me preocupa. Não é bom ter uma sociedade dominada por uma mão-cheia de pontos de vista. Perceber a humanidade não é fácil. Há diferentes culturas, povos com diferentes sensibilidades. Se a IA não considerar diferentes culturas, vai esmagar a humanidade…”.

“…. É preciso questionar a tecnologia. É isso que se faz numa reflexão ética. É um processo cultural fundamental que tem de juntar a sociedade civil, com empresas, com organizações não-governamentais, com reguladores e universidades…”.

“…. Estamos num ponto de viragem para a tecnologia e para a humanidade. O futuro pode levar a um fosso maior entre diferentes povos. Com ricos mais ricos e pobres mais pobres. Ou podemos usar a tecnologia para melhorar a vida de diferentes pessoas em todo o mundo…”.

Mas qual o principal risco que a IA nos coloca?

A esta questão, que nos preocupa nos dias de hoje, deixamos a resposta do reputado neurocientista António Damásio:

“… O risco principal é o perigo das pessoas não compreenderem que a IA é de facto artificial e muito diferente daquilo que é a inteligência humana. A inteligência humana é um derivado da biológica…”.





Risco Sísmico em Portugal – Mito ou realidade?

 

Foi no passado dia 26 de novembro que o Atrium foi alertado para a questão do Risco Sísmico em Portugal, numa sessão orientada pelo Eng.º João Azevedo presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES).

Na avaliação do Risco Sísmico, foram analisadas a Perigosidade Sísmica, a Exposição de infraestruturas e a sua Vulnerabilidade.

Com recurso à análise do ocorrido em sismos passados a nível mundial, foram abordadas pelo João Azevedo, as lições daí resultantes, e algumas das causas mais comuns para os efeitos nefastos dos sismos, quer em estruturas de edificações, quer em redes de infraestruturas como as redes de eletricidade, água, gás e combustíveis, redes viárias e ferroviárias.

Foram também apresentadas diferentes formas de garantir a segurança estrutural face aos sismos, com ênfase nas “novas” tendências para a construção de estruturas sismo-resistentes com recurso a sistemas de dissipação de energia e com isolamento de base.

Para complemento desta sessão, poderão aceder à apresentação do Eng.º João Azevedo, onde são abordadas estas questões, no link abaixo indicado.

Mestrado em Urbanismo e Ordenamento do Território (ordemengenheiros.pt)


Natal é quando o Homem (e a Mulher) quiserem

 

E o Atrium quis que o Natal chegasse exactamente no dia 23 de novembro, no Parque de Monsanto, mais precisamente no restaurante Monte Verde, pela mão da “comissão natalícia” (Celeste & António Marques).

Houve um animado convívio, com distribuição de prendas através do clássico “amigo secreto”, e a realização de um leilão de três pequenas peças artesanais, doadas pela amiga Lena Alves, cuja receita apurada foi remetida para a UNICEF.

O dia soalheiro e a tranquilidade do espaço ajudaram ao sucesso da iniciativa. 


domingo, dezembro 10, 2023

O nosso Companheiro e Amigo Pedro Moniz já não está connosco. O Atrium ficou mais pobre

Foi na manhã de hoje, dia 10, que o Pedro nos deixou. Perdemos um bom Amigo e um Companheiro que percorreu ao nosso lado uma longa caminhada na vida do Atrium.

À Fernanda à Joana e ao Luís, o grupo envia toda a solidariedade neste momento difícil.

O Pedro ficará sempre no nosso pensamento e na memória do nosso Atrium.

terça-feira, agosto 29, 2023

Quem é quem nos Painéis de São Vicente?

E foi com o objectivo de conhecer uma resposta a esta questão, que o Atrium se deslocou no passado dia 17 de junho, até à Casa dos Açores, para participar numa sessão animada pelo Eng.º Fernando Branco, um dos muitos investigadores que ao longo do tempo têm intervindo nesta polémica, que se instalou já definitivamente nos meios académicos ligados à historiografia portuguesa.

Foi uma interessante sessão, que nos prendeu pela clareza da exposição do orador, e pelos bem fundamentados argumentos que utilizou.

Recordemos que os enigmas da iconografia dos Painéis de S. Vicente, pelo menos quanto à identidade das personagens cujos retratos constituem o essencial da obra, suscitaram, e continuam a suscitar, milhares de páginas com hipóteses e interpretações múltiplas e, fundamentalmente, discordantes.

Esta polémica historiográfica, abreviadamente designada por “A Questão dos Painéis”, que já dura há mais de um século e que não parece esmorecer, tem como fulcro o famoso conjunto de seis pinturas do século XV, atribuídas a Nuno Gonçalves e expostas no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa.

Os Painéis foram redescobertos em 1883, numa sala escura do Paço Patriarcal de S. Vicente de Fora, embora só em julho de 1895, num artigo de Joaquim de Vasconcelos em O Comércio do Porto, se publicou um primeiro olhar descritivo e crítico sobre a obra.

Mas um estudo completo, do qual ainda hoje se usam as denominações aí avançadas para cada painel (dos Frades, dos Pescadores, do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros, da Relíquia), só surgiria em 1910, terminado o restauro das pinturas e logo seguido pela sua exposição em permanência no MNAA.

Foi uma tarde enriquecedora, com um olhar sobre a nossa História de antanho, que terminou com uma visita ao interessante edifício da casa dos Açores, guiados pelo nosso companheiro açoriano, José Maria.

17.06.2023





O Atrium de novo em Monsanto à descoberta de plantas comestíveis

Foi no passado dia 10 de junho, que nos encontrámos no Parque Recreativo do Calhau onde, na companhia do biólogo Sérgio Godinho, iniciámos uma caminhada pelos trilhos do parque, em busca das diversas espécies de plantas comestíveis aqui existentes.

Foi um saudável e interessante contacto com a natureza do Parque de Monsanto, descobrindo, com a ajuda do Sérgio, aspectos relacionados com as plantas que, para muitos de nós, eram desconhecidos.

No final, num momento de repouso sob a sombra acolhedora das árvores do parque, saboreámos uma infusão de plantas locais, gentilmente oferecida pelo nosso anfitrião. Foi a cereja no topo do bolo…

Como complemento da informação recolhida na caminhada, juntamos alguns textos extraídos da dissertação de mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos de Gisela da Rosa Duarte, cujo título é precisamente: “Levantamento e caracterização das plantas alimentícias não convencionais do Parque Florestal de Monsanto”.

Aroeira, dente-de-leão, chicória-do-café, serralha, cardo ou bolsa-de-pastor são algumas das 33 plantas consumíveis não convencionais das 85 espécies identificadas. Estas plantas não convencionais apresentam partes comestíveis como as flores, folhas, raízes, frutos, tubérculos ou as partes aéreas e não possuem nenhuma propriedade tóxica na sua composição química.

Esta flora, nativa ou exótica, pode constituir-se uma alternativa à dieta alimentar. Por exemplo, o dente-de-leão supera os valores nutricionais da alface no que diz respeito ao cálcio, ferro, carboidratos, proteínas, Vitaminas A e C, fósforo e lípidos. Já a serralha, rica em vitaminas A e B, em cálcio e fósforo, pode ser, também, um importante diurético e anti-inflamatório. A planta é totalmente comestível e as suas folhas podem ser utilizadas em saladas.

(…) Já o cardo, de flores amarelas e da família do dente-de-leão, “contém grande quantidade de vitaminas e carboidratos, que apresentam 3% da sua composição total, o nível de gordura é de 0,1% e as proteínas de 0,7%”, com minerais como o potássio, o magnésio ou o zinco à mistura. É uma planta espontânea, que nasce em qualquer ambiente e é, à semelhança do dente-de-leão, totalmente comestível.

(…) A aroeira, de cores rosa e vermelho, tem um sabor doce e pode ser utilizada, entre outros, em sopas, molhos ou temperos para carne e peixe. A aroeira pode ser útil para a confecção de geleias ou chocolate e tem, ainda, uma função medicinal: “É excelente para o tratamento de febres, ferimentos e reumatismos. O óleo essencial extraído do fruto tem acção antimicrobiana contra vários tipos de bactérias, fungos e vírus, além de atividade repelente”.

(…) Já as raízes da chicória-do-café podem ser fervidas e preparadas para substituir a manteiga convencional e, se torradas, podem ser utilizadas para chá ou café, constituindo uma fonte de minerais importantes para o ser humano. Já a bolsa-de-pastor também pode ser servida em saladas e tem um sabor semelhante ao agrião.”

10.06.2023