Foi no passado dia 10 de
junho, que nos encontrámos no Parque Recreativo do Calhau onde, na companhia do
biólogo Sérgio Godinho, iniciámos uma caminhada pelos trilhos do parque, em
busca das diversas espécies de plantas comestíveis aqui existentes.
Foi um saudável e
interessante contacto com a natureza do Parque de Monsanto, descobrindo, com a
ajuda do Sérgio, aspectos relacionados com as plantas que, para muitos de nós,
eram desconhecidos.
No final, num momento de
repouso sob a sombra acolhedora das árvores do parque, saboreámos uma infusão de
plantas locais, gentilmente oferecida pelo nosso anfitrião. Foi a cereja no
topo do bolo…
Como complemento da
informação recolhida na caminhada, juntamos alguns textos extraídos da dissertação
de mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos de Gisela da
Rosa Duarte, cujo título é precisamente: “Levantamento e caracterização das
plantas alimentícias não convencionais do Parque Florestal de Monsanto”.
“Aroeira,
dente-de-leão, chicória-do-café, serralha, cardo ou bolsa-de-pastor são algumas
das 33 plantas consumíveis não convencionais das 85 espécies identificadas. Estas
plantas não convencionais apresentam partes comestíveis como as flores, folhas,
raízes, frutos, tubérculos ou as partes aéreas e não possuem nenhuma
propriedade tóxica na sua composição química.
Esta flora, nativa ou
exótica, pode constituir-se uma alternativa à dieta alimentar. Por exemplo, o
dente-de-leão supera os valores nutricionais da alface no que diz respeito ao
cálcio, ferro, carboidratos, proteínas, Vitaminas A e C, fósforo e lípidos. Já
a serralha, rica em vitaminas A e B, em cálcio e fósforo, pode ser, também, um
importante diurético e anti-inflamatório. A planta é totalmente comestível e as
suas folhas podem ser utilizadas em saladas.
(…) Já o cardo, de
flores amarelas e da família do dente-de-leão, “contém grande quantidade de
vitaminas e carboidratos, que apresentam 3% da sua composição total, o nível de
gordura é de 0,1% e as proteínas de 0,7%”, com minerais como o potássio, o
magnésio ou o zinco à mistura. É uma planta espontânea, que nasce em qualquer
ambiente e é, à semelhança do dente-de-leão, totalmente comestível.
(…) A aroeira, de
cores rosa e vermelho, tem um sabor doce e pode ser utilizada, entre outros, em
sopas, molhos ou temperos para carne e peixe. A aroeira pode ser útil para a
confecção de geleias ou chocolate e tem, ainda, uma função medicinal: “É
excelente para o tratamento de febres, ferimentos e reumatismos. O óleo
essencial extraído do fruto tem acção antimicrobiana contra vários tipos de bactérias,
fungos e vírus, além de atividade repelente”.
(…) Já as raízes da chicória-do-café
podem ser fervidas e preparadas para substituir a manteiga convencional e, se
torradas, podem ser utilizadas para chá ou café, constituindo uma fonte de
minerais importantes para o ser humano. Já a bolsa-de-pastor também pode ser
servida em saladas e tem um sabor semelhante ao agrião.”
10.06.2023