quarta-feira, dezembro 20, 2023

Na Casa dos Açores o Atrium confrontou-se com os desafios da Inteligência Artificial (IA)

 

Foi uma sessão subordinada ao tema “A Inteligência artificial e o impacto no mercado de Trabalho: notas introdutórias”, efetuada no passado dia 9 de dezembro na Casa dos Açores, e animada pelo investigador Nuno Boavida, que nos apresentou o resultado das suas investigações sobre a IA, aplicada ao setor automóvel, e também uma análise mais abrangente das questões levantadas por esta tecnologia.

Como complemento desta interessante sessão, que nos alertou para os principais desafios da IA, transcrevemos em baixo algumas passagens de uma entrevista concedida ao jornal Público (em 17.12.2023) por Paolo Benanti, o frade franciscano conselheiro do Papa Francisco sobre tecnologia, e que faz parte do conselho de peritos em IA da Organização das Nações Unidas.

De túnica cinzenta com uma corda branca à cintura, este frade franciscano destaca-se dos restantes membros, reunidos pela primeira vez no começo de dezembro, em Nova Iorque, tendo ao seu lado políticos, governantes, académicos e representantes de grandes nomes da tecnologia, como a Microsoft, a Sony e a OpenAI.

Foram todos convocados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para a missão de pensar numa nova agência internacional para supervisionar os desenvolvimentos em IA, com o objectivo de reduzir os riscos e maximizar os benefícios da utilização da tecnologia.

Aqui ficam algumas das palavras de Paolo Benanti:

“… Temos de ser muito claros: este debate sobre IA não é uma questão nova: Na primeira vez que um membro da espécie humana agarrou num bastão, podia estar a pegar numa arma ou numa ferramenta. Isto há dezenas de milhares de anos…”.

“… Não há tecnologia que não possa ser usada como ferramenta. E não há ferramenta que não possa ser usada como arma. Por isso é que é muito mais importante perceber como é que os humanos olham para a inovação…”.

“… um chatbot ainda se engana e mente com facilidade…”.

“…. Agora que a tecnologia já não molda só o ferro, como aconteceu na primeira revolução tecnológica, vemos a tecnologia como o motor da cultura. Ao moldar a linguagem, a tecnologia torna-se na ferramenta de manipulação perfeita para a sociedade…”.

“…. Em 2023 o poder da tecnologia está com um pequeno grupo de empresas, e isso é algo que me preocupa. Não é bom ter uma sociedade dominada por uma mão-cheia de pontos de vista. Perceber a humanidade não é fácil. Há diferentes culturas, povos com diferentes sensibilidades. Se a IA não considerar diferentes culturas, vai esmagar a humanidade…”.

“…. É preciso questionar a tecnologia. É isso que se faz numa reflexão ética. É um processo cultural fundamental que tem de juntar a sociedade civil, com empresas, com organizações não-governamentais, com reguladores e universidades…”.

“…. Estamos num ponto de viragem para a tecnologia e para a humanidade. O futuro pode levar a um fosso maior entre diferentes povos. Com ricos mais ricos e pobres mais pobres. Ou podemos usar a tecnologia para melhorar a vida de diferentes pessoas em todo o mundo…”.

Mas qual o principal risco que a IA nos coloca?

A esta questão, que nos preocupa nos dias de hoje, deixamos a resposta do reputado neurocientista António Damásio:

“… O risco principal é o perigo das pessoas não compreenderem que a IA é de facto artificial e muito diferente daquilo que é a inteligência humana. A inteligência humana é um derivado da biológica…”.





1 Comments:

Blogger CelesteMC said...

SEM DÚVIDA“… O risco principal é o perigo das pessoas não compreenderem que a IA é de facto artificial e muito diferente daquilo que é a inteligência humana.

21/12/23 10:09  

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