No Teatro Aberto assistimos a uma “Tempestade Ainda”
Na noite do dia 19 de janeiro, o Atrium foi ao teatro, ali
para os lados da Praça de Espanha, ver a peça de Peter Handke “Tempestade
Ainda”.
Nela, o escritor regressa às suas raízes, na região da
Caríntia, na Áustria para nos narrar a história dos seus antepassados eslovenos
no tempo da Segunda Guerra Mundial. Na paisagem de montanhas, florestas e vales
da sua terra natal, os familiares do seu lado materno – o avô, a avó, a mãe, a
irmã e os três irmãos da mãe – vêm ao seu encontro e contam-lhe a opressão que
sofreram sob o domínio nazi, a proibição de falarem a sua língua, a obrigação
de partirem para a guerra com o uniforme alemão, a resistência dos partisans nas
montanhas.
Misturando recordações, factos e ficção, Peter Handke presta
homenagem aos seus antepassados e ilumina acontecimentos esquecidos pelos
livros de História. O título condensa a sua visão da História: o passado
continua no presente, há tempestade ainda, as vozes dos antepassados não se
calaram, e continuam em quem vem ao teatro para as escutar.
Nos tempos estranhos que estamos vivendo, com o deflagrar de
guerras de extrema violência, e com a banalização do uso da força para resolver
problemas, a peça ganha toda a actualidade, como um grito contra esse estado de
coisas.
Nascido em 1942 em Griffen, na Áustria, Peter Handke venceu
o Nobel da Literatura em 2019, sendo apresentado pela Academia Sueca como
"um dos mais influentes escritores da Europa depois da Segunda Guerra
Mundial".
Handke cresceu com a mãe, de minoria eslovena, e com o
padrasto, tendo conhecido o seu pai biológico - um militar alemão - só na idade
adulta.
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