quarta-feira, fevereiro 14, 2024

No Teatro Aberto assistimos a uma “Tempestade Ainda”

 

Na noite do dia 19 de janeiro, o Atrium foi ao teatro, ali para os lados da Praça de Espanha, ver a peça de Peter Handke “Tempestade Ainda”.

Nela, o escritor regressa às suas raízes, na região da Caríntia, na Áustria para nos narrar a história dos seus antepassados eslovenos no tempo da Segunda Guerra Mundial. Na paisagem de montanhas, florestas e vales da sua terra natal, os familiares do seu lado materno – o avô, a avó, a mãe, a irmã e os três irmãos da mãe – vêm ao seu encontro e contam-lhe a opressão que sofreram sob o domínio nazi, a proibição de falarem a sua língua, a obrigação de partirem para a guerra com o uniforme alemão, a resistência dos partisans nas montanhas.

Misturando recordações, factos e ficção, Peter Handke presta homenagem aos seus antepassados e ilumina acontecimentos esquecidos pelos livros de História. O título condensa a sua visão da História: o passado continua no presente, há tempestade ainda, as vozes dos antepassados não se calaram, e continuam em quem vem ao teatro para as escutar.

Nos tempos estranhos que estamos vivendo, com o deflagrar de guerras de extrema violência, e com a banalização do uso da força para resolver problemas, a peça ganha toda a actualidade, como um grito contra esse estado de coisas.

Nascido em 1942 em Griffen, na Áustria, Peter Handke venceu o Nobel da Literatura em 2019, sendo apresentado pela Academia Sueca como "um dos mais influentes escritores da Europa depois da Segunda Guerra Mundial".

Handke cresceu com a mãe, de minoria eslovena, e com o padrasto, tendo conhecido o seu pai biológico - um militar alemão - só na idade adulta.