Diários de Quarentena 12 - Um caso vivido pelo Jorge que nos convida à reflexão
Um caso vivido em tempo de
confinamento
A Fátima
chamou-me:
- Aquele
senhor, ali na rua, está a algum tempo a falar sozinho, a dizer que não sabe
onde está, que não vê ninguém, parece perdido.
Respondi:
- Vou lá ver
o que se passa.
Desci tão
rápido quanto pude. Encontrei-o. Era um cidadão com alguma dificuldade de
locomoção, na casa dos oitenta.
Abordei-o
perguntando se precisava de ajuda.
Proferiu
algumas palavras pouco articuladas que não consegui entender.
- O senhor é
daqui? Onde mora? - Insisti eu.
Respondeu
pausadamente:
- Desci de
casa… para ir ao centro… agora não sei onde estou…não encontro ninguém para
perguntar.
Procurei
acalmá-lo dizendo:
- Se quer ir
para o Centro Cívico é só atravessar esta rua. É do outro lado.
Tudo isto
enquanto tentava manter distanciamento físico. Noutras circunstâncias
ter-lhe-ia pegado no braço e atravessado com ele.
Haja Deus! O
inesperado também acontece. Vejo um carro da polícia. Mandei parar e
expliquei-lhes que aquele cidadão me parecia perturbado, possivelmente
necessitando de ajuda. De imediato dois polícias saem do carro e dirigem-se
para a ele.
Ainda olhei,
mas não fiquei para saber o final da história, tudo indica que feliz.
Regressei a casa a meditar nas pessoas que com algumas limitações,
tentando sair de casa poderão viver situações idênticas em sítios que lhes eram
familiares, agora estranhamente despidos da movimentação que os caracterizava.
A todos
desejo uma boa quarentena, se é que isso existe.
6 Comments:
A imaginação dos atriunistas continua em alta. Desta vez o Jorge além de uma reflexão oportuna brindou-nos com uma bonita gravura.
Saudações para toda a comunidade atriunista.
O que nos espera?.....
Boa gravura Jorge. Mas dizes que eram 2 policias e só vejo um. 😀😀. Abraço. Boa quarentena e vamos apoiando a vizinhança
O desenho já o tinha feito há algum tempo. Achei que ficava bem a ilustrar o tema. Não me atrevi a desenhar os agentes da autoridade :). Um abraço.
A história dá que pensar.
E o desenho… também
Beijinhos
Teresa Sousa
Dá mesmo que pensar Teresa. Faço votos que os nossos amanhãs não passem por aqui. Beijinhos.
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