segunda-feira, novembro 15, 2010

A luta das mulheres na procura da água em Moçambique

Foi uma audiência interessada e numerosa, presente nas instalações da Junta de Freguesia de Carnide, que assistiu à exibição do filme “A Guerra da Água” de Licínio Azevedo, à qual se seguiu um animado debate sobre a questão do acesso à água pelas populações rurais e, em particular, sobre a luta das mulheres na procura da água em Moçambique.
A sessão, realizada no passado dia 11 Novembro, foi patrocinada pelo Grupo Género e Água e teve a presença de Manuela Tavares dirigente da UMAR, de Paula Mendes especialista de recursos hídricos e de Helena Fulane representante da Associação das Mulheres Africanas na Diáspora.

O Grupo Género e Água, que tem como principal objectivo incorporar a perspectiva de género nas políticas e práticas de gestão da água nos países de língua oficial portuguesa e nos países ibero-americanos através do acesso equitativo de mulheres e homens à água potável, saneamento, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental, é formado pelas seguintes entidades: UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta); Diáspora das Mulheres Moçambicanas; CVRM-Centro de Geo-Sistemas/Instituto Superior Técnico; ICS (Instituto de Ciências Sociais); CENTROP (Centro de Estudos Tropicais para o Desenvolvimento).
Na troca de ideias que se seguiu à exibição do filme “A Guerra da Água”, que, apesar de ter sido realizado há mais de 10 anos, continua real representando o quotidiano de várias áreas rurais de Moçambique, ressaltou a gravidade da situação do acesso aos recursos hídricos pelas populações das zonas rurais dos países em desenvolvimento, com as trágicas consequências que ela acarreta (a utilização de água contaminada por dificuldades no acesso a água potável e por falta de formação sobre as implicações do seu uso leva a que, em cada ano, 5 milhões de crianças morram por doenças diarreicas. A água contaminada aliada a um saneamento deficiente mata 12 milhões de pessoas todos os anos – Fonte FNUAP. “População e mudanças ambientais”, 2001).
Levantou-se também a dúvida de englobar a questão do Género na análise do que se passa com as mulheres Moçambicanas, em vez de o considerar unicamente como um problema de desenvolvimento económico. A justificação foi a de que, havendo uma desigualdade do Género, a resolução do problema terá que, forçosamente, passar pela perspectiva de Género.
Vários outros aspectos foram abordados, tais como: a intervenção do GGA no planeamento do projecto de abastecimento de água e saneamento, previsto para Moçambique, os diferentes tipos de bomba e as tecnologias mais adequadas na obtenção da água, alguns exemplos de projectos noutros países Africanos, e a gestão dos recursos hídricos em Portugal.
Foi uma sessão muito participada, da qual todos saímos mais conscientes dos graves problemas que afectam ainda uma parte muito importante dos habitantes deste nosso planeta e que infelizmente são demasiado irrelevantes para merecerem a atenção dos ideólogos, políticos e instituições que hoje dirigem os destinos deste mundo global, e que decretam os contornos da crise oficialmente em vigor, que começou por ser a do subprime e que hoje evoluiu para a das dívidas soberanas.

Para uma informação mais desenvolvida sobre a temática da água em Moçambique, poderão consultar o seguinte endereço: http://sites.google.com/site/generoagua/