sexta-feira, novembro 24, 2017

No Palácio Nacional da Ajuda admirando as obras de Miró, que escaparam ao martelo dos leiloeiros da Christie’s




A polémica rebenta em Fevereiro de 2014, quando o Governo da PAF, pela mão do Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier (o mesmo que tarifou os jantares no Panteão Nacional em 3.000 euros…), acordava com a leiloeira Christie’s a venda destas obras de Joan Miró (1893-1983), que faziam parte do património do antigo BPN (o tal banco de Oliveira e Costa, do qual Cavaco e Silva e sua filha detiveram 250.000 acções…).
Uma providência cautelar, um movimento cívico de protesto e uma decisão posterior da Procuradoria-Geral da República impediram o leilão e as obras regressam a Portugal.
Após este refrescamento da memória (sempre útil), regressemos ao presente, mais precisamente ao dia 4 de Novembro de 2017, quando o Atrium se deslocou ao Palácio Nacional da Ajuda onde o resultado desta polémica está em exposição, depois de ter sido mostrado na Fundação Serralves, entre Outubro de 2016 e Junho de 2017, registando ali uma afluência recorde de mais de 240.000 visitantes.
Designada “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, a mostra compreende um período de seis décadas da carreira de Joan Miró, de 1924 a 1981, e as 85 obras expostas, pinturas, desenhos, esculturas, colagens e tapeçarias, constituem uma viagem pelo percurso do artista catalão.
De destacar as seis pinturas da famosa série sobre masonite (um tipo de aglomerado de madeira em que o pintor explorou a superfície rugosa) de 1936, seis sobreteixims (tapeçarias) de 1972 e 1973 e uma das extraordinárias telas queimadas, de uma série de cinco, criada para a grande retrospetiva de Miró no Grand Palais de Paris, em 1974.