Um sábado luminoso e bem preenchido com uma visita ao Seixal
Eram 10
horas do dia 26 de Outubro quando os visitantes começaram a chegar ao ponto de
encontro, na Praça 1º de Maio junto às antigas instalações da Mundet, que em
tempos foi a maior empresa do setor corticeiro de Portugal e, durante algum
tempo, do Mundo.
A manhã
soalheira presenteou-nos com uma magnífica vista sobre a baía natural do Seixal
e sobre o agradável Passeio Ribeirinho. À nossa espera estavam o amigo Pedro
Esteves, cujo apoio na organização desta nossa visita foi decisivo, e a amiga
Eva.
Depois de
uns momentos de descontração, que a paisagem a isso convidava, pusemo-nos a
caminho pelo Seixal velho, até ao primeiro núcleo do nosso périplo, a
Tipografia Popular onde fomos recebidos pelo Sr. Palaio, antigo tipógrafo da
Popular, que nos guiou numa riquíssima viagem pela história da tipografia
através dos tempos, exemplificando ao vivo o funcionamento das antigas técnicas
e saberes, ligados às artes gráficas e à impressão tipográfica.
Neste
espaço, cujo espólio técnico-industrial, de composição e de impressão, foi
doado à autarquia, são reutilizadas máquinas que hoje se encontram praticamente
excluídas da indústria tipográfica, mas que adquiriram valor patrimonial, entre
as quais destacamos uma réplica da prensa de Guttenberg que mostra como se imprimia
nos primórdios da tipografia, nos meados do séc. XV.
Foi cerca de
uma hora e meia bem enriquecedora, preenchida pela simpatia e pela cultura do
Sr. Palaio.
Ainda antes
do almoço, impunha-se uma caminhada para desentorpecer as pernas e abrir o apetite,
e lá fomos até ao Alto D’Ana onde se localiza o Parque Urbano do Seixal, um
espaço de lazer que é um miradouro natural, com uma vista espectacular sobre a
baía do Seixal, podendo-se avistar do seu ponto mais alto, Lisboa, a Ponta dos
Corvos (uma longa restinga que começa no Alfeite) e a velha povoação do Seixal,
além dos inícios do Barreiro.
Inaugurado em Abril de 2019, na zona da mata
da antiga fábrica da Mundet, dispõe de um anfiteatro natural, percursos
pedestres, miradouros, zonas de descanso e lazer, áreas recuperadas de pomar,
olival, bosque de sobreiros e carvalhos, e pontos de observação da fauna e da
flora.
Bem arejados e com os estômagos ansiosos, descemos
até ao Mundet Factory, o simpático restaurante situado nas instalações do antigo
refeitório da corticeira, com uma situação privilegiada e uma decoração
interessante que mantém o ar industrial, que de certa maneira recorda que era neste
local e nestas mesas, que os trabalhadores tomavam as suas refeições.
A ementa
variada e a qualidade das iguarias, propiciaram um agradável e animado repasto
que nos retemperou as forças para a segunda parte da visita.
Uma
agradável caminhada pelo Passeio Ribeirinho, levou-nos até ao nosso próximo
objectivo, o Núcleo Naval do Ecomuseu instalado num antigo estaleiro naval da
freguesia de Arrentela, que ali funcionou até ao final da década de 70 do
século XX. Aqui pudemos apreciar uma oficina de construção artesanal de modelos
de barcos do Tejo e um pavilhão de exposições. Na oficina um artífice ocupava-se
com a construção de um modelo, executados à escala enquanto no pavilhão de
exposições estava patente a exposição de barcos “Memórias do Tejo”, onde pudemos
ver as imagens da construção naval, nos antigos estaleiros do Rio Judeu, à
beira do Tejo, além de vários modelos de embarcações tradicionais.
O último
ponto da visita foi alcançado após uma deslocação por automóvel, que nos levou
até ao Moinho de Maré de Corroios, onde nos esperava o actual Moleiro, o Sr.
Meias, que nos proporcionou uma interessante viagem pela história deste moinho
e da actividade moageira no estuário do Tejo.
Como
curiosidade refira-se que este moinho foi edificado em 1403 por iniciativa do
Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, sendo mais tarde doado ao Convento do
Carmo, ordem religiosa de que ele era mestre. No início do século XVIII foi
ampliado, e reconstruído após o terramoto de 1755 em virtude dos danos sofridos.
Hoje em dia mantém-se em condições de funcionamento, tendo sido adquirido pela
Autarquia em 1980 e aberto ao público em 1986, como núcleo do Ecomuseu
Municipal do Seixal.
Foi classificado
como Imóvel de Interesse Público, tendo patente a exposição “600 anos de Moagem
no Moinho de Maré de Corroios”, que pudemos apreciar, guiados pelo Sr. Meias.
O nosso
périplo tinha chegado ao fim, e no regresso a Lisboa acompanhou-nos a sensação
de um dia luminoso e bem preenchido, para o qual contribuiu o apoio do amigo
Pedro Esteves.
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