Numa interessante sessão com Viriato Soromenho-Marques, questionámo-nos sobre o futuro da Europa
Foi no
passado dia 8 de Maio, numa sala da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, que tivemos o privilégio de assistir a uma sessão onde Viriato Soromenho-Marques
dissertou sobre os graves desafios que a União Europeia enfrenta, nos dias de
hoje.
Pelo seu
interesse e actualidade, a seguir reproduzimos o extrato de um seu artigo,
publicado no Jornal de Letras, no dia 22 de Maio de 2019.
“A UNIÃO EUROPEIA
NECESSITA DE UMA CURA DE VERDADE
O que se
passa hoje na Europa de 2019, poderia caber bem nas palavras escritas por
Ortega y Gasset em 1953, quando a mesquinhez provinciana já se impunha sobre a
ambição da integração europeia, apesar do entusiasmo sereno de Jean Monnet: “As
nações recolheram-se em casa e calçaram os seus chinelos.” Os governos liberais
e as instituições europeias fazem campanhas institucionais contra a abstenção.
Contudo, o importante seria compreender por que ficam os eleitores em casa,
isto é, por que já não entusiasma hoje o ideal europeu. A resposta honesta a
essa pergunta ajudaria a perceber como chegámos à tragédia de um Parlamento
Europeu – a única instituição que reflete o projecto de uma europa cidadã,
republicana e federal – em que os únicos eleitores que parecem estar
mobilizados são aqueles que pretendem transformar o Parlamento num pandemónio
para fomentar a fragmentação, conduzindo a Europa a uma definitiva
irrelevância.
Os
“europeístas” que consideram ser o medo causado pela expectativa da rutura do
euro a cola suficiente para manter os cidadãos, mesmo insatisfeitos, dentro da
ortodoxia neoliberal que capturou o projecto europeu, deveriam estar mais
atentos tanto à nossa história comum, como à condição humana. Para não cair no
abismo, a Europa e os europeus precisarão de ter a coragem de olhar, com
verdade, para si mesmos. É uma experiência que dói. Mas é a única que ainda nos
pode salvar.”.
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