O Ano em que nasci – Parte VIII (1953 e 1955)
Prosseguimos hoje com a divulgação da Parte VIII das colaborações dos atriunistas no âmbito da actividade O Ano em que nasci.
Seguindo a publicação de acordo com a ordem cronológica dos nascimentos dos intervenientes, dos anos mais antigos para os anos mais recentes, hoje apresentamos as participações da Teresa Sousa (ano de 1953) e da Luísa Falcão (ano de 1955).
Março de 2021
Teresa Sousa
Nasci no ano de 1955.
Depois da Segunda Guerra Mundial e de todos os estragos que esta provocou, vêm os bons anos 50, conhecidos por “Os anos dourados”.
Os meus pais, como muitos milhares de portugueses, tinham vindo da sua aldeia Monforte da Beira para a capital, sendo o meu pai funcionário da Alfândega de Lisboa. Vivíamos então no bairro da Graça e o meu nascimento aconteceu em casa com a ajuda de parteira encartada. Nasci gordinha e saudável. O meu irmão tinha nascido exatamente um ano atrás.
Os anos 50, em Portugal e no mundo ocidental, como já anteriormente foi referido,
caracterizam-se por prosperidade económica, industrialização crescente, aumento
demográfico e do conforto, era espacial e atómica. Também pelo surgimento e desenvolvimento
da televisão e do cinema e de importantes descobertas científicas como o ADN
(acido desoxirribonucleico).
Caracterizam-nos também o desenvolvimento tecnológico, da arte, da arquitetura
e do design – na Europa, destaca-se a enorme influência do estilo modernista da
Bauhaus. E outras formas de expressão tomam grande importância – destaco a
música, e em particular a Bossa Nova que surge no Brasil, um misto de samba e
jazz, e de que o marco inicial é a música “Chega de saudade” da dupla imbatível
Tom Jobim e Vinícius de Morais.
É também época de grandes mudanças nas perspetivas educativas e da saúde
mental – destaco Henri Wallon (1879-1962) que coloca a afetividade no centro do
desenvolvimento e Anna Freud (1895-1982) que contribui para a compreensão dos
mecanismos psíquicos e recordo, também, Carl Jung (1875-1961), psiquiatra que
valorizo porque introduz uma atitude humanista face aos doentes e uma
perspetiva holística do ser humano.
Dos acontecimentos ocorridos exatamente no ano de 1955 de que tive
conhecimento, saliento pela sua importância e impacto que tiveram:
Ao nível da história política:
A adesão da Alemanha Ocidental à NATO, uma aliança militar
intergovernamental que visa estabelecer um sistema de defesa colectiva.
A assinatura por parte de diversos países socialistas do Leste Europeu,
liderados pela União Soviética, do acordo que cria o Pacto de Varsóvia, uma
organização militar que estabelece um compromisso de ajuda mútua em caso de
agressão militar.
E o facto de, em 31 de maio, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinar
aos Estados o fim da segregação racial.
Ao nível tecnológico, destaco o primeiro rádio portátil transistorizado
produzido em massa pela Sony; ao nível do conhecimento científico, a introdução
para o público da primeira vacina da poliomielite e a primeira cirurgia de
coração aberto que aconteceu nos EUA.
Ao nível do cinema, estreia o filme “Rebelde sem causa” de Nicholas Ray
com James Dean que se torna o símbolo da rebeldia dos anos 50 e que morre nesse
mesmo ano. Estreia também o filme de animação da Walt Disney “A dama e o
vagabundo”. E estreiam filmes de muitos realizadores tornados clássicos, como,
Fellini, Antonioni, Elia Kazan, Bunuel, Kurosawa, Kubrick, Orson Welles, Ingmar
Bergman e Hitchcock. E muitos outros. É a idade de ouro do cinema.
Ao nível da literatura foi publicado o romance “Lolita” escrito por Vladimir
Nabokov. O romance trata um tema controverso: o envolvimento sexual de um professor
universitário de Literatura de meia-idade com uma miúda de 12 anos. O romance
foi originalmente escrito em inglês e primeiro publicado em Paris em 15 de
setembro de 1955. Mais tarde foi traduzido para russo pelo próprio Nabokov.
Em Portugal, é editado o livro de Miguel Torga “Traço de União” e o Prémio
Nobel da Literatura foi nesse ano atribuído a um islandês, Halldor Laxness.
Por fim, e como curiosidades, outras figuras nossas conhecidas nasceram
nesse ano.
Destaco algumas: Mia Couto, escritor moçambicano, Miguel Esteves Cardoso,
jornalista e escritor, Bill Gates e Steve Jobs, fundadores respetivamente da
Microsoft e da Apple. Também Sarkozy e Bolsonaro. Faleceram nesse ano, figuras
de relevo como Albert Einstein (n. 1879), Luís de Freitas Branco (n. 1890) e
James Dean, o jovem rebelde do cinema americano, com apenas 24 anos.
Março de 2021
Luísa Falcão
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