No Teatro da Barraca o Atrium assistiu a um desafiante elogio da loucura
Foi no passado dia 21 de outubro que fomos até ao Teatro da Barraca para assistir à peça Elogio da Loucura, um espectáculo com encenação de Hélder Mateus Costa e Maria do Céu Guerra, a partir de Erasmo de Roterdão.
Publicado pela primeira vez em
1511, "Elogio da loucura" é considerado, na história do pensamento
europeu, uma das obras mais influentes da civilização ocidental e um impulso
para a reforma protestante ocorrida na Europa, no século XVI.
Pelo seu
interesse, transcrevemos um texto do encenador Hélder Mateus Costa, sobre a
peça.
“Erasmo
era cristão, mas sabia ver as falhas que existiam no fanatismo religioso, na
opressão da igreja católica e o seu mundo de corrupção de que foi um ponto alto
e inconcebível a invenção das Indulgências! Uns papéis que eram vendidos para
absolver dos pecados quando chegasse o Juízo Final! Ele denunciou essa prática,
que depois Lutero imitou e deu origem à cisão Protestante.
Claro que
este teólogo e pensador criticava também muitos comportamentos e pensamentos da
sociedade, não só do seu tempo, mas de abrangência Universal e atemporal. E
como verdadeiro homem do Renascimento, construiu um humanismo de raiz cristã,
unindo a sabedoria da Antiguidade com a ética do Cristianismo, que combatia a
hipocrisia de cristãos que cometiam erros e diziam que a culpa era do Diabo!
Este novo
homem do Renascimento tinha confiança em si próprio, conquistada com uma luta
que o transformou no grande instrumento da sua época, livre de ter como único
socorro a graça divina. Fugia do medo e do pessimismo e olhava o futuro com
optimismo, confiando na sua acção, no seu livre-arbítrio. E como não era
fanático, compreendeu sempre que um ateu é preferível a um falso cristão, como já
disse o Papa Francisco.
Foi o
"homem Europeu", cidadão do mundo que espalhou a sua mensagem pela
Flandres, onde nasceu, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Suíça, onde
terminou os seus dias também fugindo à Inquisição.
Entre as
muitas amizades que criou é de realçar Thomas More, autor de "Utopia"
e a quem ele dedicou a obra-prima " O Elogio da Loucura", cuja
agudeza satírica e coragem continuam a ser um bálsamo para os nossos tempos.
Talvez
fosse de começarmos a pensar num Neo-Renascimento.”
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