terça-feira, dezembro 13, 2022

A Censura e a defesa do Respeitinho na exposição “Proibido por Inconveniente”

No antigo edifício do Diário de Notícias, guiados pelo José Pacheco Pereira, visitámos a exposição “Proibido por Inconveniente” no dia 21 de abril à tardinha.
A exposição realizada a partir de documentos do espólio do ARQUIVO EPHEMERA, mostra exemplos das várias censuras do Estado Novo, eficaz arma do regime da ditadura. Segundo Pacheco Pereira, a exposição tem também uma intenção pedagógica que é a de “mostrar o que é a Liberdade, pela sua negação”.
Pelo seu interesse, transcrevemos abaixo, parte do texto da autoria de JPP, incluído na documentação de apoio à exposição.

“A CENSURA E A DEFESA DO RESPEITINHO

“Só existe aquilo que o público sabe que existe” (Salazar)

O grande feito da Censura, existente durante 48 anos, foi deixar como herança, até aos nossos dias, uma nostalgia de um Portugal onde todos se entendiam, onde havia “consenso”, onde todos trabalhavam pelo “bem comum”, sem corrupção que não fosse o roubo do pão pelos necessitados, onde havia “respeito” e boa educação. Ou seja, uma nostalgia perversa do Portugal da ditadura.

(…)

Neste sentido, a Censura foi talvez a mais eficaz arma do regime da ditadura, cujos efeitos ainda hoje estão submersos no nosso quotidiano. Muito mais do que a subversão do “político” o que a Censura protegia era o poder, todas as hierarquias que dele emanavam, exigindo mais do que respeito, “respeitinho”. Em 48 anos, em que não houve um único dia sem censura, foi este o seu legado.

A exposição sobre a Censura que o ARQUIVO EPHEMERA realiza em conjunto com a CM de Lisboa, à volta da data do 25 de Abril de 2022, tem por isso uma intenção a que podemos chamar pedagógica, mostrar o que é a Liberdade, pela sua negação.”