2021 Odisseia nas Férias (Crónica Quinta... e última)
E chegamos hoje ao fim da iniciativa "2021 - Odisseia nas Férias", com a publicação da última crónica, da autoria do Zé Carlos.
No total foram cinco as
participações (número que ficou aquém das expectativas) que foram publicadas no
nosso blogue, para memória futura.
2021 Odisseia nas
férias
O que parecia tão simples, não é que se está a tornar bem complicado? Primeiro, para um aposentado (termo algo sofisticado para um simples reformado da função pública, mas os senhores juízes, esses ainda são mais requintados, quando arrumam a toga são jubilados …) o que significam “férias”? Não há horários a cumprir, livros de ponto para assinar, chefes incompetentes para aturar, reuniões chatas para dormitar, objectivos para atingir…
Na realidade elas
estendem-se pelo ano inteiro, embora haja quem as não saiba programar (e
aproveitar) e há mesmo quem se atrapalhe quando não tem nada para fazer (aqui
recordo o saudoso Agostinho da Silva ao sentenciar que a nossa sociedade só nos
educa para fazer coisas e nunca se preocupa em nos ensinar a não fazer nada…).
Depois há a exigência
rigorosa de uma página de A4… nem mais uma linha nem menos uma linha! Ditadores…
E como se tudo isto não
bastasse, escrever uma “Odisseia”!?
Ora segundo o dicionário
uma “Odisseia” é: “uma longa viagem caracterizada por aventuras
extraordinárias, eventos imprevistos e feitos singulares”. Então pensei cá
para mim: “Estás arrumado; para a próxima pensa um pouco melhor antes de propores
uma actividade…”.
Mas como não sou de
desistir à primeira, vou tentar embarcar na viagem, fazendo coincidir os
limites das ditas “férias” com as férias do Atrium, isto é, de 1 de julho a 30
de setembro, e desenvolvendo cada um dos pontos da definição acima transcrita.
Comecemos pela longa
viagem: Ora a viagem foi mesmo um pouco longa, foram 1.690 quilómetros de
Lisboa até à Horta e um total de 19 dias, e foi uma viagem marcante, pois os
Açores são o meu destino de férias favorito, pelos bons e velhos amigos que por
lá vivem e pela beleza daquelas ilhas. Mas esta foi também uma viagem
singular, porque foi a primeira viagem depois dos terríveis confinamentos,
causados pelo estúpido vírus que nos atacou, o que implicou zaragatoas à
partida de Lisboa, zaragatoas à chegada ao Faial, muito gel nas mãos e os
antipáticos e antissociais distanciamentos! Pandemia a quanto obrigas…
Ah! Mas foi uma aventura
extraordinária pois foi a primeira grande viagem que contou com a companhia
do mais novo elemento da família, o meu neto André! Incansável o rapaz não se
poupou aos banhos naquelas convidativas piscinas naturais e às passeatas pelos
trilhos perdidos da ilha do Pico, na companhia dos seus progenitores e das
simpáticas vaquinhas (aquelas que o Cavaco descrevia como indo sorridentes pela
manhã a caminho das pastagens…). Foram de facto uns dias extraordinários a que
não faltaram os indispensáveis gins tónicos no Peter’s.
Um outro feito
extraordinário, porque significou uma vitória sobre a pandemia, foi o
retomar das actividades do “Grupo do King”, que voltou à prática semanal
daquele jogo de sociedade, reavivando as saudáveis (nem sempre…) rivalidades
entre os/as participantes.
O imprevisto
também aconteceu neste período, infelizmente bem triste. Foi o falecimento de
duas figuras ligadas à história recente de Portugal. No dia 25 de julho
deixou-nos Otelo Saraiva de Carvalho, o comandante operacional da revolta militar
que no dia 25 de Abril de 1974 derrubou a ditadura, que durante 48 anos oprimiu
o nosso povo. E um mês e meio depois, em 10 de setembro, morre Jorge Sampaio
que exerceu o cargo de PR entre os anos de 1996 e 2006 e pelo qual tenho uma
profunda admiração pela sua coerência na luta pela liberdade, desde os tempos
das crises estudantis dos anos 60 do século passado, até aos tempos mais
recentes, como Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações,
num importante papel de apoio aos estudantes refugiados da Síria e do
Afeganistão.
E pronto! Cheguei ao fim
da minha Odisseia que espero ter contribuído para retardar um pouco o
envelhecimento dos meus neurónios (como era recomendado…), e ter permitido, de
algum modo, uns minutos de leitura minimamente agradável para quem tenha tido a
paciência de chegar ao fim deste A4 (nem mais 1 linha, nem menos 1 linha)!
3 Comments:
Gostei muito deste último episódio da "Odisseia nas férias". Feito com "rasgo".
Não gostei nada que este interessante iniciativa tivesse tão pouca participação . Será que os atrionistas andavam muito ocupados na campanha eleitoral ???? Será que tem sentido procurar dinamizar o nosso Atrium com iniciativas destas ??????? Fico na dúvida......
albano
Também, gostei muito desta última crónica. Nunca deixes de escrever que escreves muito bem.
Parabéns!
Brincando um pouco: desejo que continues com PAPI, ou seja, com "poderosas aventuras próprias da idade" e que continues a desafiar os outros para o mesmo. Uns irão alinhar numas coisas e outros noutras.
Saudações atriunistas
Lena
Finalmente uma ODISSEIA de férias que o pessoal está habituado !!!!
Viajar com a família, ler, beber uns copos e muito mais...
A leitura foi muito agradável e gosto de TE ler. Também gostava de escrever assim.
A participação foi parca, mas a qualidade é EXCELENTÍSSIMA.
PARABÉNS PELA INICIATIVA
celeste
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