terça-feira, abril 23, 2024

Um mergulho na obra de João Abel Manta, um artista da revolução

 

A visita guiada ao Palácio Anjos, no passado dia 17 de abril, onde está patente a exposição “João Abel Manta livre” foi o reencontro com a obra de um artista, conhecido sobretudo como o mais alto criador da arte gráfica ligada à luta contra a ditadura e à revolução do 25 de abril.

Mas para além dos cartoons e cartazes revolucionários de João Abel Manta (JAM), nesta exposição é mostrada também a grande diversidade da obra do artista. Assim, pudemos apreciar os cartazes de filmes e colóquios, os painéis de azulejos, as tapeçarias, os selos, as colagens, os figurinos e cenários de teatro, as ilustrações de livros, os muitos desenhos feitos por simples prazer, e as pinturas quase desconhecidas.

Peças nunca antes expostas, originárias da casa do artista e da coleção particular dos herdeiros de Vasco Gonçalves, podem ser aqui apreciadas.

Uma referência especial às caricaturas de Salazar, onde JAM analisou e fixou a fisionomia do ditador ao longo do tempo, constituindo um retrato satírico do seu envelhecimento.

Nascido em Lisboa em 1928, foi resistente ao regime de Salazar, foi arquitecto premiado, desenhador, artista gráfico, ilustrador, cartoonista e o autor de algumas das mais emblemáticas imagens da revolução portuguesa de 1974-75.

Recorde-se que JAM foi preso pela PIDE em fevereiro de 1948, aos 20 anos, no Forte de Caxias, por suposta pertença ao MUD Juvenil, e aqui, no Palácio Anjos, é mostrada pela primeira vez, uma selecção dos desenhos que ali produziu.

Das suas obras de maior impacto, fora do cartoon, destacaremos a famosa a tapeçaria do Salão Nobre da Fundação Gulbenkian e o mural de azulejos da Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

João Abel Manta, atualmente com 96 anos, está impossibilitando de sair de casa por razões de saúde, mas acompanhou todo o processo de organização da sua coleção de obras, então espalhadas pela casa da família, levado a cabo pela sua neta, Mariana Manta Aires, e ficou entusiasmado com a ideia de ver a sua obra exposta. "Ele está muito orgulhoso e muito contente que finalmente se fizesse uma exposição que abrangesse todo o tipo de trabalho. Ele não fez só cartoon, ele não fez só pintura. Fez tantas outras coisas que faltava serem mostradas. E ficou tão satisfeito, tão feliz. Há quase vinte anos que sente que a obra dele foi esquecida", confidenciou Mariana aos jornalistas durante uma visita à exposição.

A exposição conta com curadoria de Pedro Piedade Marques, design gráfico e expositivo de Jorge Silva e colaboração de uma das netas do artista, Mariana Manta Aires.

Foi uma excelente e enriquecedora tarde, que se iniciou com um café e um animado convívio, na esplanada vizinha do Palácio Anjos.
















1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

❤️

23/4/24 16:41  

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