quinta-feira, maio 09, 2024

Uma sessão no IST, mostrou-nos o caminho para a descarbonização do setor elétrico em Portugal

A sessão com o Prof. Dr. Rui Castro, (professor catedrático na área de Sistemas de Energia no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do Instituto Superior Técnico e membro do INESC-ID),  constituiu uma interessante abordagem do actual contexto energético português, que se traduz por uma forte aposta na promoção da melhoria da eficiência energética e no aproveitamento das fontes de energia renováveis - em particular a eólica, a fotovoltaica e a mini-hídrica - na produção eléctrica.

Esta temática das energias renováveis na produção eléctrica, foi apresentada pelo Dr. Rui Castro de uma forma clara e entendível mesmo para os menos conhecedores, tornando a sessão bastante enriquecedora.

As fontes de energia, que abasteceram o nosso planeta num passado recente, estão a sofrer uma profunda transformação. As alterações climáticas afiguram-se cada vez mais impactantes, pelo que a aposta no processo de transição energética não é uma opção, mas sim uma obrigação, a bem da sustentabilidade do planeta.

Assim, as fontes renováveis de produção de energia deverão ser a principal aposta para que os objetivos de sustentabilidade possam ser cumpridos. Os consideráveis avanços observados fizeram com que as energias renováveis se tornassem viáveis do ponto de vista tecnológico, economicamente atrativas e capazes de satisfazer as necessidades energéticas a uma escala assinalável.

O recente conflito bélico com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa amplificou a já existente crise do gás natural, colocando uma enorme pressão no preço desta fonte energética. Este inesperado conflito promoveu uma mudança de paradigma no que à segurança de abastecimento diz respeito. A enorme dependência europeia do gás natural russo alertou os decisores políticos europeus para a importância dos recursos energéticos endógenos, onde as energias renováveis se enquadram na sua plenitude.

Perante esta nova realidade, os governos europeus lançaram planos para acelerar a descarbonização, alavancando o processo de transição energética. Devido à variabilidade do consumo (ao longo do dia e ao longo do ano), o sistema elétrico sempre precisou de determinado grau de flexibilidade, por forma a assegurar o equilíbrio geração/carga. Na sua perspetiva tradicional, a flexibilidade provém, essencialmente, da geração com centrais térmicas ou hidroelétricas (onde se inclui a bombagem), às quais se juntam as interligações.

Porém, a integração massiva de geração renovável variável introduz novos desafios ao sector elétrico. Manter o equilíbrio entre a geração e o consumo, sem colocar em causa a integridade do sistema elétrico, torna a segurança operacional mais desafiante. A não controlabilidade do recurso primário (como o vento e o sol), obriga a incrementar a flexibilidade do sistema elétrico através de outros mecanismos, como é o caso da gestão do consumo, que passará a ter um papel mais ativo na segurança do sistema. A descentralização e digitalização terão um papel cada vez mais importante nos sistemas de energia, viabilizando a operacionalização das comunidades energéticas.

Recorde-se que a descarbonização assume um papel central no Portugal 2030, com o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2050. Este compromisso visa combater as mudanças climáticas, garantir um futuro sustentável e impulsionar a competitividade da economia portuguesa. As metas apresentadas por Portugal são ambiciosas e envolvem:

- Redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE): O país pretende reduzir as emissões em 55% até 2030 e atingir a neutralidade total até 2050, em comparação com os níveis de 1990.

- Aumento da quota de energia renovável: O objetivo é aumentar a quota de energia renovável em 45% do consumo final de energia até 2030 e 80% até 2050.

- Promoção da descarbonização em vários setores: Isso inclui os setores energético, industrial, de transportes, agricultura e edifícios.

Para atingir essas metas, Portugal está focado em várias áreas de ação:

- Transição energética: Investimento em energias renováveis, como a solar e a eólica, e modernização da rede elétrica.

- Eficiência energética: Promoção da eficiência energética nos setores público, privado e residencial.

- Mobilidade sustentável: Incentivo ao uso de meios de transporte ecológicos, como transporte público, bicicletas e mobilidade elétrica.

 -Florestas: Proteção e valorização das florestas, que são importantes sumidouros de carbono.

- Inovação e tecnologia: Investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área da descarbonização.

O Portugal 2030 mobiliza um total de 23 mil milhões de euros, com 13,9 mil milhões de euros provenientes dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. Esses fundos serão utilizados para financiar projetos que contribuam para a descarbonização da economia portuguesa.

No final, a proximidade do Café Império permitiu um momento de convívio descontraído, no qual não faltou a degustação do belo bife “à Império”.






3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto de vos ver no bifinho! Concordo que a floresta é muito importante mas destruí-la para colocar painéis solares como vi na lousã arrepia-me. A mobilidade elétrica é muito interessante mas o peso dos carros mais os minerais das baterias que depois são irrecicláveis faz- me impressão . Força bloguistas

9/5/24 18:08  
Anonymous Anónimo said...

Equipa incrível!
Obrigada
Grande abraço
Luísa Falcão

10/5/24 09:30  
Blogger Jorge said...

Parabéns pelo texto sobre um tema que devia interessar a todos.

10/5/24 11:52  

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