segunda-feira, fevereiro 17, 2014

O Atrium no MNAA viajando pela Paisagem Nórdica do Museu do Prado


Nos passados dias 14 e 15 de Fevereiro, fomos até ao Museu Nacional de Arte Antiga, para apreciar, em visitas guiadas, as 57 pinturas dos grandes mestres da paisagem do século XVII, que compõem a exposição “RUBENS, BRUEGHEL, LORRAIN. A PAISAGEM NÓRDICA DO MUSEU DO PRADO”.
Esta mostra resulta de um convénio assinado entre o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu do Prado, que tem como objectivo a realização de projectos conjuntos que promovam o conhecimento de ambas as colecções.

Na segunda metade do século XVI, começa a observar-se uma mudança nas temáticas usadas pelos artistas do norte da Europa, sobretudo dos Países Baixos, que os italianos designavam na época por “nórdicos”. Ao longo do século XVII, pintores e coleccionadores afastam-se dos motivos heróicos, característicos da pintura histórica, acercando-se de temas mais quotidianos, que passam a considerar dignos de serem representados. Entre esses temas, encontra-se a paisagem, que acaba por tornar-se num género pictórico independente.
Como refere Posada Kubissa, a comissária e conservadora do departamento de pintura flamenga Museu do Prado: “Desde o século XV que os pintores do Norte se interessavam pela representação rigorosa da natureza, o que era, aliás, um factor de inovação em relação à pintura do Sul. As primeiras paisagens estão relacionadas com as estações do ano e com os meses nos livros de horas.
As paisagens nórdicas foram sempre, desde os flamengos do século XV até aos holandeses do século XVII, tão idealizadas como idealizadas eram as figuras dos temas históricos pintados pelos italianos. No Sul, a paisagem serve apenas de fundo à cena que se representa, que por regra é histórica ou de inspiração mitológica ou religiosa.
No Norte é de ambiente que se trata. A paisagem torna-se tão importante como as figuras que nela aparecem, tão importante como o tema – é uma personagem em si mesma. E é esta atitude que abre as portas à paisagem moderna”.
E acrescenta a comissária: “A paisagem que se pode ver até 30 de Março, nas galerias do MNAA, está longe de rejeitar a presença humana. Aqui raramente estamos perante paisagens desertas. A paisagem é usada para veicular ideias, conceitos, para ajudar a compreender e a escrever a História. Por vezes uma cena, como a da Boda Campestre [Jan Brueghel, o Velho, c. 1621-1623], é organizada para representar as várias classes responsáveis pela construção de uma nova ordem social, proposta pela Contra-Reforma. O casamento dos camponeses tem uma dança de roda popular, mas também tem um cortejo que sai da igreja como se fosse um desfile nupcial de nobres.”

Esta exposição encontra-se dividida em nove núcleos, correspondentes às diversas tipologias da paisagem, surgidas na Flandres e na Holanda: “A Montanha: encruzilhada de caminhos”, “O Bosque como Cenário: a vida no bosque, o bosque bíblico e a floresta encantada, encontro de viajantes”, “Rubens e a Paisagem”, “A Vida no Campo”, “No Jardim do Palácio”, “Paisagem de Gelo e de Neve”, “Paisagem de Água: marinhas, praias, portos e rios”, “Paisagens Exóticas, Terras Longínquas” e, ainda, “Em Itália Pintam a Luz”.