O Atrium no MNAA viajando pela Paisagem Nórdica do Museu do Prado
Nos passados dias
14 e 15 de Fevereiro, fomos até ao Museu Nacional de Arte Antiga, para
apreciar, em visitas guiadas, as 57 pinturas dos grandes mestres da paisagem do
século XVII, que compõem a exposição “RUBENS, BRUEGHEL, LORRAIN. A PAISAGEM
NÓRDICA DO MUSEU DO PRADO”.
Esta mostra resulta de um convénio
assinado entre o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu do Prado, que tem como
objectivo a realização de projectos conjuntos que promovam o conhecimento de
ambas as colecções.
Na segunda metade do século XVI, começa
a observar-se uma mudança nas temáticas usadas pelos artistas do norte da
Europa, sobretudo dos Países Baixos, que os italianos designavam na época por
“nórdicos”. Ao longo do século XVII, pintores e coleccionadores afastam-se dos
motivos heróicos, característicos da pintura histórica, acercando-se de temas
mais quotidianos, que passam a considerar dignos de serem representados. Entre
esses temas, encontra-se a paisagem, que acaba por tornar-se num género
pictórico independente.
Como refere Posada Kubissa, a comissária e conservadora do departamento de pintura flamenga
Museu do Prado: “Desde o século XV que os pintores do Norte se
interessavam pela representação rigorosa da natureza, o que era, aliás, um
factor de inovação em relação à pintura do Sul. As primeiras paisagens estão
relacionadas com as estações do ano e com os meses nos livros de horas.As paisagens nórdicas foram sempre, desde os flamengos do século XV até aos holandeses do século XVII, tão idealizadas como idealizadas eram as figuras dos temas históricos pintados pelos italianos. No Sul, a paisagem serve apenas de fundo à cena que se representa, que por regra é histórica ou de inspiração mitológica ou religiosa.
No Norte é de ambiente que se trata. A paisagem torna-se tão importante como as figuras que nela aparecem, tão importante como o tema – é uma personagem em si mesma. E é esta atitude que abre as portas à paisagem moderna”.
E acrescenta a comissária: “A paisagem que se pode ver até 30 de Março, nas galerias do MNAA, está longe de rejeitar a presença humana. Aqui raramente estamos perante paisagens desertas. A paisagem é usada para veicular ideias, conceitos, para ajudar a compreender e a escrever a História. Por vezes uma cena, como a da Boda Campestre [Jan Brueghel, o Velho, c. 1621-1623], é organizada para representar as várias classes responsáveis pela construção de uma nova ordem social, proposta pela Contra-Reforma. O casamento dos camponeses tem uma dança de roda popular, mas também tem um cortejo que sai da igreja como se fosse um desfile nupcial de nobres.”
Esta exposição encontra-se dividida em
nove núcleos, correspondentes às diversas tipologias da paisagem, surgidas na
Flandres e na Holanda: “A Montanha: encruzilhada de caminhos”, “O Bosque como
Cenário: a vida no bosque, o bosque bíblico e a floresta encantada, encontro de
viajantes”, “Rubens e a Paisagem”, “A Vida no Campo”, “No Jardim do Palácio”,
“Paisagem de Gelo e de Neve”, “Paisagem de Água: marinhas, praias, portos e
rios”, “Paisagens Exóticas, Terras Longínquas” e, ainda, “Em Itália Pintam a
Luz”.
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