O Atrium festeja o 29º aniversário na milenária Bracara Augusta
Ainda o sol mal tinha nascido, na madrugada de sábado 22 de Maio, um grupo de ensonados atriunistas sobe pesadamente para bordo do Alfa Pendular na Estação do Oriente.
O destino era a cidade dos arcebispos, onde se iria assinalar a passagem do 29º aniversário do Grupo.
Já refeitos da noite mal dormida e dos abanões do pendular comboio, a celebração foi devidamente assinalada num animado jantar onde não faltou o tradicional bolo de aniversário e o champanhe borbulhante. Reinou um ambiente de boa disposição e camaradagem, que só foi ligeiramente beliscado pela intervenção de um dos elementos da próxima coordenação que, talvez entusiasmado pelas medidas decretadas pela troika (FMI, UE e BCE), anunciou um conjunto de medidas muito duras de contenção na vida do grupo, com um aumento de cotas, diminuição das despesas, redução das iniciativas, etc., num claro ataque aos direitos adquiridos pelos membros do Atrium que poderá mesmo pôr em causa o nosso estado social.
Mas a pronta resposta dos presentes, traduzida numa assobiadela geral, não deixou grande margem para dúvidas quanto ao destino de tão nefastas propostas…
Ainda na tarde de sábado efectuámos uma interessante visita guiada ao Mosteiro de Tibães, antiga Casa Mãe da Congregação Beneditina Portuguesa.
Fundado em finais do século X, inícios do XI, foi reconstruído no último terço do século XI, transformando-se num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. Com o Movimento da Reforma e o fim da crise religiosa dos séculos XIV a XVI, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães assiste à fundação da Congregação de S. Bento de Portugal e do Brasil, torna-se Casa Mãe de todos os mosteiros beneditinos e centro difusor de culturas e estéticas.
A importância do Mosteiro de Tibães mede-se, também, pelo papel que desempenhou como autêntico "estaleiro-escola" de um conjunto de arquitetos, mestres pedreiros e carpinteiros, entalhadores, douradores, enxambradores, imaginários e escultores, cuja produção ativa em todo o Noroeste peninsular ficou ligada ao melhor do que se fez na arte portuguesa dos séculos XVII e XVIII.
Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1833-1834, é encerrado e os seus bens, móveis e imóveis, começados a vender em hasta pública, processo que só terminará em 1864 com a compra do próprio edifício conventual. Desafetado das suas funções iniciais, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães virá a assistir, sobretudo a partir dos anos setenta do nosso século, à delapidação dos seus bens, à ruína, ao abandono.
Adquirido pelo Estado Português em 1986, logo se iniciou um projeto de recuperação que, através das obras "de salvação" prioritárias e de intervenções provisórias no Edifício e na Cerca, deu os seus frutos permitindo oferecê-lo à fruição pública bem como dinamizá-lo culturalmente.
A manhã de domingo foi preenchida por uma visita ao Estádio Municipal de Braga, hoje denominado Estádio Axa, fruto de compromissos comerciais.
Este estádio, também conhecido por "A Pedreira", foi projectado pelo Arquitecto Eduardo Souto Moura e pelo Engenheiro Rui Furtado e é uma obra de particular beleza, enquanto peça de arquitectura e de invulgar engenharia.
Trata-se de um projecto de linhas arquitectónicas inovadoras, próprias de um estádio com 30 mil lugares de capacidade e apenas duas bancadas laterais, sendo que os topos do estádio são constituídos pelo anfiteatro rupestre da encosta do monte. A cobertura assume como referência as pontes construídas pela civilização Inca, no Peru, de modo a iluminar a relva com luz natural, preservando assim a qualidade natural do relvado.
Refira-se que esta obra foi contemplada com o Prémio Secil em 2004 (Categoria Arquitectura), e em 2005 (Categoria Engenharia Civil).
O estádio foi, por diversas vezes, considerado um dos mais originais e belos estádios do mundo. O jornal Financial Times, num artigo sobre os estádios britânicos, refere o estádio como um dos 4 exemplos de "beautiful grounds". O artigo diz: "Não há nada neste país que se assemelhe à delícia arquitectónica do Estádio de Braga em Portugal de Eduardo Souto Moura, uma arena de tirar o fôlego cinzelada na face de uma rocha que anteriormente era uma pedreira.
A visita foi guiada por um vogal da direcção do Sporting Clube de Braga, que para além de não se mostrar com as aptidões mais adequadas a uma visita cuja finalidade maior era a obra arquitectónica, se veio a revelar ao longo da conversa como um perfeito “cromo” representativo da boa e velha tradição conservadora de alguns dirigentes (?) dos nossos clubes desportivos.
Para um grupo de atriunistas mais resistentes, a tarde de domingo ainda foi aproveitada para uma visita guiada ao Palácio Museu dos Biscainhos.
Construído no século XVI e modificado ao longo dos séculos, este palácio aristocrático exibe terraços com jardins ornamentados e grandes salões com tectos luxuosos. O pavimento estriado do rés-do-chão, particularmente invulgar, permitia que as carruagens entrassem no edifício a fim de desembarcarem os passageiros e seguirem para as cavalariças.
Em 10 de Julho de 1963, faleceu o seu último proprietário da família dos condes de Bertiandos, o 3º visconde de Paço de Nespereira, que tudo doou à cidade nas vésperas da morte.
A exposição permanente permite o conhecimento contextualizado de colecções de artes decorativas (mobiliário, ourivesaria, cerâmica, vidros, têxteis, etc.), instrumentos musicais, meios de transporte, gravura, escultura/talha, azulejaria e pintura, da época compreendida entre o século XVII e o primeiro quartel do século XIX.
O jardim, de cerca de 1750, é considerado um dos mais importantes jardins históricos do período Barroco em Portugal. Com uma área de cerca de um hectare, apresenta um traçado labiríntico de canteiros de buxo. A embelezá-lo, existem janelas e portões ornamentais, encimados por pináculos, esculturas decorativas, painéis de azulejos policromos, cinco fontes de repuxo, um pavilhão de jardim, um mirante e duas monumentais e paralelas casas de fresco (construídas por árvores vivas) de japoneiras oitocentistas com chafarizes no interior.
De entre as várias árvores existentes, a mais notável é um majestoso tulipeiro da Virgínia plantado no século XVIII.
Para uma consulta mais completa, incluem-se os endereços dos sites do Mosteiro de Tibães e do Museu dos Biscainhos.
http://www.mosteirodetibaes.org/default.aspx
http://www.museus.bragadigital.pt/biscainhos/
O destino era a cidade dos arcebispos, onde se iria assinalar a passagem do 29º aniversário do Grupo.
Já refeitos da noite mal dormida e dos abanões do pendular comboio, a celebração foi devidamente assinalada num animado jantar onde não faltou o tradicional bolo de aniversário e o champanhe borbulhante. Reinou um ambiente de boa disposição e camaradagem, que só foi ligeiramente beliscado pela intervenção de um dos elementos da próxima coordenação que, talvez entusiasmado pelas medidas decretadas pela troika (FMI, UE e BCE), anunciou um conjunto de medidas muito duras de contenção na vida do grupo, com um aumento de cotas, diminuição das despesas, redução das iniciativas, etc., num claro ataque aos direitos adquiridos pelos membros do Atrium que poderá mesmo pôr em causa o nosso estado social.
Mas a pronta resposta dos presentes, traduzida numa assobiadela geral, não deixou grande margem para dúvidas quanto ao destino de tão nefastas propostas…
Ainda na tarde de sábado efectuámos uma interessante visita guiada ao Mosteiro de Tibães, antiga Casa Mãe da Congregação Beneditina Portuguesa.
Fundado em finais do século X, inícios do XI, foi reconstruído no último terço do século XI, transformando-se num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. Com o Movimento da Reforma e o fim da crise religiosa dos séculos XIV a XVI, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães assiste à fundação da Congregação de S. Bento de Portugal e do Brasil, torna-se Casa Mãe de todos os mosteiros beneditinos e centro difusor de culturas e estéticas.
A importância do Mosteiro de Tibães mede-se, também, pelo papel que desempenhou como autêntico "estaleiro-escola" de um conjunto de arquitetos, mestres pedreiros e carpinteiros, entalhadores, douradores, enxambradores, imaginários e escultores, cuja produção ativa em todo o Noroeste peninsular ficou ligada ao melhor do que se fez na arte portuguesa dos séculos XVII e XVIII.
Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1833-1834, é encerrado e os seus bens, móveis e imóveis, começados a vender em hasta pública, processo que só terminará em 1864 com a compra do próprio edifício conventual. Desafetado das suas funções iniciais, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães virá a assistir, sobretudo a partir dos anos setenta do nosso século, à delapidação dos seus bens, à ruína, ao abandono.
Adquirido pelo Estado Português em 1986, logo se iniciou um projeto de recuperação que, através das obras "de salvação" prioritárias e de intervenções provisórias no Edifício e na Cerca, deu os seus frutos permitindo oferecê-lo à fruição pública bem como dinamizá-lo culturalmente.
A manhã de domingo foi preenchida por uma visita ao Estádio Municipal de Braga, hoje denominado Estádio Axa, fruto de compromissos comerciais.
Este estádio, também conhecido por "A Pedreira", foi projectado pelo Arquitecto Eduardo Souto Moura e pelo Engenheiro Rui Furtado e é uma obra de particular beleza, enquanto peça de arquitectura e de invulgar engenharia.
Trata-se de um projecto de linhas arquitectónicas inovadoras, próprias de um estádio com 30 mil lugares de capacidade e apenas duas bancadas laterais, sendo que os topos do estádio são constituídos pelo anfiteatro rupestre da encosta do monte. A cobertura assume como referência as pontes construídas pela civilização Inca, no Peru, de modo a iluminar a relva com luz natural, preservando assim a qualidade natural do relvado.
Refira-se que esta obra foi contemplada com o Prémio Secil em 2004 (Categoria Arquitectura), e em 2005 (Categoria Engenharia Civil).
O estádio foi, por diversas vezes, considerado um dos mais originais e belos estádios do mundo. O jornal Financial Times, num artigo sobre os estádios britânicos, refere o estádio como um dos 4 exemplos de "beautiful grounds". O artigo diz: "Não há nada neste país que se assemelhe à delícia arquitectónica do Estádio de Braga em Portugal de Eduardo Souto Moura, uma arena de tirar o fôlego cinzelada na face de uma rocha que anteriormente era uma pedreira.
A visita foi guiada por um vogal da direcção do Sporting Clube de Braga, que para além de não se mostrar com as aptidões mais adequadas a uma visita cuja finalidade maior era a obra arquitectónica, se veio a revelar ao longo da conversa como um perfeito “cromo” representativo da boa e velha tradição conservadora de alguns dirigentes (?) dos nossos clubes desportivos.
Para um grupo de atriunistas mais resistentes, a tarde de domingo ainda foi aproveitada para uma visita guiada ao Palácio Museu dos Biscainhos.
Construído no século XVI e modificado ao longo dos séculos, este palácio aristocrático exibe terraços com jardins ornamentados e grandes salões com tectos luxuosos. O pavimento estriado do rés-do-chão, particularmente invulgar, permitia que as carruagens entrassem no edifício a fim de desembarcarem os passageiros e seguirem para as cavalariças.
Em 10 de Julho de 1963, faleceu o seu último proprietário da família dos condes de Bertiandos, o 3º visconde de Paço de Nespereira, que tudo doou à cidade nas vésperas da morte.
A exposição permanente permite o conhecimento contextualizado de colecções de artes decorativas (mobiliário, ourivesaria, cerâmica, vidros, têxteis, etc.), instrumentos musicais, meios de transporte, gravura, escultura/talha, azulejaria e pintura, da época compreendida entre o século XVII e o primeiro quartel do século XIX.
O jardim, de cerca de 1750, é considerado um dos mais importantes jardins históricos do período Barroco em Portugal. Com uma área de cerca de um hectare, apresenta um traçado labiríntico de canteiros de buxo. A embelezá-lo, existem janelas e portões ornamentais, encimados por pináculos, esculturas decorativas, painéis de azulejos policromos, cinco fontes de repuxo, um pavilhão de jardim, um mirante e duas monumentais e paralelas casas de fresco (construídas por árvores vivas) de japoneiras oitocentistas com chafarizes no interior.
De entre as várias árvores existentes, a mais notável é um majestoso tulipeiro da Virgínia plantado no século XVIII.
Para uma consulta mais completa, incluem-se os endereços dos sites do Mosteiro de Tibães e do Museu dos Biscainhos.
http://www.mosteirodetibaes.org/default.aspx
http://www.museus.bragadigital.pt/biscainhos/
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