quarta-feira, fevereiro 14, 2018

No Teatro Thalia embalados ao som da Flauta Mágica


Foi no domingo, dia 4 de Fevereiro, que o Atrium foi até à Quinta das Laranjeiras, a antiga propriedade de Joaquim Pedro Quintela, o 1º Conde de Farrobo, onde se situa o Teatro Thalia, construído em 1820 e reedificado em 1842, sob projecto de Fortunato Lodi, o autor do Teatro Dona Maria II.
O Conde, um entusiasta pelas artes cénicas, era famoso na época pelos espectáculos que organizava no seu teatro, para os quais convidava os principais cantores de ópera europeus. O fausto e a excentricidade das suas festas e saraus, muito comentados em toda a Lisboa, deram origem à expressão popular “farrobodó”.
Para avaliar a “modernidade” das suas iniciativas, refira-se que o teatro e o palácio da quinta, foram iluminados a gás em 1830, muito antes da cidade de Lisboa ter este meio de iluminação pública. Em 9 de Setembro de 1862, o teatro foi destruído por um incêndio e deixado ao abandono. O Conde nessa altura já estava às portas da ruína…
Depois deste breve introito histórico, a seguir reproduzem-se algumas notas sobre o espectáculo, retiradas do respectivo programa.
“…A Flauta Mágica é a mais famosa das óperas de Mozart. Mas é também uma das obras mais enigmáticas de todo o repertório lírico. Essa singularidade resulta de um conjunto de características que desperta interpretações muito variadas. Será um conto de fadas dirigido a crianças? Uma recriação dissimulada de rituais maçónicos? Uma alegoria de ideais e circunstâncias políticas?… Certo é que, enquanto obra musical, se apresenta como um faustoso mosaico de estilos e referências diversos.”
“…Como uma imensa alegoria, representa-se o confronto entre a Luz e as Trevas, o Bem e o Mal, a Razão e a Superstição. Mas não se limita à exploração da tensão dramática do conflito, ou à simpatia oportuna pelo lado mais virtuoso. As disparidades acentuam o exercício de convergência. Sarastro e Pamina são personagens da nobreza, a Rainha da Noite apresenta-se vingativa, com árias de bravura, e Monostatos limita-se a uma rudeza elementar. Juntam-se a Razão e ideais místicos, simbolismos por decifrar em torno da natureza humana, os seus males e as suas virtudes. Há quem reconheça em toda esta complexidade dramatúrgica a origem do Drama Musical wagneriano.”