No Teatro Thalia embalados ao som da Flauta Mágica
Foi no domingo, dia 4 de
Fevereiro, que o Atrium foi até à Quinta das Laranjeiras, a antiga propriedade
de Joaquim Pedro Quintela, o 1º Conde de Farrobo, onde se situa o Teatro Thalia, construído em
1820 e reedificado em 1842, sob projecto de Fortunato Lodi, o
autor do Teatro Dona Maria II.
O Conde, um entusiasta pelas artes cénicas, era famoso na
época pelos espectáculos que organizava no seu teatro, para os quais convidava
os principais cantores de ópera europeus. O fausto e a excentricidade das suas
festas e saraus, muito comentados em toda a Lisboa, deram origem à expressão
popular “farrobodó”.
Para avaliar a “modernidade” das suas iniciativas, refira-se
que o teatro e o palácio da quinta, foram iluminados a gás em 1830, muito antes
da cidade de Lisboa ter este meio de iluminação pública. Em 9 de Setembro de
1862, o teatro foi destruído por um incêndio e deixado ao abandono. O Conde
nessa altura já estava às portas da ruína…
Depois deste breve
introito histórico, a seguir reproduzem-se algumas notas sobre o espectáculo,
retiradas do respectivo programa.
“…A Flauta Mágica é a mais famosa das óperas
de Mozart. Mas é também uma das obras mais enigmáticas de todo o repertório
lírico. Essa singularidade resulta de um conjunto de características que
desperta interpretações muito variadas. Será um conto de fadas dirigido a crianças?
Uma recriação dissimulada de rituais maçónicos? Uma alegoria de ideais e
circunstâncias políticas?… Certo é que, enquanto obra musical, se apresenta
como um faustoso mosaico de estilos e referências diversos.”
“…Como uma imensa
alegoria, representa-se o confronto entre a Luz e as Trevas, o Bem e o Mal, a
Razão e a Superstição. Mas não se limita à exploração da tensão dramática do
conflito, ou à simpatia oportuna pelo lado mais virtuoso. As disparidades
acentuam o exercício de convergência. Sarastro e Pamina são personagens da
nobreza, a Rainha da Noite apresenta-se vingativa, com árias de bravura, e
Monostatos limita-se a uma rudeza elementar. Juntam-se a Razão e ideais
místicos, simbolismos por decifrar em torno da natureza humana, os seus males e
as suas virtudes. Há quem reconheça em toda esta complexidade dramatúrgica a
origem do Drama Musical wagneriano.”
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home