sábado, maio 30, 2020

25 Abril 74 - as memórias da Glória


No 25 de Abril de 1974, eu tinha 14 anos.
Vivia com os meus avós, no meio rural e de operários, no Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes.
Havia nas massas trabalhadoras deste local, consciência politica, havia vizinhos presos.
A minha avó gostava de se deitar tarde, ficava a ouvir a Rádio Clube Português, os discos pedidos.
De manhã alertou-nos que a “Telefonia” estava a passar umas musicas diferentes.
Horas depois já todos falavam do que se passava, mas ninguém sabia ao certo para onde pendia a situação.
O alarme era grande entre os mais velhos.
Em 1973 Marcelo Caetano tinha instituída uma reforma para todos os idosos.
Muitos pensavam que o golpe era para lhe tirar essa reforma, que era tão importante, era a diferença entre ter alguma segurança ou viver da ajuda dos filhos ou de pedir.
Entre os mais novos o sentido era de muita esperança, fomos para casa dos amigos Navalhos “oito rapazes” todos adolescentes e que tinham o pai preso por motivos políticos.
Passado uma semana foi grande a alegria, foi libertado o pai Navalho, os idosos só já pensavam no aumento da reforma.
FOI BOA A FESTA!

Glória, em Abril 2020

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parabéns Glória gostei muito do teu testemunho. Como mais uma vez se prova cada um de nós viveu o 25 de Abril à sua maneira.
Abraços do
Berto

30/5/20 10:48  
Anonymous Zé Carlos said...

O 25 Abril vivido na margem esquerda, num meio rural e operário, a “Telefonia” trazendo os sons da revolução, o medo dos mais idosos, de perder o pouco (muito pouco) que tinham ganho nas suas parcas reformas, as dúvidas sobre o que estava a acontecer, e no final os Navalhos a celebrar a libertação do pai, preso político, a alegria e a Festa.
Nas memórias da Glória está retratado o 25 de Abril em toda a sua diversidade e riqueza.
Um abraço à Glória e a todo o pessoal do Atrium.

30/5/20 15:55  
Anonymous albano said...

Foi bonita a Festa....menina de olhos doces....
Foram tempos de muita esperança.....

Um beijo à menina de olhos doces.

30/5/20 16:42  
Anonymous José Duarte said...

A Glorinha com ar sereno e jovial à espera que a vida mudasse à espera que a injustiça e o sofrimento acabassem. Memórias da vida rural e operária que marcaram as vivências nas zonas de grande propriedade latifundiária.
Abraço.
J. Maria

31/5/20 11:33  

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