segunda-feira, junho 01, 2020

25 Abril 74 - as memórias do José Manuel Boavida


Do 25 de Abril tenho aquelas recordações magníficas de um dia único que, soubemos logo, nos viria mudar as vidas para sempre...
Mas havia que defender, desde o primeiro momento, a liberdade que acabávamos de conquistar.
Poderia haver um contra-golpe? Sobretudo naquelas primeiras horas a população não estava descansada e estava decidida a defender as entradas da cidade contra eventuais forças do reviralho.
E assim, logo na noite de 25 para 26 de Abril juntaram-se muitos populares nas principais entradas da cidade. E uma delas era a Calçada de Carriche, então uma rua muito íngreme e estreita, onde passaram a noite muitos populares, felizmente sem que nada de especial acontecesse.
Mas havia que apoiar a malta e então, como era residente no local, lá me dediquei a levar umas  panelas de água aos valorosos e sequiosos guardas da cidade durante aquela noite, sendo aclamado de cada vez que lá voltava.
Mas tenho que dizer que os copos que levava serviam para muita gente e... só eram lavados quando vinha buscar mais água.
Ai, se isso fosse em tempos de Covid!
Zé Manuel Boavida, em Maio 2020

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei de te ler. Por acaso não tinhas algumas cervejas em casa?
Um abraço do
Berto

1/6/20 11:06  
Anonymous Zé Carlos said...

Nas memórias do Zé Manel, mais uma “fotografia” do 25 Abril, a das barragens populares na Calçada de Carriche (… a reacção não passa, a reacção não passará!), onde a sede de água era tanta como a sede de Liberdade.
E o Zé cumprindo a sua função de “aguadeiro” da Revolução…
Um grande abraço ao Zé Manuel e a todo o pessoal do Atrium.

1/6/20 13:03  
Anonymous albano said...

Gostei do teu testemunho.Tenho aprendido muito nestas "memórias"
Não sabia das barragens na C.C. ( como sabes eu só vim em agosto..) e desconhecia a tua função de matar a sede aos revolucionários!
Um abraço

1/6/20 18:37  
Anonymous José Duarte said...

Eh pá, barba, cabelo desalinhado e de gravata , grande pinta.
Também estive na Calçada de Carriche, mais uma vivência dos tempos da afirmação da liberdade.
Mais um momento que marca a intensa participação popular na vontade de mudança.
J. Duarte

2/6/20 10:12  
Blogger Mª Amparo said...

que estilo !!!!

2/6/20 20:39  

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