quinta-feira, março 07, 2019

Do sensorial caminho da Pia do Urso até ao magnífico Mosteiro de Santa Maria da Vitória



O domingo amanheceu prometedor, sem chuva, com algum sol e um ar fresco convidativo ao passeio. O encontro foi bem cedinho, na Pia do Urso, uma típica aldeia serrana recuperada, com as habitações em pedra, mantendo as tipologias e os materiais originais.
Este é um local carregado de muita história, pois estava situado na via romana que servia os grandes povoados de Olissipo (Lisboa) e Collipo (Batalha/Leiria), por aqui passaram em 1385 os exércitos chefiados por D. Nuno Álvares Pereira, provenientes de Ourém a caminho de Aljubarrota e, quinhentos anos mais tarde, as tropas invasoras francesas utilizaram também este caminho no seu avanço para Lisboa.
Um café retemperador na Loja do Bar da Pia, deu-nos o necessário alento para iniciarmos a caminhada pelo Parque Eco-Sensorial (assim chamado porque, permite aos invisuais a apreensão do meio envolvente, utilizando os sentidos do tato e do olfato).
O percurso pedestre, ao longo do qual se avistam várias pias naturais, escavadas nas rochas pela erosão natural, distribui-se por 6 estações sensoriais, que são: do Planetário, do Ciclo da Água, do Jurássico, Abstracta, Lúdica e Musical. Refira-se também a existência de uma alegoria ao caminho de Aljubarrota e a reconstituição da lenda que deu o nome ao lugar, com a figura imponente do urso a matar a sede junto de uma das pias do parque.
Antes do almoço, no restaurante, ainda tivemos tempo de uma deambulação pela aldeia, apreciando a sua arquitectura e a calmaria das suas ruas desertas.
Depois do excelente repasto no Restaurante Piadussa, dirigimo-nos para o segundo ponto da nossa visita, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha.
A visita guiada iniciou-se junto ao pórtico de entrada do Mosteiro, da autoria de David Huguet, o mestre arquitecto irlandês que sucedeu a Afonso Domingues em 1402 na direcção das obras. Este pórtico, único na história da arte portuguesa, é de uma riqueza iconográfica excepcional, com múltiplas representações: apóstolos, virgens, mártires, papas, bispos, diáconos, monges, os reis de Judá antepassados de Maria, profetas, patriarcas, anjos músicos e serafins, com os seus três pares de asas.
Simbolicamente, esta multidão de personagens foi ali colocada como que convidando os visitantes a entrarem no templo e a imitarem (na medida dos possível…) as suas virtudes. E foi isso que fizemos, acompanhados pela nossa guia, desfrutando uma visita muito enriquecedora, pela história e pela arquitectura, que não vamos aqui detalhar, pois tornaria este texto demasiado longo, dada a dimensão e a magnificência deste monumento, que é um exemplo da arquitectura gótica tardia portuguesa, ou estilo manuelino, considerado património mundial pela UNESCO em 1983.
Quem pretender uma informação mais detalhada poderá aceder ao site oficial, cujo endereço é: http://www.mosteirobatalha.gov.pt/pt/index.php
Recordemos apenas que este excecional conjunto arquitetónico, cujas obras de construção se prolongaram por mais de 150 anos, resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.