Do sensorial caminho da Pia do Urso até ao magnífico Mosteiro de Santa Maria da Vitória
O domingo amanheceu
prometedor, sem chuva, com algum sol e um ar fresco convidativo ao passeio. O
encontro foi bem cedinho, na Pia do Urso, uma típica aldeia serrana recuperada,
com as habitações em pedra, mantendo as tipologias e os materiais originais.
Este é um local
carregado de muita história, pois estava situado na via romana que servia os
grandes povoados de Olissipo (Lisboa) e Collipo (Batalha/Leiria), por aqui
passaram em 1385 os exércitos chefiados por D. Nuno Álvares Pereira,
provenientes de Ourém a caminho de Aljubarrota e, quinhentos anos mais tarde,
as tropas invasoras francesas utilizaram também este caminho no seu avanço para
Lisboa.
Um café
retemperador na Loja do Bar da Pia, deu-nos o necessário alento para iniciarmos
a caminhada pelo Parque Eco-Sensorial (assim chamado porque, permite aos
invisuais a apreensão do meio envolvente, utilizando os sentidos do tato e do
olfato).
O percurso
pedestre, ao longo do qual se avistam várias pias naturais, escavadas nas
rochas pela erosão natural, distribui-se por 6 estações sensoriais, que são: do
Planetário, do Ciclo da Água, do Jurássico, Abstracta, Lúdica e Musical.
Refira-se também a existência de uma alegoria ao caminho de Aljubarrota e a
reconstituição da lenda que deu o nome ao lugar, com a figura imponente do urso
a matar a sede junto de uma das pias do parque.
Antes do
almoço, no restaurante, ainda tivemos tempo de uma deambulação pela aldeia,
apreciando a sua arquitectura e a calmaria das suas ruas desertas.
Depois do
excelente repasto no Restaurante Piadussa, dirigimo-nos para o segundo ponto da
nossa visita, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro
da Batalha.
A visita guiada
iniciou-se junto ao pórtico de entrada do Mosteiro, da autoria de David Huguet,
o mestre arquitecto irlandês que sucedeu a Afonso Domingues em 1402 na direcção
das obras. Este pórtico, único na história da arte portuguesa, é de uma riqueza
iconográfica excepcional, com múltiplas representações: apóstolos, virgens,
mártires, papas, bispos, diáconos, monges, os reis de Judá antepassados de
Maria, profetas, patriarcas, anjos músicos e serafins, com os seus três pares
de asas.
Simbolicamente,
esta multidão de personagens foi ali colocada como que convidando os visitantes
a entrarem no templo e a imitarem (na medida dos possível…) as suas virtudes. E
foi isso que fizemos, acompanhados pela nossa guia, desfrutando uma visita
muito enriquecedora, pela história e pela arquitectura, que não vamos aqui
detalhar, pois tornaria este texto demasiado longo, dada a dimensão e a
magnificência deste monumento, que é um exemplo da arquitectura gótica tardia
portuguesa, ou estilo manuelino, considerado património mundial pela UNESCO em
1983.
Quem
pretender uma informação mais detalhada poderá aceder ao site oficial, cujo
endereço é: http://www.mosteirobatalha.gov.pt/pt/index.php
Recordemos
apenas que este excecional conjunto arquitetónico, cujas obras de construção se
prolongaram por mais de 150 anos, resultou do cumprimento de uma promessa feita
pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na batalha de Aljubarrota,
travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a
independência de Portugal.
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