quinta-feira, maio 28, 2015

À descoberta do planeta original, conduzidos pelo olhar e pela objectiva de Sebastião Salgado

Foi na manhã de sábado, dia 9 de Maio, que nos deslocámos até à Cordoaria Nacional para uma visita guiada à exposição “Génesis”, um projecto de Sebastião Salgado realizado ao longo de oito anos, durante os quais percorreu mais de três dezenas de destinos.
Depois da sua fase de denúncia social, na qual se integram nomeadamente os seus dois últimos grandes projectos, "Trabalhadores" (1993) e "Migrações" (2000), Sebastião Salgado, sem abandonar a sua atitude de intervenção, vem desta vez dar uma mensagem de esperança, mostrando-nos que, apesar de tudo, ainda existe “um planeta puro, grande e majestoso”, e alertando-nos ao mesmo tempo para a urgência da tomada de medidas para a sua defesa. Nas palavras do próprio autor, “Génesis” deve ser entendida como uma “carta de amor ao planeta”.
Foi pois uma longa carta de amor com 245 páginas, tantas são as fotografias da exposição, que desfolhámos demoradamente, divididos entre a beleza das imagens e a profundidade do conteúdo que elas encerram.
São cinco as secções da exposição: “Sul do Planeta”, mostra a história da Antártida com as suas paisagens geladas e os seus habitantes (aqui uma referência especial à península Valdês, e aos seus leões-marinhos, já nossos velhos conhecidos da viagem à Argentina em 2008). “África”, com os seus povos, os seus desertos, a sua vida selvagem. “Santuários”, traz-nos as paisagens vulcânicas e a fauna das ilhas Galápagos e também as populações da Nova Guiné e da Papua Ocidental. “Terras a Norte” mostra as paisagens do Alasca, do norte da Sibéria, incluindo o território de reprodução do urso polar. Por fim, na “Amazónia e Pantanal” a paisagem do Amazonas, e seus afluentes, impõe-se aos nossos olhos como uma gigantesca árvore e é bem o símbolo da natureza, na sua pura e majestosa grandeza.
Em jeito de conclusão, deixamos-vos com as palavras de Lélia Wanick Salgado, mulher de Sebastião Salgado, e Curadora da exposição.
“É essa beleza oculta, defendida, protegida que “Génesis” deseja compartilhar. Fazemos um tributo a esse nosso frágil planeta que temos o dever de proteger.”
Ainda uma referência ao projecto de reflorestação que ambos levaram a cabo num terreno do sudeste do Brasil, com uma área de 600 hectares. Fundaram o Instituto Terra e partiram para a acção, mostrando que é possível recuperar uma área degradada devolvendo-lhe uma vida sustentável.
Aqui fica o seu testemunho, que é ao mesmo tempo uma mensagem de esperança para o futuro desta nossa casa comum.
“A nossa modesta contribuição foi reflorestar um terreno na região sudeste do Brasil. Nos últimos 15 anos, o Instituto Terra – a nossa organização sem fins lucrativos - plantou cerca de dois milhões de árvores, de mais de 300 diferentes espécies que já floresceram por lá. O resultado: encostas esgotadas e áridas ganharam uma vegetação exuberante. O renascimento deste microclima tropical atraiu, por sua vez, pássaros e animais que não eram vistos naquela área há décadas.
A reflorestação é uma das maneiras de recuperar o tempo perdido e o prejuízo causado. As árvores ainda desempenham o papel central na neutralização das emissões de dióxido de carbono responsáveis pelas alterações climáticas, como o aquecimento global. Leis e governos podem tentar controlar estas emissões, mas somente as árvores conseguem absorver o dióxido de carbono e produzir oxigénio. Cada árvore plantada alivia um pouco as nossas preocupações quanto ao futuro do planeta.”

Nota: Informações sobre os objectivos e a obra do Instituto Terra poderão ser obtidos no seu site: http://www.institutoterra.org/