terça-feira, maio 15, 2018

Na Cordoaria Nacional a descobrir o Inventor Leonardo da Vinci




Logo no início da exposição, uma frase atribuída a Leonardo da Vinci, parece questionar, em jeito de provocação, a nossa condição de visitantes, curiosos e despertos ou meros e passivos consumidores: “Há três tipos de pessoas. As que veem. As que veem o que lhes mostram. As que não veem.”.
E nós vimos. Vimos ao vivo as mais de 20 invenções, todas reproduzidas a partir dos esboços originais do Códice de Madrid, existente na Biblioteca Nacional de Espanha. Este Códice encerra os documentos originais de Leonardo, parte do legado que fez ao seu discípulo e companheiro Francesco Melzi, e constitui uma importante fonte para conhecer a sua obra e aprofundar os mistérios dos seus manuscritos, cuja estranha escrita invertida, os obriga a ler com o auxílio de um espelho.
O funcionamento destas máquinas maravilhosas, inventadas e concebidas por Leonardo, foi detalhadamente documentado pelo seu autor, em milhares de desenhos e esquemas, o que permitiu mais tarde a elaboração de réplicas exactas, como aquelas que tivemos a oportunidade de ver nesta exposição.
Mas Leonardo da Vinci não foi só um inventor, faceta que é a mais destacada nesta mostra, ele foi também pintor, escultor, escritor, matemático, cientista, engenheiro, anatomista, botânico, poeta e músico. De certo modo até se pode dizer que foi o percursor da aviação, ao projectar as suas máquinas voadoras. Mas muitas das suas ideias eram explicações teóricas, e raramente experimentais, pois ele era sobretudo um visionário e um génio criativo, que investigava obsessivamente todos os ramos do conhecimento.
Como pintor, um dos maiores de todos os tempos, as suas obras são universalmente conhecidas, e nesta exposição, para além de uma reprodução do fresco da “Última Ceia”, obra encomendada pelo então duque de Milão, Ludovico Sforza, para decorar uma das paredes do refeitório do mosteiro de Santa Maria delle Grazie, pudemos conhecer alguns dos segredos de "Mona Lisa".
Figura ímpar do Renascimento, Leonardo nasceu em 1452 numa pequena aldeia perto de Florença, filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina. Ainda menino, já desenhava e pintava, e aos 16 anos entra para o ateliê do pintor e escultor florentino, Andrea del Verrocchio, onde trabalhava Boticelli e outros pintores, protegidos do governador Lourenço de Medici.
Segundo os seus biógrafos, Leonardo tinha uma personalidade original, sobretudo se pensarmos na época em que viveu. Era muito popular e sociável, transportava o seu caderno para todo o lado, fazendo esboços das expressões das pessoas com que se cruzava, e tinha um grande círculo de amigos tanto em Milão como em Florença. Era homossexual, bastardo e canhoto, e não escondia as suas excentricidades, o que só era possível porque Florença era uma cidade muito tolerante, para os padrões da segunda metade do séc. XV.
Veio a falecer aos 67 anos, em Amboise, França, no dia 2 de Maio.
Como remate desta breve crónica, nada melhor do que deixar-vos com um pensamento deste génio, que foi Leonardo da Vinci.
“A natureza é a fonte de todo o verdadeiro conhecimento. Ela tem a sua própria lógica e as suas próprias leis. Não tem nenhum efeito sem causa, nem invenção sem necessidade.”