O Atrium viajando pelo tempo no novo Museu dos Coches, em Belém
No passado dia 24 de Outubro, empreendemos uma viagem, que
nos levou desde o século XVI até ao século XIX, através da colecção de coches,
berlindas, seges, carrinhos de passeio, liteiras, cadeirinhas, carros de caça,
carruagens, landaus e malas-postas, patentes nas novas instalações do Museu dos
Coches.
A colecção é riquíssima, as instalações são amplas, muito superiores
às do acanhado museu antigo, mas apresentam-se algo despidas provocando, na
nossa opinião, uma sensação de algum vazio.
Para além da simples arrumação estática das viaturas, quase
todas elas de inegável riqueza histórica, artística e tecnológica, impunha-se,
com recurso às modernas técnicas museológicas, – vídeos, reconstituições virtuais,
projecções, etc. - uma interacção em termos de imagem e som com os visitantes, que
decerto acrescentaria vida aquele acervo, único no mundo.
Várias foram as viaturas que prenderam a nossa atenção, pelo
seu papel histórico, pela sua beleza artística ou pela evolução técnica que
representam. Sem pretender ser exaustivos, referiremos em seguida algumas delas.
A viatura mais antiga do Museu é o coche de Filipe II. Construído
em finais do século XVI, terá sido utilizado pelo rei na sua visita a Lisboa em
1619. Como se tratava de um veículo destinado a longas viagens, sob as almofadas
dos assentos esconde-se um curioso e útil sistema de evacuação (neste caso para
satisfazer reais necessidades…).
Das chamadas Viaturas de Aparato, destacamos o coche de D.
Maria Ana de Áustria, mandado construir pelo imperador José I da Áustria, para
o casamento da sua irmã com o rei D. João V. O seu exterior é totalmente
revestido por um riquíssimo trabalho de talha dourada, alusivo tanto às
virtudes da Rainha como ao Poder Real. Chegou a Lisboa por mar, a bordo de uma
nau em 27 de Outubro de 1708.
Uma referência aos chamados Carros Triunfais, do século
XVIII, que integraram o cortejo da embaixada ao Papa Clemente XI, enviada a
Roma pelo rei D. João V, em 1716. Do conjunto dos cinco coches temáticos desse
cortejo, no Museu pudemos admirar três deles: O coche dos Oceanos, o do Embaixador
e o da Coroação de Lisboa.
Saltando alguns séculos, pelo simbolismo histórico, destacaremos
agora o Landau do Regicídio, onde são ainda visíveis as marcas das balas
disparadas naquele já longínquo dia 1 de Fevereiro de 1908, por Manuel Buiça e
Alfredo Costa, e que puseram termo às vidas do rei D. Carlos e do seu filho o
príncipe Luís Filipe.
Uma referência à Carruagem da Coroa, viatura de aparato, encomendada
em Londres para o rei D. João VI, e utilizada pela última vez em 1957, quando a
Rainha Isabel II de Inglaterra visitou Portugal.
Por último, pela importância das funções que desempenhavam
na época, uma menção às duas Malas-Postas, do século XIX, existentes no Museu,
viaturas de viagem para transporte do correio entre Lisboa e o Porto, um
serviço implantado em 1852, integrado nas reformas empreendidas por Fontes
Pereira de Melo, então Ministro das Obras Públicas.
Foi uma visita que nos permitiu uma visão da evolução
artística e técnica dos meios de transporte de tracção animal, nas suas diversas
finalidades, desde as de representação e gala até às de passeio e divertimento.
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