Na Mata Pequena foi bonita a festa, pá! E o Atrium já dobrou os 36 anos.
Foi um
fim-de-semana em cheio. Convívio caloroso, criatividade e qualidade nas intervenções
artísticas, teatralizações de elevado nível, boa comezaina bem regada com
generosos e tânicos néctares, actividade física em plena natureza, e tudo isto
no cenário bucólico e acolhedor da Aldeia da Mata Pequena, onde nem sequer
faltou a companhia luminosa dos pirilampos, e das pirilampas (é preciso ter
cuidado com esta questão dos géneros…), que fizeram questão de abrilhantar as nossas
caminhadas nocturnas.
O encontro
deu-se no coreto de Montelavar, na tarde de sexta-feira, e daí arrancámos até à
Mata Pequena, destino que era desconhecido para todos, excepto para as
coordenadoras, a Marina e a Teresa, que capricharam em mantê-lo em segredo.
A deslocação
até à pequena aldeia da freguesia da Igreja Nova, concelho de Mafra, decorreu
sem incidentes, para além de uma ligeira paragem para reagrupamento de duas
viaturas que se tinham transviado, tudo normal…
Após um
primeiro reconhecimento do local, que nos cativou logo à primeira vista, e da
instalação dos 21 atriunistas pelas diversas casas da aldeia, foi servido um
lauto jantar. Poulet grillé com arroz e salada, pão caseiro, um tinto
alentejano, fruta variada e chá ou café.
Após o
repasto, sucedeu a primeira actividade surpresa. Uma sessão sobre pirilampos,
ou mais rigorosamente sobre bioluminescência, ou seja sobre o fenómeno de emissão
de luz por organismos vivos, apresentada pelo Gonçalo Figueira, um estudioso
desta matéria, que nos foi trazido pela nossa anfitriã, Tatiana.
Após a sessão
teórica seguiu-se a parte prática, com uma agradável passeata pelos arredores
da aldeia, onde na escuridão da noite, tivemos a oportunidade de observar
inúmeros pirilampos machos e algumas fêmeas (os conhecimentos adquiridos na
sessão já nos permitiu fazer esta distinção…).
E o primeiro
dia do resto dos nossos 36 anos, terminou no ambiente tranquilo da
Aldeia da Mata Pequena. Uma jornada bem pesada esperava por nós no dia
seguinte.
A alvorada
foi cedo para as amantes e os amantes do ioga, pois às 9 horas da madrugada
teve lugar uma sessão desta disciplina que busca o equilíbrio do corpo e da
mente. Os restantes atriunistas procuraram esse equilíbrio de outra forma, com
a ajuda de um bom pão de Mafra, de umas fatias de queijo, de uns sumos de
laranja e de umas chávenas de café bem quente.
Seguiu-se a
parte atlético-vinícola. Uma caminhada, em corta-mato, pela encosta abaixo, até
à vila de Cheleiros, onde efectuámos uma visita guiada às instalações da
Manzwine, uma produtora de vinhos da região, propriedade de André Manz,
originário do Brasil, que lançou este projecto recuperando uma tradição que se
tinha perdido nesta vila, onde chegou a haver perto de meia centena de lagares.
Sob ponto de vista enológico a grande atração é o vinho branco feito com Jampal,
uma casta aqui renascida depois de ter sido dada quase extinta em todo o país.
Para alguns
de nós seguiu-se uma inevitável prova de vinhos. Havia que recuperar as forças
depois da desgastante caminhada da manhã.
Mas o ar
puro do campo tinha aberto os apetites e, de regresso à aldeia, todos se
atiraram com arrojo à Feijoada à Caneças, devidamente acompanhada dos vinhos,
sobremesas variadas, cafés, digestivos etc.
Nem tempo
houve para a programada Sesta, os trabalhos iam começar. Para cada casa foi
sorteado um desafio que consistia em teatralizar uma apresentação baseada numa
fábula de La Fontaine (as 4 fábulas sorteadas foram “A raposa e a cegonha”, “A
lebre e a tartaruga”, “A cigarra e a formiga” e “A raposa e as uvas”).
O resultado
ultrapassou as expectativas mais optimistas. Todos os participantes
entregaram-se de corpo e alma às suas tarefas, e assistiu-se a quatro raros momentos
de uma criatividade, de um arrojo e de uma qualidade cénica e interpretativa,
deveras impressionantes.
A fasquia
estava alta, e seguiram-se as apresentações individuais, cujo nível se manteve
também lá muito no alto. Foram elas: um baladeiro pinga-amor, com uma trova
dedicada às Atriunistas, a declamação de um bonito poema, a aparição do
Fernando Pessoa e da sua querida Ofélia, uma consulta telefónica da
vidente Milú, com a sua divisa promocional “Milú apoia, Milú resolve, o Tarot não
engana!” e a projecção de um extrato de um filme, recordando uma actividade do
Atrium de há 18 anos, na rota dos contrabandistas de Barrancos.
A tarde já
ia avançada quando se procedeu ao tradicional apagamento das velas no bolo de
aniversário (lindamente decorado com as fotos de todos os actuais atriunistas),
ao som do inevitável “Parabéns a Você”, seguido de um lanche que literalmente retalhou
e devorou os nossos açucarados rostos…
O dia
concluiu-se com o jantar, desta vez um Bacalhau à Brás Ribatejano, que encerrou
as celebrações dos 36 anos do Atrium.
Num breve
balanço, poderemos sintetizar este fim-de-semana, naquele verso do Chico
Buarque, “Foi bonita a festa, pá”.
O local, a Aldeia da Mata Pequena, foi perfeito, a
simpatia da nossa anfitriã Tatiana foi excelente e por último, uma referência
especial às Coordenadoras, Marina & Teresa, que, na opinião unânime de
todos os presentes, foram inexcedíveis nas tarefas organizativas que possibilitaram
esta festa de aniversário, para mais tarde recordar, e onde se retomou o
espírito do Atrium, em que todos, e cada um, deram o seu esforço e a sua
criatividade num trabalho colectivo que resultou em pleno.
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