domingo, junho 10, 2018

Na Mata Pequena foi bonita a festa, pá! E o Atrium já dobrou os 36 anos.


Foi um fim-de-semana em cheio. Convívio caloroso, criatividade e qualidade nas intervenções artísticas, teatralizações de elevado nível, boa comezaina bem regada com generosos e tânicos néctares, actividade física em plena natureza, e tudo isto no cenário bucólico e acolhedor da Aldeia da Mata Pequena, onde nem sequer faltou a companhia luminosa dos pirilampos, e das pirilampas (é preciso ter cuidado com esta questão dos géneros…), que fizeram questão de abrilhantar as nossas caminhadas nocturnas.
O encontro deu-se no coreto de Montelavar, na tarde de sexta-feira, e daí arrancámos até à Mata Pequena, destino que era desconhecido para todos, excepto para as coordenadoras, a Marina e a Teresa, que capricharam em mantê-lo em segredo.
A deslocação até à pequena aldeia da freguesia da Igreja Nova, concelho de Mafra, decorreu sem incidentes, para além de uma ligeira paragem para reagrupamento de duas viaturas que se tinham transviado, tudo normal…
Após um primeiro reconhecimento do local, que nos cativou logo à primeira vista, e da instalação dos 21 atriunistas pelas diversas casas da aldeia, foi servido um lauto jantar. Poulet grillé com arroz e salada, pão caseiro, um tinto alentejano, fruta variada e chá ou café.
Após o repasto, sucedeu a primeira actividade surpresa. Uma sessão sobre pirilampos, ou mais rigorosamente sobre bioluminescência, ou seja sobre o fenómeno de emissão de luz por organismos vivos, apresentada pelo Gonçalo Figueira, um estudioso desta matéria, que nos foi trazido pela nossa anfitriã, Tatiana.
Após a sessão teórica seguiu-se a parte prática, com uma agradável passeata pelos arredores da aldeia, onde na escuridão da noite, tivemos a oportunidade de observar inúmeros pirilampos machos e algumas fêmeas (os conhecimentos adquiridos na sessão já nos permitiu fazer esta distinção…).
E o primeiro dia do resto dos nossos 36 anos, terminou no ambiente tranquilo da Aldeia da Mata Pequena. Uma jornada bem pesada esperava por nós no dia seguinte.
A alvorada foi cedo para as amantes e os amantes do ioga, pois às 9 horas da madrugada teve lugar uma sessão desta disciplina que busca o equilíbrio do corpo e da mente. Os restantes atriunistas procuraram esse equilíbrio de outra forma, com a ajuda de um bom pão de Mafra, de umas fatias de queijo, de uns sumos de laranja e de umas chávenas de café bem quente.
Seguiu-se a parte atlético-vinícola. Uma caminhada, em corta-mato, pela encosta abaixo, até à vila de Cheleiros, onde efectuámos uma visita guiada às instalações da Manzwine, uma produtora de vinhos da região, propriedade de André Manz, originário do Brasil, que lançou este projecto recuperando uma tradição que se tinha perdido nesta vila, onde chegou a haver perto de meia centena de lagares. Sob ponto de vista enológico a grande atração é o vinho branco feito com Jampal, uma casta aqui renascida depois de ter sido dada quase extinta em todo o país.
Para alguns de nós seguiu-se uma inevitável prova de vinhos. Havia que recuperar as forças depois da desgastante caminhada da manhã.
Mas o ar puro do campo tinha aberto os apetites e, de regresso à aldeia, todos se atiraram com arrojo à Feijoada à Caneças, devidamente acompanhada dos vinhos, sobremesas variadas, cafés, digestivos etc.
Nem tempo houve para a programada Sesta, os trabalhos iam começar. Para cada casa foi sorteado um desafio que consistia em teatralizar uma apresentação baseada numa fábula de La Fontaine (as 4 fábulas sorteadas foram “A raposa e a cegonha”, “A lebre e a tartaruga”, “A cigarra e a formiga” e “A raposa e as uvas”).
O resultado ultrapassou as expectativas mais optimistas. Todos os participantes entregaram-se de corpo e alma às suas tarefas, e assistiu-se a quatro raros momentos de uma criatividade, de um arrojo e de uma qualidade cénica e interpretativa, deveras impressionantes.
A fasquia estava alta, e seguiram-se as apresentações individuais, cujo nível se manteve também lá muito no alto. Foram elas: um baladeiro pinga-amor, com uma trova dedicada às Atriunistas, a declamação de um bonito poema, a aparição do Fernando Pessoa e da sua querida Ofélia, uma consulta telefónica da vidente Milú, com a sua divisa promocional “Milú apoia, Milú resolve, o Tarot não engana!” e a projecção de um extrato de um filme, recordando uma actividade do Atrium de há 18 anos, na rota dos contrabandistas de Barrancos.
A tarde já ia avançada quando se procedeu ao tradicional apagamento das velas no bolo de aniversário (lindamente decorado com as fotos de todos os actuais atriunistas), ao som do inevitável “Parabéns a Você”, seguido de um lanche que literalmente retalhou e devorou os nossos açucarados rostos…
O dia concluiu-se com o jantar, desta vez um Bacalhau à Brás Ribatejano, que encerrou as celebrações dos 36 anos do Atrium.
Num breve balanço, poderemos sintetizar este fim-de-semana, naquele verso do Chico Buarque, “Foi bonita a festa, pá”.
O local, a Aldeia da Mata Pequena, foi perfeito, a simpatia da nossa anfitriã Tatiana foi excelente e por último, uma referência especial às Coordenadoras, Marina & Teresa, que, na opinião unânime de todos os presentes, foram inexcedíveis nas tarefas organizativas que possibilitaram esta festa de aniversário, para mais tarde recordar, e onde se retomou o espírito do Atrium, em que todos, e cada um, deram o seu esforço e a sua criatividade num trabalho colectivo que resultou em pleno.