segunda-feira, abril 11, 2011

E o Atrium foi à Ópera, ao S. Carlos

Na sequência da visita ao TNSC, fomos no dia 24 de Março, a uma sessão da ópera Banksters (um misto de Banqueiros e Gangsters…). Meia hora antes do espectáculo o autor da ópera, Nuno Côrte-Real, deu uma breve explicação sobre a concepção do espectáculo, que é uma adaptação da peça de José Régio, Jacob e o Anjo, onde a corte da peça original foi substituída por um banco financeiro e os principais personagens são o banqueiro, a sua mulher, um jornalista e os empregados do banco. Burlesca, satírica e irónica, Banksters é uma ópera tragicómica sobre a vida e a morte: morte de quem, em vida, se afastou fatalmente de si próprio, e vida de quem, na morte, encontra a luz de uma paz nunca sentida.

O Atrium nos bastidores do Teatro Nacional de S. Carlos

No passado dia 19 de Março, o Atrium deslocou-se ao Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), onde efectuou uma visita às suas instalações, guiada pela Dr.ª Maria Gil, funcionária do Teatro. O TNSC foi especialmente concebido para a representação de peças de ópera e o seu projecto inspirou-se em teatros de ópera italianos, não sendo no entanto cópia de nenhum deles. Foi construído em apenas seis meses, tendo a decisão de construção sido tomada em 1792, e pretendia substituir o Teatro da Ópera do Tejo destruído pelo terramoto de 1755. A proposta foi do intendente Pina Manique argumentando que as receitas seriam para financiar a obra social da Casa Pia. A sua construção foi financiada por grandes negociantes de Lisboa (ourives e negociantes de tabacos, entre outros) e foi inaugurado pela rainha D. Maria II em 1793. A sua fachada neoclássica integra-se bem na baixa pombalina, mantendo a sala de espectáculos todo o esplendor da arquitectura teatral do barroco tardio. O grupo percorreu a sala e seguiu pelos corredores da plateia de onde pode avaliar a parte exterior dos camarotes, a tribuna e o palco aberto com parte do cenário da ópera estreada na véspera. Este espectacular cenário tinha 864 gavetas com 864 sapatos (de cartolina) de todas as cores. Por escadas interiores, com grades de protecção em ferro ornamental, fomos conduzidos até à tribuna e ao salão nobre. Neste salão ocorrem concertos de acordo com um programa pré-estabelecido. Como mera curiosidade refira-se que nas obras de restauro do TNSC em 1948, no salão nobre, os tecidos de parede não foram removidos mas virados do avesso e tornados a colar, tendo sido as tapeçarias restauradas em Biarritz, nas suas afamadas oficinas de tapeçaria. Deslocamo-nos ao palco e aos bastidores, onde estão instaladas as máquinas de palco, os adereços e os cenários. Visitamos ainda o camarim de um cantor, onde observámos as roupas da sua personagem, colocadas por ordem de utilização. Como curiosidade fomos informados que toda a roupa é lavada de uma récita para a outra. No terraço avistamos a área circundante, onde a presença de Fernando Pessoa nos surgiu materializada na sua estátua, na casa onde nasceu e nos sinos da igreja dos Mártires, celebrizados no seu poema Ó sino da minha aldeia.

Ó sino da minha aldeia, Dolente na tarde calma, Cada tua badalada Soa dentro da minha alma.