terça-feira, novembro 27, 2012

Uma aventura na Torre de S. Sebastião da Caparica

Domingo, dia 25 de Novembro de 2012. A manhã cinzenta e chuvosa e o céu fechado de cor de chumbo, faziam adivinhar que algo de diferente e de misterioso estaria para acontecer.
Tudo começou quando cerca de 30 decididos e enroupados viajantes tomaram de assalto a estação marítima de Belém, perante um enfadado e sonolento funcionário que viu a sua pacata manhã completamente estragada, e embarcaram de rompante no cacilheiro Palmelense rumo ao Porto Brandão… a gesta lusitana mais uma vez cumpria a sua vocação de navegadores por mares desconhecidos (neste caso não muito desconhecidos… mas enfim, é sempre uma frase bonita…).
O desembarque em Porto Brandão fez-se em perfeita ordem e, arrostando com a intempérie, o grupo dirigiu-se para o seu objectivo: A Torre do litoral almadense.
Após um meticuloso controlo pelas autoridades portuárias, e sob a esclarecida orientação do Pedro Cid, fez-se a difícil aproximação ao complexo militar quatrocentista. Vencidas as dificuldades próprias do terreno e das condições atmosféricas, embrenhámo-nos literalmente na realidade dos finais do séc. XV…
Como por magia o cenário transfigura-se e ganha vida própria. Nos diversos pisos da Torre, recém-construída, reina uma apressada azáfama própria dos momentos que antecedem as situações de combate. Os graduados gritavam ordens. O vai e vem, pelas escadas interiores e pelos estreitos corredores que ligavam os diversos compartimentos do complexo militar, fazia lembrar um formigueiro onde cada um sabia qual o seu destino e a sua função.
Do terraço da torre cimeira, no alto dos seus 30 metros, tinha sido avistado um navio suspeito, navegando de velas desfraldadas ao vento, preparando-se para forçar a entrada no largo estuário do Tejo. A bela e cobiçada Lisboa, capital do reino desse excepcional Príncipe Perfeito, D. João II, corria perigo.
Tudo tinha de ser feito para a defender dos invasores. No baluarte artilhado, os artilheiros carregavam os canhões de 44 libras, os meio-canhões de 24 libras e as colubrinas de 14 libras, com as suas balas simples e com algumas balas de cadeia (duas balas ligadas por uma curta corrente, destinadas a ampliar os danos no casco e no velame dos navios), e dispunham-nos em posição de fogo, ao longo dos quase 30 metros de frente do baluarte.
Receando a necessidade de fazer frente a um possível desembarque, parte da guarnição corria para o paiol para se armar com os mosquetes, arcabuzes e chuços, e posicionava-se nas suas posições de combate. Todos os cuidados não eram demais.
Após os momentos de tensão, veio a notícia por todos aguardada. Apercebendo-se do perigo que constituía a Torre de S. Sebastião da Caparica, o potencial agressor manobrou meia volta e fez-se ao largo a todo o pano, desaparecendo pouco depois na linha do horizonte.
Missão cumprida. A vida na Torre Velha voltava à pacata rotina das instalações militares. Nas casamatas dos militares o vinho voltou a correr e os jogos de cartas voltaram a preencher os tempos mortos, enquanto na Casa do Capitão, os oficiais celebravam ruidosamente à roda de algumas taças de bebidas espirituosas.
Então o dia clareou, a chuva deixou de nos atormentar. A visita que acabávamos de efectuar, sob a competente direcção do Pedro Cid, deixou-nos mais ricos no conhecimento da nossa história e da nossa cultura e mais informados sobre este património que merece ser valorizado e defendido.
Quase sem querer o nosso pensamento voltou-se para a triste realidade do nosso Séc. XXI. Hoje os invasores já não chegam pelo estuário do Tejo dentro, sobrevoam a Torre Velha a bordo dos airbus e dos boeing e vêm aterrar suavemente na Portela. Os canhões e os mosquetes já nada podem contra eles.
Vêm do centro da Europa, armados com os seus portáteis e as suas folhas de excel, tomar conta da nossa Economia, da nossa Fazenda, das nossas vidas e do nosso futuro.
Cada vez mais são necessárias e urgentes, muitas Torres da Caparica para nos defender, e sobretudo de dirigentes com a qualidade e a inteligência daquele que passou à História como o Príncipe Perfeito.
Afinal foi um domingo luminoso, mesmo com muita chuva e com pouco sol, que terminou à roda de uma (ainda) farta mesa com muita comida e algum vinho, celebrando a aventura que tínhamos vivido!

 
 
 
  
  
 
 
 
 
 
  
 

Um Magusto com castanhas, vinho, um pernil e uma passeata atlética


No passado dia 11 de Novembro lá nos encontrámos pela Maçussa, em casa da Luísa e do Zé, para cumprir a tradição do Magusto e do São Martinho.
Para abrir o apetite, e para melhorar os índices atléticos, começámos com uma passeata pelas terras da Maçussa, à qual se seguiu um animado convívio que durou até às tantas da noite, e que, como não podia deixar de ser, contou com as castanhas e o vinho, para além de um apreciado pernil devidamente confeccionado no forno doméstico.