segunda-feira, março 03, 2014

E a Solidariedade se fez Arte. O Atrium no ensaio geral do Orfeu e Eurídice

Foi no passado dia 26 de Fevereiro, que estivemos presentes no Teatro Camões, no ensaio geral solidário, cuja receita reverteu para as organizações UMAR, ILGA e SOS VOZ AMIGA.
O espectáculo, um bailado a partir da ópera Orfeu e Eurídice com música do compositor alemão Christoph Gluck (1714 - 1787), tem coreografia de Olga Roriz e interpretação da Companhia Nacional de Bailado. O acompanhamento musical, ao vivo, está a cargo da orquestra barroca Divino Sospiro, do agrupamento Ecce Ensemble e do Coro da Escola Superior de Música de Lisboa.
Esta lenda grega, de Orfeu e Eurídice, recria o conhecido mito do herói da Trácia que se apaixona perdidamente pela ninfa Eurídice e que com ela protagoniza uma das histórias de amor mais trágicas da Antiguidade. Quando Eurídice morre, por causa de uma mordedura de cobra, Orfeu vai buscá-la ao reino dos mortos, mas não consegue cumprir a promessa de não a olhar. Então, perde-a para sempre.
A propósito deste espectáculo, que narra a história de um amor trágico, Olga Roriz afirmou, "Todos os dias há homens e mulheres que fazem sacrifícios pelo seu amor. Fazem coisas que nunca imaginaram que fariam", e acrescenta, "Esta peça é um longo lamento de Orfeu, que tenta tudo para salvar o seu amor, mas não consegue".
 A Companhia Nacional de Bailado promoveu esta realização no quadro dos trezentos anos do nascimento de Christoph Gluck, sendo esta sua obra considerada um marco na chamada reforma da ópera séria, que veio pôr em causa os excessos do drama, fundados em particular sobre o modelo napolitano tardio.
Refira-se por curiosidade que a ópera foi estreada em Viena, em 1762, durante as festividades em honra do imperador Frederico I e, numa segunda versão, em 1774, em Paris, a convite da rainha Maria Antonieta, tendo sido considerada na altura uma obra revolucionária e controversa.
Foi uma noite que casou de uma forma perfeita a Solidariedade e a Cultura, duas realidades que tão mal tratadas andam nesta nossa sociedade, cada vez mais preocupada com a competição individualista e com os resultados financeiros da actividade humana.