quarta-feira, abril 28, 2021

O Ano em que nasci – Parte VIII (1953 e 1955)

Prosseguimos hoje com a divulgação da Parte VIII das colaborações dos atriunistas no âmbito da actividade O Ano em que nasci.

Seguindo a publicação de acordo com a ordem cronológica dos nascimentos dos intervenientes, dos anos mais antigos para os anos mais recentes, hoje apresentamos as participações da Teresa Sousa (ano de 1953) e da Luísa Falcão (ano de 1955).





Março de 2021

Teresa Sousa



Nasci no ano de 1955.

Depois da Segunda Guerra Mundial e de todos os estragos que esta provocou, vêm os bons anos 50, conhecidos por “Os anos dourados”.

Os meus pais, como muitos milhares de portugueses, tinham vindo da sua aldeia Monforte da Beira para a capital, sendo o meu pai funcionário da Alfândega de Lisboa. Vivíamos então no bairro da Graça e o meu nascimento aconteceu em casa com a ajuda de parteira encartada. Nasci gordinha e saudável. O meu irmão tinha nascido exatamente um ano atrás.

Os anos 50, em Portugal e no mundo ocidental, como já anteriormente foi referido, caracterizam-se por prosperidade económica, industrialização crescente, aumento demográfico e do conforto, era espacial e atómica. Também pelo surgimento e desenvolvimento da televisão e do cinema e de importantes descobertas científicas como o ADN (acido desoxirribonucleico).

Caracterizam-nos também o desenvolvimento tecnológico, da arte, da arquitetura e do design – na Europa, destaca-se a enorme influência do estilo modernista da Bauhaus. E outras formas de expressão tomam grande importância – destaco a música, e em particular a Bossa Nova que surge no Brasil, um misto de samba e jazz, e de que o marco inicial é a música “Chega de saudade” da dupla imbatível Tom Jobim e Vinícius de Morais.

É também época de grandes mudanças nas perspetivas educativas e da saúde mental – destaco Henri Wallon (1879-1962) que coloca a afetividade no centro do desenvolvimento e Anna Freud (1895-1982) que contribui para a compreensão dos mecanismos psíquicos e recordo, também, Carl Jung (1875-1961), psiquiatra que valorizo porque introduz uma atitude humanista face aos doentes e uma perspetiva holística do ser humano.

Dos acontecimentos ocorridos exatamente no ano de 1955 de que tive conhecimento, saliento pela sua importância e impacto que tiveram:

Ao nível da história política:

A adesão da Alemanha Ocidental à NATO, uma aliança militar intergovernamental que visa estabelecer um sistema de defesa colectiva.

A assinatura por parte de diversos países socialistas do Leste Europeu, liderados pela União Soviética, do acordo que cria o Pacto de Varsóvia, uma organização militar que estabelece um compromisso de ajuda mútua em caso de agressão militar.

E o facto de, em 31 de maio, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinar aos Estados o fim da segregação racial.

Ao nível tecnológico, destaco o primeiro rádio portátil transistorizado produzido em massa pela Sony; ao nível do conhecimento científico, a introdução para o público da primeira vacina da poliomielite e a primeira cirurgia de coração aberto que aconteceu nos EUA.

Ao nível do cinema, estreia o filme “Rebelde sem causa” de Nicholas Ray com James Dean que se torna o símbolo da rebeldia dos anos 50 e que morre nesse mesmo ano. Estreia também o filme de animação da Walt Disney “A dama e o vagabundo”. E estreiam filmes de muitos realizadores tornados clássicos, como, Fellini, Antonioni, Elia Kazan, Bunuel, Kurosawa, Kubrick, Orson Welles, Ingmar Bergman e Hitchcock. E muitos outros. É a idade de ouro do cinema.

Ao nível da literatura foi publicado o romance “Lolita” escrito por Vladimir Nabokov. O romance trata um tema controverso: o envolvimento sexual de um professor universitário de Literatura de meia-idade com uma miúda de 12 anos. O romance foi originalmente escrito em inglês e primeiro publicado em Paris em 15 de setembro de 1955. Mais tarde foi traduzido para russo pelo próprio Nabokov.

Em Portugal, é editado o livro de Miguel Torga “Traço de União” e o Prémio Nobel da Literatura foi nesse ano atribuído a um islandês, Halldor Laxness.

Por fim, e como curiosidades, outras figuras nossas conhecidas nasceram nesse ano.

Destaco algumas: Mia Couto, escritor moçambicano, Miguel Esteves Cardoso, jornalista e escritor, Bill Gates e Steve Jobs, fundadores respetivamente da Microsoft e da Apple. Também Sarkozy e Bolsonaro. Faleceram nesse ano, figuras de relevo como Albert Einstein (n. 1879), Luís de Freitas Branco (n. 1890) e James Dean, o jovem rebelde do cinema americano, com apenas 24 anos.

 

Março de 2021

Luísa Falcão