quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Uma tertúlia fadista na associação que preserva a memória de Alfredo Marceneiro

 

Foi no sábado, dia 10 de fevereiro que o Atrium participou num almoço convívio e tertúlia fadista, na Associação Cultural de Fado "O Patriarca do Fado" Alfredo Marceneiro", na Estrada da Portela, em Carnaxide. O dinamizador da associação, e nosso anfitrião, foi Vítor Duarte Marceneiro, neto do consagrado fadista.

A parte artística esteve a cargo dos fadistas da associação, que nos presentearam com um reportório variado desta nossa música, hoje Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.

De salientar a rica contribuição do Atrium no abrilhantamento da sessão, concretizada nas actuações da Maria Viegas, declamando um poema de Manuel Alegre, e da Manelinha, interpretando um bonito fado.

Foi uma tarde bem passada com um animado convívio, à qual não faltou a boa comida - onde se destacou uma tradicional sopa de pedra e uns carapaus de escabeche - e a boa bebida.






No Teatro Tivoli conhecemos alguns Anónimos de Abril


“Anónimos de Abril” é um espectáculo com músicas de Rogério Charraz, letras de José Fialho Gouveia e direção musical do pianista Júlio Resende, composto por 14 canções originais e inéditas, que homenageiam homens e mulheres que tiveram um papel importante na Revolução e na Resistência, mas que acabaram por ficar apenas nos rodapés na História.

Joana Alegre, filha de Manuel Alegre, e João Afonso, sobrinho de José Afonso, juntaram-se ao projeto e deram voz e alma às canções, onde cada tema, dedicado a esses nomes menos conhecidos que lutaram pela Liberdade, é apresentado através da leitura de um texto à qual se segue a parte musical.

Um dos retratados é Francisco Sousa Mendes, neto do cônsul Aristides Sousa Mendes, que, no dia da Revolução, integrou a coluna de Salgueiro Maia e foi um dos homens que escoltou Marcello Caetano após a tomada do Convento do Carmo.

Herculana Carvalho e Luiz Alves de Carvalho são outros dos “protagonistas desconhecidos” apresentados em palco. O casal obteve uma autorização excecional para visitar o filho na Colónia Penal do Tarrafal — situada em Chão Bom, no extremo norte da ilha de Santiago, em Cabo Verde. O campo de concentração do Estado Novo que funcionou entre 1936 e 1956 e ficou conhecido como “Campo da Morte Lenta”. Durante a visita inédita, o casal fotografou todos os presos e as campas dos prisioneiros mortos. Ao regressarem a Portugal, procuraram as famílias dos detidos para lhes entregarem as fotografias.

Foi no dia 29 de janeiro que o Atrium teve a oportunidade de começar a celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 74, de um modo original e muito enriquecedor.



No Teatro Aberto assistimos a uma “Tempestade Ainda”

 

Na noite do dia 19 de janeiro, o Atrium foi ao teatro, ali para os lados da Praça de Espanha, ver a peça de Peter Handke “Tempestade Ainda”.

Nela, o escritor regressa às suas raízes, na região da Caríntia, na Áustria para nos narrar a história dos seus antepassados eslovenos no tempo da Segunda Guerra Mundial. Na paisagem de montanhas, florestas e vales da sua terra natal, os familiares do seu lado materno – o avô, a avó, a mãe, a irmã e os três irmãos da mãe – vêm ao seu encontro e contam-lhe a opressão que sofreram sob o domínio nazi, a proibição de falarem a sua língua, a obrigação de partirem para a guerra com o uniforme alemão, a resistência dos partisans nas montanhas.

Misturando recordações, factos e ficção, Peter Handke presta homenagem aos seus antepassados e ilumina acontecimentos esquecidos pelos livros de História. O título condensa a sua visão da História: o passado continua no presente, há tempestade ainda, as vozes dos antepassados não se calaram, e continuam em quem vem ao teatro para as escutar.

Nos tempos estranhos que estamos vivendo, com o deflagrar de guerras de extrema violência, e com a banalização do uso da força para resolver problemas, a peça ganha toda a actualidade, como um grito contra esse estado de coisas.

Nascido em 1942 em Griffen, na Áustria, Peter Handke venceu o Nobel da Literatura em 2019, sendo apresentado pela Academia Sueca como "um dos mais influentes escritores da Europa depois da Segunda Guerra Mundial".

Handke cresceu com a mãe, de minoria eslovena, e com o padrasto, tendo conhecido o seu pai biológico - um militar alemão - só na idade adulta.