sábado, março 13, 2021

As nossas Fotos com História - Parte II

Prosseguimos hoje a publicação das colaborações recebidas no âmbito da iniciativa Fotos com História, publicando os trabalhos do José Carlos, da Teresa Sousa e da Joana Veríssimo.

  

A ESCOLA TÉCNICA DA PIDE/DGS EM SETE-RIOS – Maio de 1974

O motivo pelo qual escolhi esta foto (mais rigorosamente esta fusão de 4 fotos) não tem a ver com a sua qualidade técnica nem com a qualidade artística da mesma.

Tem tudo a ver com o seu valor simbólico, especialmente no processo político que o nosso país vivia, na data em que a tirei.

Ela representa o desmantelamento de uma organização terrorista (de Estado) que durante algumas décadas maltratou o povo português exercendo uma repressão feroz, prendendo matando e destruindo a vida daqueles que não se conformavam com a ditadura, e que resistiam lutando pela liberdade.

Estávamos no início do mês de Maio de 1974, e no desenvolvimento da Revolução de Abril, a PIDE/DGS, um dos símbolos e um dos suportes do regime, tinha sido extinta. Tendo conhecimento da existência da denominada Escola Técnica de Polícia da PIDE/DGS, em Sete Rios, aproveitei um dia de folga no meu quartel (o Trem Auto na Avenida de Berna) para ir com dois camaradas fazer uma visita às ditas instalações, e lá fui, de Canon Canonet QL17 a tiracolo, registar em película (na altura a fotografia digital ainda não era…) alguns aspetos da referida Escola.

Fazendo um pouco de história, diremos que o início dos cursos para agentes da polícia política remonta a 1 de Dezembro de 1938, com a criação de dois Cursos de Aproveitamento Profissional: um Curso Geral com a duração de seis meses e um Curso Especial com a duração de quatro meses.

Esta escola passou a funcionar neste local, em edifício próprio, no ano de 1948, e integrava para além das salas de “ensino”, uma biblioteca, um museu, um laboratório, uma sala de projeções, um ginásio, uma piscina e uma carreira de tiro, tudo destinado a dar formação aos agentes da então PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), a antecessora da PIDE e da DGS.

Do seu programa “escolar” constavam um Curso Elementar, um Curso de Aperfeiçoamento e vários Cursos de Especialização, designadamente, de fotografia, de identificação, de criptografia, de laboratório, de técnicas de interrogatório, de técnicas de recrutamento de informadores, etc. Os Cursos de Aperfeiçoamento destinavam-se a agentes de 1ª e 2ª classe e os Cursos de Especialização a chefes de brigada, subinspetores e funcionários com "conhecimentos especiais ou aptidão destacada". Para além desta formação havia aulas de judo e tiro.

Tudo para formar física e intelectualmente os homens, guardiões do Antigo Regime!

A Escola tinha sido ocupada no dia 26 de Abril de 1974 pelos fuzileiros, que mantinham a guarda ao edifício, e ao entrarmos deparamos com uma situação algo caótica, muito material armazenado, arquivos e ficheiros espalhados e também uma sala que mais parecia um museu, com todo o tipo de material “subversivo” que tinha sido apreendido. Eram os cartazes das associações de estudantes, os panfletos políticos das diversas proveniências, os livros apreendidos e, num apontamento irónico, dentro de uma vitrina fomos dar com umas dragonas e um chapéu de almirante da marinha, que tinham sido utilizados numa ação de protesto em 1972, na altura da recondução de Américo Thomaz na presidência, e que consistiu na largada de dois porcos fardados de almirante, em pleno Rossio.

Uma referência ao ginásio onde, para além de pesos e bolas medicinais, se destacava um saco de boxe (agora esvaziado).

Por curiosidade recordo que em novembro de 1972 a ARA (Acção Revolucionária Armada) levou a cabo um atentado com explosivos, ao edifício da Escola.  

Exatamente por retratar a destruição de um sistema que reprimiu durante décadas, de uma forma organizada e “científica”, o povo português, é que esta foto tem para mim um grande valor simbólico e daí a sua escolha.

Fevereiro 2021

José Carlos



Escolhi esta foto porque ela representa um dos pontos altos da fantástica estadia do Atrium, promovida por um jovem que em parceria com a CP, desenvolveu um conceito de pacote de fim de semana com transporte, estadia completa, programa cultural e atividades lúdicas em Vila Velha de Rodão.
Sempre muito bem acompanhados pelo Nuno e por um seu amigo, visitámos o Núcleo Museológico do Lagar de Varas, o Espaço Museológico de Arqueologia de Vila Velha de Ródão, o Castelo de Ródão, a Capela de Nossa Senhora do Castelo, o Centro de Interpretação da Foz do Cobrão, para além de várias caminhadas por paisagens de alegrar os olhos assim como o agradável passeio no tejo onde avistámos grifos e outros passarões, nas escarpas das margens do rio Tejo.
Pena é que o projeto não tenha continuado.
(Quatro anos mais tarde, fomos encontrar o jovem Nuno com a sua esposa na exploração vinícola do Vale da Rosa. E por sinal, também foi ele que nos acompanhou na visita).

Fevereiro 2021

Teresa



Foi em 2000 que embarcámos para o Perú.
Tivemos experiências muito enriquecedoras.
De Lima partimos para Cusco a 3,500 metros de altitude. No miniaeroporto logo à chegada ofereceram-nos chá de coca, que segundo diziam, era bom para aguentar a altitude. Visitámos as ruínas incas, a fortaleza Sacsayhuaman, que foi construída em homenagem ao Deus Sol. Visitámos também em Cusco a catedral em estilo barroco e talha dourada. Tem também o Cristo Negro. Uma nota curiosa: no tempo da ocupação espanhola os quadros não podiam ser assinados pelos artistas andinos, então para serem reconhecidos pintavam motivos alusivos, como frutas, animais, etc.
Visitámos também Pisac, assistimos a uma missa rezada em “Quéchua”, idioma indígena e vimos também um forno comunitário.
A foto de grupo foi tirada em Machu-Picchu, também chamada Cidade Perdida dos Incas, construída a 2,400 m de altitude. Foi redescoberta em 1911 por um professor antropólogo Norte Americano da Universidade de Yale.
Fomos de comboio para Juliaca, uma viagem muito divertida porque a certa altura as carruagens começaram a baloiçar muito. Pudemos observar a Cordilheira dos Andes ao longe. Ficámos num hotel em Puno e daí apanhámos o barco no lago Titicaca que nos levou à ilha Tequilla, passando pelas ilhas flutuantes “Totoras” onde vivem os Índios Uros.
No regresso o barco ficou sem gasóleo e tivemos de esperar bastante até resolverem o problema,
Voltámos a Lima, e à saída do hotel o motor do autocarro que nos iria levar para o aeroporto não quis pegar, e os homens do nosso grupo, da parte de trás do autocarro empurraram-no para ver se pegava e pegou mesmo. Lá marchamos finalmente.
Não sei se foi por ser a primeira viagem que fizemos com um grupo de amigos, mas não me vou esquecer nunca mais destes momentos que passámos juntos.

Fevereiro 2021

Joana Veríssimo