Uma deambulação pelos castelos de Ourém e de Leiria com um final em movimento no M|I|MO
O dia (18.03.23) amanheceu acolhedor com um sol luminoso, convidando ao passeio. O trajecto de bus até Ourém, fez-se sem nada a assinalar, e aí chegados demos início à visita guiada ao castelo de Ourém.
Como complemento da visita, aqui vão algumas linhas sobre a
história desta fortificação. O castelo de Ourém, assim como a região onde se
insere, terão passado para o Reino de Portugal, no reinado de D. Afonso Henriques,
que o conquista aos mouros em 1136, e o doa à sua filha Infanta Dona Teresa.
Segundo os vestígios arqueológicos existentes, acredita-se
que este local tenha sido habitado desde a pré-história, passando pelos romanos
e visigodos até à invasão muçulmana, que terá dado origem à primitiva
fortificação de Ourém, local designado ao tempo por Abdegas.
D. Dinis doou este castelo à rainha Santa Isabel, em 1282, e
no reinado de D. Pedro I, Ourém foi elevada a condado. O 2º conde de Ourém, o
fidalgo galego João Fernandes Andeiro, durante a crise de 1385, tomou o partido
de D. Beatriz, que a maioria do povo não queria como rainha, já que o seu
casamento com o rei de Castela, significava a perda da independência
portuguesa. Face a isto o Mestre de Avis, atacou e tomou o castelo passando as
posses do fidalgo galego para D. Nuno Álvares Pereira, que é agraciado com o
título de 3º conde de Ourém.
Durante o século XV, o castelo foi bastante melhorado e
construído o paço dos condes. O terramoto de 1755, causou grandes danos, e
o mesmo aconteceu em 1810, com as invasões francesas. Classificado como
Monumento Nacional, foi restaurado pela Fundação Casa de Bragança, sendo
atualmente sua propriedade.
Está construído sobre uma planta triangular, com torres nos vértices,
que se caracterizam pelas saliências construídas com tijolos e na praça de
armas existe uma cisterna que é alimentada por uma nascente. Estrategicamente
situado no centro país e numa região de grande diversidade de recursos
naturais, o Castelo de Ourém assume uma forma imponente, sendo por isso
considerado um dos mais belos castelos de Portugal.
Entretanto a hora do almoço chegou, e o repasto teve lugar no restaurante “O Curral” em Leiria.
O segundo objectivo do dia, o castelo de Leiria, foi alcançado
depois de uma ingreme subida, facilmente vencida a bordo de um elevador em
carril, cuja cabine envidraçada permitiu uma bonita panorâmica da cidade de
Leiria.
Aqui ficam alguns dados que poderão permitir um
enquadramento histórico da visita. Conquistado aos mouros por D. Afonso
Henriques em 1135, o castelo viria a ser reconquistado pelos muçulmanos, cinco
anos depois, voltando para a mão dos cristãos novamente, em 1142. Mas as lutas
pela sua posse ainda não tinham terminado, tendo sofrido novo ataque islâmico.
Devido a essas lutas, D. Sancho I resolve reedificá-lo no ano
de 1190. Por volta de 1325 D. Dinis manda edificar a Torre de Menagem, que após
algumas reformulações é agora um núcleo museológico. Pensa-se que a Igreja de
Nossa Senhora da Pena e os Paços Episcopais tenham também sido construídos por
ordem de D. Dinis. Aliás este terá sido o rei que mais tempo passou em Leiria,
juntamente com a Rainha Santa Isabel.
Salientamos aqui a magnifica vista sobre a cidade de Leiria,
que pudemos apreciar a partir da Alcáçova, um dos espaços mais bonitos do castelo.
A importância da cidade de Leiria foi crescendo ao longo da
história, tornando-se palco de actos importantes: Aqui se realizaram as
primeiras cortes, convocadas por D. Afonso III, foi residência de D. Dinis
e da rainha Santa Isabel, aqui tem lugar uma nova reunião das cortes no
reinado de D. Fernando e D. João I celebra aqui o casamento do
seu filho D. Afonso, lançando os trabalhos de construção do novo Paço da
Rainha.
O castelo foi perdendo progressivamente o valor militar
e durante as invasões francesas foi bastante danificado. Só em finais do século
XIX, por iniciativa da Liga dos Amigos do Castelo, sob a orientação do
arquiteto suíço Ernesto Korrodi, foram iniciadas obras de restauro e, no início
do século XX, foi classificado como Monumento Nacional.
Construído sobre uma planta poligonal irregular, com sólidas
muralhas e torres, guarda hoje no seu interior vestígios das diversas fases de
ocupação, desde a fortaleza militar ao palácio real, tendo sido vários os reis
e rainhas que se deixaram deslumbrar pela paisagem fantástica que é possível
observar do topo do morro, onde se destacam a Torre de menagem, os Paços Reais,
a Igreja de Nossa Senhora da Pena (recentemente intervencionada e protegida com
uma nova cobertura) e as Cisternas Medievais (também abertas a visitas).
A tarde já ia adiantada, pelo que tivemos de nos apressar para chegar a tempo de visitar o Museu das Imagens em Movimento (M|I|MO), cujas portas encerravam às 17h30.
Este museu é um interessante espaço de homenagem à
fotografia e ao cinema, juntando arte, ciência e técnica.
As suas coleções de objetos dão-nos a conhecer a evolução da
cinematografia, numa magnífica viagem pelos limites da imaginação, num caminho
de luz e sombra, cor, ritmo e volume, engenho e arte… ilusão e realidade!
Nascido no âmbito das comemorações do centenário do Cinema
Português (1996), para além de exposições, promove regularmente atividades
lúdicas e criativas, tendo sido premiado em 2011 pela APOM (Associação
Portuguesa de Museologia), com uma menção honrosa na categoria de Melhor Museu
Português, e em 2022 distinguido com o Prémio Cinco Estrelas Regiões, na
categoria Museus.
A sua coleção encontra-se dividida em três áreas:
pré-cinema, fotografia e cinema. Na área do pré-cinema pudemos apreciar teatros
de sombras, máquinas e brinquedos óticos e lanternas mágicas. A coleção de
fotografia é constituída por máquinas fotográficas, visores e imagens
fotográficas. A área do cinema dedica-se essencialmente aos diversos tipos de
projetores de filmes, câmaras de filmar entre outros.
Este museu que se situa dentro da muralha do castelo de
Leiria, ocupa as antigas cavalariças, junto à Igreja de São Pedro.
O regresso a Lisboa, a bordo do bus, permitiu a recuperação
de algum desgaste físico, que a “conquista” das duas fortalezas produziu nos
atriunistas, menos treinados para estas andanças… Mas valeu a pena!