O Atrium à descoberta de Lisboa – O sítio de Restelo / Belém
Arrostando
com a chuva, que nestes últimos meses tem sido uma constante que nos tem
acompanhado nas nossas actividades de ar livre, cerca de 30 ensonados
atriunistas e amigos, lá se arrastaram até ao café do Restelo, local onde se
iria iniciar uma maratona por este sítio de Restelo / Belém, que se iria
prolongar para lá das 17 horas.
Aqui fomos presenteados com uma bem documentada introdução histórica ao local, que nos foi oferecida pelo Albano, o grande dinamizador desta iniciativa.
Nela tomámos contacto com a complexa e encantadora história do sítio de Belém que se sustentou ao longo dos séculos num equilíbrio entre o chique e o genuíno, a pacatez e o tumulto, a discrição e a grandeza e monumentalidade.
Aqui fomos presenteados com uma bem documentada introdução histórica ao local, que nos foi oferecida pelo Albano, o grande dinamizador desta iniciativa.
Nela tomámos contacto com a complexa e encantadora história do sítio de Belém que se sustentou ao longo dos séculos num equilíbrio entre o chique e o genuíno, a pacatez e o tumulto, a discrição e a grandeza e monumentalidade.
Alguns factos
dessa história: É do Restelo que parte a expedição a Ceuta (110 navios com
20.000 homens), e é do Restelo que parte, em 1497, Vasco da Gama para a
descoberta do caminho marítimo para a Índia. Foi também aqui que Cristóvão
Colombo, regressado das Américas, fundeou em 1493.
Foi neste local que em 1495 D. Manuel I decidiu erguer um panteão para a casa real – o mosteiro dos Jerónimos. Jerónimos porque foi esta a Ordem a quem fez doação régia em detrimento da Ordem de Cristo que sai do local para a igreja da Conceição Velha.
A primeira visita da manhã foi à recém-construída (em 2012) igreja de S. Francisco de Xavier, um projecto polémico do arquitecto Troufa Real, que por falta de verbas (até agora foram gastos 3 milhões de euros) não foi concretizado na totalidade. O projecto baseou-se na vida do apóstolo do Oriente, S. Francisco de Xavier, daí a presença no projecto de referências orientais, tais como a casa paroquial pintada em cor de laranja berrante rematada no topo por pequenas pirâmides no lugar do telhado e do seu bojo que faz lembrar uma nau do período dos descobrimentos.
Em seguida rumámos à Urbanização do Alto do Restelo ou Bairro EPUL do Restelo. Após várias versões, em 1970 os arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas (com João Paciência e Pedro Botelho), elaboram um plano que retoma a ideia de cidade constituída primordialmente por ruas e quarteirões, de baixa e média altura, trazendo para primeiro plano a valorização da relação entre vias e edifícios, procurando referências ancoradas na memória lisboeta, neste caso da malha pombalina em encosta, privilegiando vistas de enfiamento sobre o rio.
O local seguinte de paragem, foi junto ao Estádio do Restelo, e aqui recordou-se um pouco da história do Clube de Futebol os Belenenses, um velho e popular clube lisboeta, fundado em 23 de Setembro de 1919, com um longo historial de sucessos desportivos em diversas modalidades. Houve ocasião também de evocar a figura de Pepe, uma lenda e um mito do futebol português e do Belenenses, tragicamente desaparecido aos 23 anos.
Foi neste local que em 1495 D. Manuel I decidiu erguer um panteão para a casa real – o mosteiro dos Jerónimos. Jerónimos porque foi esta a Ordem a quem fez doação régia em detrimento da Ordem de Cristo que sai do local para a igreja da Conceição Velha.
A primeira visita da manhã foi à recém-construída (em 2012) igreja de S. Francisco de Xavier, um projecto polémico do arquitecto Troufa Real, que por falta de verbas (até agora foram gastos 3 milhões de euros) não foi concretizado na totalidade. O projecto baseou-se na vida do apóstolo do Oriente, S. Francisco de Xavier, daí a presença no projecto de referências orientais, tais como a casa paroquial pintada em cor de laranja berrante rematada no topo por pequenas pirâmides no lugar do telhado e do seu bojo que faz lembrar uma nau do período dos descobrimentos.
Em seguida rumámos à Urbanização do Alto do Restelo ou Bairro EPUL do Restelo. Após várias versões, em 1970 os arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas (com João Paciência e Pedro Botelho), elaboram um plano que retoma a ideia de cidade constituída primordialmente por ruas e quarteirões, de baixa e média altura, trazendo para primeiro plano a valorização da relação entre vias e edifícios, procurando referências ancoradas na memória lisboeta, neste caso da malha pombalina em encosta, privilegiando vistas de enfiamento sobre o rio.
O local seguinte de paragem, foi junto ao Estádio do Restelo, e aqui recordou-se um pouco da história do Clube de Futebol os Belenenses, um velho e popular clube lisboeta, fundado em 23 de Setembro de 1919, com um longo historial de sucessos desportivos em diversas modalidades. Houve ocasião também de evocar a figura de Pepe, uma lenda e um mito do futebol português e do Belenenses, tragicamente desaparecido aos 23 anos.
A memória deste
torneiro mecânico das oficinas da Aviação Naval em Belém, que se estreou a
jogar pelo Belenenses aos 18 anos e pela Selecção Nacional aos 19 anos (num
memorável encontro com a França, em que marcou 2 dos 4 golos com que derrotámos
a selecção gaulesa), é lembrada no baixo-relevo, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida, aqui existente no Estádio
do Restelo.
Após esta incursão pela história desportiva, rumámos até
à Ermida do Santo Cristo, construída no início do século XVI, e que fazia parte
da cerca do Mosteiro de Santa Maria de Belém (Mosteiro dos Jerónimos). Apesar
das reduzidas dimensões e da sobriedade exterior, esta ermida que esteve
soterrada muitos anos, constitui-se, especialmente no interior, como uma
construção de proporções elegantes e equilibradas. Tal como a ermida de São
Jerónimo, foi desenhada João de Castilho.
Seguiu-se a
visita à Ermida de São Jerónimo, interessante construção, também existente na
antiga cerca pertencente os frades do Mosteiro dos Jerónimos. De planta
semelhante à do Santo Cristo, apresenta, no entanto, dimensões mais vastas que
aquela, destacando-se no exterior os típicos elementos manuelinos da decoração
dos vãos, os pináculos torsos da terminação dos gigantes e o cordão que remata
os dois corpos. O arranjo paisagístico da zona envolvente, de elevada
qualidade, foi da autoria do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles. Diz a
lenda que ali ”…se quedavam os frades do Mosteiro dos Jerónimos à espera que
chegassem as naus da Índia, cujos direitos de especiarias (vintena) eles
cobravam...”.
Dirigimo-nos
depois até ao Bairro do Restelo Sul, onde visitámos o Centro Comercial do Restelo,
classificado como Monumento de Interesse Público em Dezembro de 2012. Trata-se
de um conjunto arquitectónico de grande qualidade, construído entre 1949 e 1956,
projectado por Raul Chorão Ramalho.
O
Centro Comercial do Restelo é possivelmente o primeiro centro comercial ao ar
livre do nosso pais e é uma das mais significativas obras do Movimento Moderno
em Portugal, sendo constituído por quatro blocos idênticos, distribuídos em
dois grupos simétricos em relação à rua que atravessa o conjunto, formando um
quarteirão que dá continuidade à malha habitacional envolvente, na qual se
insere com elegância e sobriedade, embora assuma uma linguagem diferenciada,
claramente moderna.
Antes
do almoço, realizado num restaurante local, passámos pelo Largo da Princesa, no
sítio da antiga quinta da Infanta D. Maria Francisca Benedita, irmã da
rainha D. Maria I. O projecto do chafariz deve-se ao arquitecto Malaquias
Ferreira Leal. A obra foi inaugurada em 1851 tendo a sua construção resultado
da necessidade de água potável no local onde tinha surgido um surto epidémico.
Mais abaixo apreciámos
a agora reabilitada a Casa do Arco da Torre ou do governador do forte do Bom
Sucesso.
A tarde
iniciou-se com a visita guiada ao Museu Centro Cultural Casapiano, onde tomámos
contacto com a importante obra desta instituição, ao longo dos seus quase 232
anos de existência, em diversas áreas, tais como a educação especial, o ensino
artístico, o ensino musical e o jornalismo.
A
Casa Pia de Lisboa surgiu inicialmente como uma resposta formativa para um
problema social, que era a falta de trabalho que se fazia sentir em finais do século
XVIII, e que se traduzia no aumento da mendicidade e da vadiagem nas ruas da
cidade de Lisboa. O objectivo era o de ministrar instrução e a aprendizagem de
um ofício.
Mais
tarde transforma-se numa grande Instituição de Solidariedade Social, uma escola
moderna, com mais de um milhar de alunos. Ali se ensina os ofícios, os
rudimentos literários, línguas vivas, anatomia, farmácia, obstetrícia, etc.
Saindo da
Casa Pia dirigimo-nos à zona denominada “ Chão Salgado”, lugar onde no século
XVIII se viveu um dos dramas da nossa história.
Em 3 de
Setembro de 1758 D. José I, depois de um encontro amoroso com D. Leonor de
Távora, sofre um atentado. O resto da história é bem conhecido: prisão dos
conspiradores, rápido julgamento e cruel execução dos principais implicados num
cadafalso erguido em frente ao palácio de Belém.
Foi ordenada
também a demolição do palácio do Duque de Aveiro, presumível cabecilha da
conjura, e a salga do terreno para que nada aí crescesse. É esta justificação
da identificação do lugar que chegou aos nossos dias.
Visitámos em
seguida a ermida de Nossa Senhora da Conceição, que hoje é uma galeria de arte,
e na rua de Belém observámos o prédio onde hoje se localiza a pensão
Setubalense. Aí existiram as famosas “Mercearias” de Belém até 1834, data em
que foram destruídas para a construção do actual edifício. A instituição das
“Mercearias”, anterior à das Misericórdias, data do século XIII. Os seus
benefícios foram grandes, embora se destinassem apenas a pessoas de “bom
nascimento ou de insuspeito porte”, o que limitava a sua missão de caridade.
Pelo Jardim
Vasco da Gama e Praça do Império dirigimo-nos até ao Padrão dos Descobrimentos
onde concluímos a nossa deambulação. Aqui visitámos uma exposição denominada
“Fotógrafos do Mundo Português – 1940”. Trata-se da primeira de uma série de
mostras temáticas dedicadas a diferentes intervenções e áreas artísticas que
integrara a Exposição do Mundo Português.