quinta-feira, abril 02, 2020

Um dia passado na beira Tejo, revisitando as Linhas de Torres e vagueando nos passadiços dos avieiros


No sábado 7 de março de 2020, o encontro dos atriunistas e amigos foi no Centro Interpretativo do Forte da Casa, no concelho de Vila Franca de Xira, onde teve lugar uma apresentação, por três técnicos da autarquia, da integração deste equipamento militar nas chamadas Linhas de Torres, um conjunto de 152 fortificações militares, construídas para defesa da cidade de Lisboa contra as invasões dos exércitos napoleónicos em 1810.
Recordemos que, há cerca de 10 anos, mais exactamente no dia 21 de Abril de 2010, também numa actividade do Atrium, visitámos no concelho de Torres Vedras o seu museu municipal e alguns fortes daquela zona. No nosso blogue poderão aceder ao post “O ATRIUM PELAS LINHAS DE TORRES VEDRAS REVISITANDO A GUERRA PENINSULAR”, onde se encontra a descrição desta visita.
Voltando ao Forte da Casa, diremos que esta obra militar n.º 38, foi construída no arranque da segunda linha de fortificações, numa posição estratégica privilegiada: a Serra da Albueira, actualmente na área da freguesia do Forte da Casa.
Ele estava integrado numa série de sete fortes que se estendiam desde a margem do rio Tejo às alturas da serra, e tinha como objectivo impedir o avanço do exército inimigo pelas duas principais estradas de acesso à capital, a estrada real de D. Maria I, que corria junto ao rio, e a estrada real de Vialonga.
A sua planta é em formato de estrela, dotada de fosso, seis canhoneiras e tinha capacidade para 340 homens. Foi guarnecido com cinco peças de calibre 9, manejadas por artilheiros e ordenanças portuguesas.
No exterior tivemos a oportunidade de apreciar as canhoneiras (aberturas onde eram colocadas as bocas-de-fogo), o Paiol, destinado à armazenagem dos explosivos e das munições, e o Parapeito, o muro de protecção contra o fogo inimigo.
Terminada a visita voltámos à estrada e dirigimo-nos ao nosso próximo destino, a Área Museológica da Póvoa de Santa Iria. Aí fomos recebidos nas instalações da sede daquela área, onde pudemos apreciar uma exposição fotográfica “Traços do Rio – Rostos, Gestos, Vidas”, uma exposição que nos mostra um olhar sobre a comunidade Avieira da Póvoa de Santa Iria, da autoria de Miguel Mestre.
A manhã soalheira convidava a uma caminhada e o grupo não se fez rogado partindo pelos passadiços à beira Tejo, para desentorpecer as pernas, apreciar as bem conservadas casas de madeira dos avieiros e ganhar algum apetite para o almoço que se iria seguir.
Novamente a bordo das viaturas, partimos rumo a Alhandra onde se realizou o repasto no restaurante “U14”, uma animada, mas muuuuitooooo demorada refeição que teve ao menos a vantagem de ter permitido um longo e generalizado convívio…
Após uns momentos relaxantes no passeio à beira do Tejo, de águas brilhantes, refletindo o Sol que nos acompanhou durante todo o dia, dirigimo-nos ao último ponto da nossa jornada, o monumento a Hércules, no miradouro, em Alhandra.
Este monumento, pouco conhecido dos portugueses, foi erigido em memória dos Defensores das Linhas de Torres, assinalando o seu papel determinante na resistência aos invasores franceses.
Constituído por uma estátua de Hércules, no cimo de uma coluna, é da autoria de José Simões de Almeida, e foi construído no ano de 1883, por ordem do Marquês Sá da Bandeira, exactamente no local onde se situava o reduto da Boavista (n.º 3), que pertencia à primeira linha defensiva da capital.
E chegou ao fim um dia bem passado, pela zona ribeirinha do nosso belo rio Tejo, e todos regressámos a Lisboa mais arejados e enriquecidos com mais alguns conhecimentos sobre a Guerra Peninsular, cujo desfecho teve uma importância decisiva na definição do futuro de Portugal.
E para terminar esta simples crónica, nada melhor do que um louvor ao nosso rio, cantado neste inspirado verso de um poema de Manuel da Fonseca.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar