sexta-feira, março 19, 2021

As nossas Fotos com História - Parte V

Publicamos hoje a Parte V das colaborações no âmbito da iniciativa Fotos com História, com as participações da Lena Alves, da Glória e da Guida Boavida.  


Todas as fotografias têm história. Tentar selecionar uma fotografia para o nosso passatempo foi-me muito difícil, quase crítico...!

Comecei a folhear os álbuns e ali apareciam histórias de infância e juventude com amigos de então, parentes queridos que já não estão, momentos únicos e inesquecíveis … em nossa casa ou em casa de amigos, em bailaricos e picnics, na praia e férias, depois de um exame ou em comunhões, batizados e casamentos, aniversários e outros eventos, na piscina, em procissões e locais panorâmicos … memórias que se iam actualizado nas imagens.

Depois, em álbuns mais recentes, fotografias que contam o passar dos anos da minha querida filhota, de outras férias e viagens, de encontros, almoçaradas e festarolas, e da chegada dos meus (amores) netos e, mais …. e mais...!

Como veem era difícil …! resolvi simplificar:

Deixo-vos aqui uma fotografia relativamente recente que regista momentos de um dia muito agradável, do ano de 2019. Estávamos na Páscoa e ainda vivíamos em anos de inocência da pandemia. Recordo com muito prazer e muita ternura.

Fevereiro de 2021

Lena Alves


Está foto foi tirada em Essaouira Marrocos em 3 de outubro de 2001. Foi a porta para uma caminhada inesquecível, pela costa atlântica durante 12 dias, 5 mulheres e 1 homem, caminhamos e acampamos, aproximava-nos das aldeias para repor água e outros bens, e principalmente tomar banho, (com baldes de água tirada dos poços) é uma rota com muito pouca população e longe dos meios turísticos.  

O que mais guardei na memória foi a gentileza e bondade deste povo, em que a porta está aberta, e a quem passa é servida água e oferecido chá. 

Sentimo-nos sempre seguros, esta caminhada foi 3 semanas após o ataque a Nova Iorque. 

Em todos os dias houve surpresas e diversão, entre 6 pessoas que não se conheciam. 

Fevereiro de 2021 

Glória


A foto foi tirada na cidade do Funchal, onde nasci e vivi a minha infância e adolescência. Somos oito irmãos, e eu a segunda mais velha. Este terraço faz-me lembrar as brincadeiras que aí tínhamos, um espaço com uma bela vista sobre toda a cidade e freguesias circundantes, e ainda, claro, para o mar. Era um lugar privilegiado para ver o fogo de artifício na passagem do ano, onde a família alargada e os amigos sempre acorriam nessa noite. Faz parte do edifício dos Correios, onde então vivíamos, porque o meu pai era ali funcionário. As brincadeiras que tínhamos quer no terraço, quer num pátio de entrada para os Serviços Técnicos, perduram para sempre na minha memória.

Recordo-me, por exemplo, do meu irmão atirar a bola de propósito para ela ir cair num pátio das traseiras, onde, para ir buscá-la, tinha de pedir a um funcionário para abrir uma porta. E isto porquê? Porque, quando uma primeira vez em que ela caiu lá por acaso, tinham combinado que o meu irmão a mandasse para lá de vez em quando, para assim darem uns toques na bola.

Ou então, da boleia que os guarda-fios nos davam em cima do camião que trazia postes para os telefones, troncos tratados com petróleo, onde nos levavam naqueles menos de 100 metros de pátio. Quando chegávamos a casa só um banho nos valia...

Melhor ainda era quando a nossa vizinha, filha única, era autorizada a juntar-se a nós na brincadeira. Subíamos a casa dela para ajudar a trazer os brinquedos, que nós não tínhamos, como fosse a trotinete, os patins, o triciclo... Depois fazíamos exibições, descendo o pátio com uma só mão na trotinete ou a patinar em grande velocidade pela ladeira abaixo, enquanto os mirones que passavam na rua ali ficavam a observar-nos...

Mas o gozo supremo era irritarmos o nosso vizinho, para nós então o inimigo público, que estava sempre zangado connosco. Era o Vicente Jorge Silva, infelizmente recentemente falecido. Vivia no prédio ao lado, dos conhecidos Vicentes Fotógrafos e, mal nos sentia por ali, sentava-se no muro do quintal, só para nos irritar... Até chegávamos a atirar pedras uns aos outros...

 

Fevereiro de 2021

Guida Boavida