segunda-feira, março 30, 2020

O Atrium no MNAA na exposição de Alvaro Pirez


Foi no dia 15 de Fevereiro, numa manhã soalheira que o Atrium se encontrou de novo no Museu Nacional de Arte Antiga para uma visita guiada à exposição de Álvaro Pirez (ou Pires) de Évora, o mais antigo pintor nascido em Portugal e documentado na região da Toscana em Itália, onde trabalhou entre os anos de 1410 e 1434, através da assinatura que deixou no retábulo da Igreja de Santa Croce de Fossabanda, próximo de Pisa. Nesse retábulo assinou como “Alvaro Pirez Devora Pintov” ou seja, traduzindo para o português corrente, seria “Álvaro Pires de Évora Pintou”.
Terá saído de Portugal para Itália há cerca de 600 anos, e a sua presença está também documentada por Giorgio Vasari, o principal biógrafo dos pintores do Renascimento, que o identificava como “Alvaro di Piero di Portogallo” e enquadrava a sua pintura no estilo gótico tardio de Pisa.
Na exposição pudemos apreciar a sua pintura “A Anunciação” que foi recentemente adquirida pelo Estado num leilão da Sotheby’s em Nova Iorque por 280 mil euros (pertencia anteriormente à coleção do chanceler alemão Konrad Adenauer), tornando-se primeira obra do artista a figurar no espólio do MNAA, tendo sido colocada, pela sua importância, na mesma sala dos Painéis de São Vicente, atribuídos a Nuno Gonçalves. Este é um quadro pequeno (30 cm x 22 cm), pintado entre os anos de 1430 e 1434, com cores vibrantes e com pormenores preciosos nas asas do Arcanjo Gabriel e nas roupas de Maria, enquanto a mão de Deus, canto superior esquerdo, parece tudo comandar.
A mostra conta ainda com obras dos grandes pintores toscanos do seu tempo, num total de 85 peças, obtidas através de empréstimos de grandes museus europeus, entre os quais se destacam a Gemaldegalerie (Berlim), o Musée du Petit Palais (Avignon), o Museo Nazionale di San Matteo (Pisa), a Pinacoteca Nazionale di Siena, a Galleria d`Arte Moderna (Milão), as Gallerie degli Uffizi (Florença) e ainda outras instituições museológicas e coleções privadas de referência, de Itália, França, Alemanha, Hungria e Polónia.
Para concluir, informamos que poderão aprofundar este tema no livro de Reynaldo dos Santos, de 1922 “Álvaro Pires de Évora – Pintor”, que está disponível no site: