segunda-feira, dezembro 06, 2021

Um Magusto enriquecido com uma visita às Ruínas Romanas de Rio Maior

Dia 13 de novembro, um sábado que amanheceu com um sol luminoso. Eram perto das 11 horas quando as/os atriunistas se encontraram em Rio Maior, junto às ruínas da Villa Romana.


Aqui fomos recebidos por uma técnica da Câmara Municipal que nos proporcionou um a interessante visita guiada pelas ruínas desta Villa Romana, datada do séc. III/IV, e descoberta em 1983.
O que levou à sua descoberta foram as referências existentes num livro sobre a história de Rio Maior, de Francisco Pereira de Sousa, nas quais se dava conta de, algures no século XIX, um agricultor ao lavrar o seu campo desenterrara dois fustes de coluna em mármore, um deles com cerca de 4 metros de comprido, tendo ainda encontrado fragmentos de mosaicos romanos. Posteriormente outro agricultor encontrou uma sepultura de tijoleira.
Os Serviços de arqueologia da Câmara Municipal de Rio Maior procederam a sondagens arqueológicas, em 1992 e 1993, e a primeira escavação arqueológica sistemática inicia-se em 1995, por solicitação do IPPAR, que a prolongou até 1999. Em resultado dessas iniciativas, descobriram-se uma grande quantidade de mosaicos e várias peças, indicadores bastante seguros de que se estava perante uma Villa Romana muito importante e bem conservada.
Neste momento já estão a descoberto quatro corredores, seis salas e duas absides, compartimentos todos eles revestidos a pavimentos policromados, que pudemos apreciar. No entanto estima-se que grande parte do conjunto ainda se encontre enterrado, pelo que se preveem novas intervenções tendo em vista a sua recuperação.














Finda a visita passámos à segunda parte da actividade, a celebração do Magusto, com um animado almoço enriquecido com as inevitáveis castanhas e água-pé (as tradições são para se manter…), em casa da Marina e do Zé Carlos, nas Boiças.
Com toda a gente vacinada e testada, o malfadado vírus não foi tido nem achado neste animado convívio que durou até ao fim da tarde.






No Teatro da Barraca o Atrium assistiu a um desafiante elogio da loucura

Foi no passado dia 21 de outubro que fomos até ao Teatro da Barraca para assistir à peça Elogio da Loucura, um espectáculo com encenação de Hélder Mateus Costa e Maria do Céu Guerra, a partir de Erasmo de Roterdão.

Publicado pela primeira vez em 1511, "Elogio da loucura" é considerado, na história do pensamento europeu, uma das obras mais influentes da civilização ocidental e um impulso para a reforma protestante ocorrida na Europa, no século XVI.

Pelo seu interesse, transcrevemos um texto do encenador Hélder Mateus Costa, sobre a peça.

Erasmo era cristão, mas sabia ver as falhas que existiam no fanatismo religioso, na opressão da igreja católica e o seu mundo de corrupção de que foi um ponto alto e inconcebível a invenção das Indulgências! Uns papéis que eram vendidos para absolver dos pecados quando chegasse o Juízo Final! Ele denunciou essa prática, que depois Lutero imitou e deu origem à cisão Protestante.

Claro que este teólogo e pensador criticava também muitos comportamentos e pensamentos da sociedade, não só do seu tempo, mas de abrangência Universal e atemporal. E como verdadeiro homem do Renascimento, construiu um humanismo de raiz cristã, unindo a sabedoria da Antiguidade com a ética do Cristianismo, que combatia a hipocrisia de cristãos que cometiam erros e diziam que a culpa era do Diabo!

Este novo homem do Renascimento tinha confiança em si próprio, conquistada com uma luta que o transformou no grande instrumento da sua época, livre de ter como único socorro a graça divina. Fugia do medo e do pessimismo e olhava o futuro com optimismo, confiando na sua acção, no seu livre-arbítrio. E como não era fanático, compreendeu sempre que um ateu é preferível a um falso cristão, como já disse o Papa Francisco.

Foi o "homem Europeu", cidadão do mundo que espalhou a sua mensagem pela Flandres, onde nasceu, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Suíça, onde terminou os seus dias também fugindo à Inquisição.

Entre as muitas amizades que criou é de realçar Thomas More, autor de "Utopia" e a quem ele dedicou a obra-prima " O Elogio da Loucura", cuja agudeza satírica e coragem continuam a ser um bálsamo para os nossos tempos.

Talvez fosse de começarmos a pensar num Neo-Renascimento.