segunda-feira, agosto 26, 2013

O Atrium em terras de Vila Viçosa e Elvas

Nos dias 29 e 30 de Junho, o Atrium e alguns amigos rumaram até Vila Viçosa e Elvas. O calor do verão e humano ia-nos derretendo!!! Mas foi fixe…
O dia iniciou-se com a visita ao Paço Ducal de Vila Viçosa, um edifício monumental cuja construção se iniciou em 1501, por decisão do quarto Duque de Bragança, D. Jaime. As campanhas de engrandecimento e melhoramento sucederam-se ao longo dos séculos XVI e XVII, conferindo ao edifício a dimensão e as características actuais - a fachada com 110 metros de comprimento é única na arquitectura civil portuguesa e revela inspiração clássica.
Com a ascensão da Casa de Bragança ao trono de Portugal em 1640, Vila Viçosa passará de residência permanente da primeira família da nobreza nacional, a mais uma das residências reais espalhadas pelo reino. O Paço Ducal viverá de novo momentos áureos quando dos casamentos duplos dos filhos de D. João V e de D. Maria I com os filhos dos soberanos espanhóis, seus contemporâneos, episódios conhecidos por Troca de Princesas. Nesses momentos novas campanhas de obras dotam o Paço de melhoramentos visíveis no andar nobre, cozinha e Capela.
Com a implantação da República, o Paço Ducal encerra as portas, que serão reabertas nos anos quarenta, já após a criação da Fundação da Casa de Bragança, por vontade expressa em testamento por D. Manuel II.
À entrada, uma bonita escadaria, transportou-nos ao piso superior. Visitámos os apartamentos e os vários salões, a armaria e a colecção de carruagens.
No exterior visitámos a Igreja das Chagas, parte do Convento das Chagas, hoje parcialmente ocupada pela Pousada D. João IV. Continuámos para a Igreja dos Agostinhos (em restauração), parte do convento com o mesmo nome.
Depois de um típico e apetitoso almoço alentejano, fomos conhecer a a igreja da Conceição,  e a seguir seguimos para o Castelo.
Vila Viçosa recebeu de D. Afonso III (1248-1279) a sua Carta de Foral, passada em 5 de Junho de 1270. Datará, dessa época, o início da construção de seu Castelo, a que seu filho e sucessor, D. Dinis (1279-1325), dará um efetivo impulso, terminando a sua edificação e fazendo erguer a cerca da vila.
O castelo, hoje propriedade da Fundação da Casa de Bragança, sofreu intervenções de consolidação e restauro em diversos momentos ao longo do século XX, tendo servido durante alguns anos de pousada. Atualmente encontram-se nele instalados o Museu da Caça e o Museu de Arqueologia da Fundação.
Toda a visita foi acompanhada pela  Drª Maria Jesus Monge, Directora do Museu/Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança.
Seguimos depois para a Tapada Real de Vila Viçosa, acompanhados pelo seu responsável Engº Marcos Charrua. 
A Tapada é um espaço de lazer criado pelo rei D. Carlos, um apaixonado pela festa brava e pelas maravilhas da Natureza. Através de uma porta manuelina acede-se a esta vasta área florestal, com cerca de 1698 hectares, onde pudemos observar as mais variadas espécies arbóreas e animais bravios, incluindo veados e gamos, bem como a Casa de Repouso que D. Carlos usava nas suas caçadas e as pequenas Ermidas, que também serviram como atalaias.

O dia 30 foi preenchido com a visita a Elvas «a chave do reino», na companhia do José Cardim e do Professor António Paulo David Duarte especialista em História Militar Portuguesa.
Elvas é uma cidade com grandes características históricas e patrimoniais, tendo sido classificada pela UNESCO no dia 30 de Junho de 2012 como Património Mundial devido às suas fortificações do séc. XVII e XVIII. Foram classificadas as Muralhas Seiscentistas de Elvas, o Aqueduto da Amoreira, Fortes da Graça e de Santa Luzia, Fortins de São Mamede, São Domingo e São Pedro, Cercas Medievais, edifícios militares e o Centro Histórico da antiga praça-forte de Elvas.
Situada num ponto estratégico, Elvas teve a sua história marcada pela guerra e pelos inúmeros assédios castelhanos. Foi essa história militar que deu origem a esta riqueza patrimonial, tornando a cidade como uma das maiores cidades-quartel de guerra e a maior fortaleza abaluartada terrestre, de todo o mundo.
Visitámos o Museu Militar, instalado no antigo Regimento de Infantaria 8, onde tivemos oportunidade de apreciar o conjunto bem preservado das muralhas, a manutenção das casas e das instalações militares.
No percurso para o Castelo Medieval  passámos por algumas igrejas. Após a visita ao Castelo Medieval, seguiu-se o almoço que incluiu um refrescante e saboroso gaspacho.
O dia terminou com a visita ao Forte da Graça. Este forte foi mandado construir por D. José I, no monte onde se encontrava a antiga capela de Nossa Senhora da Graça. O monte da Graça é um dos pontos mais altos da região, constituindo portanto um local de grande importância estratégica. Durante o cerco de Elvas (1658-1659), no contexto da Guerra da Restauração, o exército espanhol tomou o local e nele instalou uma posição de artilharia, a partir da qual atacou severamente a cidade. A situação repetiu-se em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando Elvas foi novamente sitiada. Finalmente, e logo em 1763, D. José I determinou a construção de uma fortaleza que permitisse completar o circuito defensivo da cidade. Do seu planeamento foi encarregado o Marechal Wilhelm von Schaumburg-Lippe, mais conhecido como Conde de Lippe, que viera de Inglaterra no ano anterior, para dirigir a defesa do reino.
O forte é uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, tanto pela originalidade das soluções aí apresentadas, como pela sua monumentalidade.