quinta-feira, fevereiro 19, 2015

O Atrium visita o Convento de São Pedro de Alcântara

Foi no último dia do mês de Janeiro, que voltámos ao Bairro Alto, para uma visita guiada ao Convento de São Pedro de Alcântara, recentemente aberto ao público.
Este convento foi fundado por iniciativa de D. António Luís de Menezes, 1º Marquês de Marialva, em cumprimento da promessa por ele feita em 1665, na véspera da Batalha de Montes Claros (Guerra da Restauração), de erigir em Lisboa um convento dedicado a São Pedro de Alcântara, caso os portugueses vencessem esta batalha.
Em janeiro de 1670, foi dada autorização régia para a instalação no local dos franciscanos capuchos, da província da Arrábida.
Em 1833, pelo Decreto de 31 de Dezembro, o convento foi secularizado e o edifício entregue à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que aí instalou um recolhimento de órfãs.
O convento é um edifício urbano, integrado na malha do Bairro Alto, que ocupa um quarteirão de grande extensão, tendo sofrido ao longo do tempo várias alterações e obras de ampliação. Foi destruído quase por completo no sismo de 1755, tendo sido a reconstrução iniciada em 1783.
A sua planta é em U, e desenvolve-se em 3 corpos rectangulares articulados em volta de uma escadaria de 4 lanços, decorada por azulejos, que representam a condenação de S. Pedro, que conduz a um adro sobrelevado e lajeado. A entrada para a Igreja, rasgada sob um pórtico de arcos e galilé, dá acesso simultâneo às Casas do Convento e à Capela dos Lencastres, uma sumptuosa capela em mármores embutidos, ao gosto italiano, considerada a jóia deste monumento, edificada neste conjunto mais tardiamente, entre 1686 e 1692.
A Igreja, de nave única largamente iluminada por grandes janelões, é predominantemente barroca, traduzindo um harmonioso equilíbrio entre a talha dourada e os azulejos monocromáticos setecentistas. De destacar, ainda, os frescos do tecto e a tela original de Antoine Quillard, representando "A Coroação de Nossa Senhora pela Santíssima Trindade". Outro aspecto curioso desta área, que engloba a Igreja e o Convento, deve-se ao facto de ter sido constituída em necrópole de pessoas ilustres, entre as quais Manuel da Maia, sepultado na Casa do Capítulo.
A sua abertura ao público verificou-se em Novembro de 2014. 

O Atrium no Teatro D. Maria II, rendido ao avantajado apêndice nasal de Cyrano de Bergerac

No passado dia 22 de Janeiro fomos mais uma vez ao teatro, desta vez para assistir à peça Cyrano de Bergerac, uma comédia heróica escrita em 1897 por Edmond Rostand, baseada na vida daquele que foi um poeta, um dramaturgo e um livre-pensador, que aliava estas qualidades intelectuais com a sua destreza em lidar com as armas, sendo mesmo um exímio espadachim.
Cyrano de Bergerac nasceu em 1619, no seio de uma família parisiense, e aqui fez os seus estudos. Aos 20 anos, perdeu a pensão que recebia de seu pai, ao envolver-se num duelo, alistando-se então no exército.
Devido às brincadeiras que faziam com seu nariz, bastante avantajado, bateu-se inúmeras vezes em duelos. Teve dois ferimentos em combate, e um deles deixou-lhe uma cicatriz, paralela ao nariz.

Supõe-se que o sucesso da peça, na época, deveu-se ao facto de os franceses o terem convertido num símbolo popular, na encarnação do ideal do povo, representando o homem que despreza os poderosos, que é corajoso, nobre de sentimentos, sensível e capaz de se sacrificar pela felicidade alheia.