segunda-feira, fevereiro 06, 2023

A confusão organizada de William Shakespeare, numa agradável tarde no Teatro da Trindade

A Noite de Reis, que afinal aconteceu numa tarde de domingo (…), foi o espectáculo que o Atrium assistiu, no passado dia 5, no bonito Teatro da Trindade.

Nesta comédia de enganos, um texto escrito nos anos 1600, vale tudo! Motorizadas em palco, personagens de identidades de género e sexual baralhadas, um suporte musical bem adequado à época, que incluía entre outros, temas das Spice Girls, tocados por uma orquestra, que em vez de estar no fosso estava numa mezzanine, uma personagem que passa a maior parte do tempo dentro de uma banheira, mergulhando de vez em quando numa espuma de algodão…

De toda esta confusão ressalta a contemporaneidade de Shakespeare, que cria um texto onde, a brincar, se abordam alguns assuntos sérios e que permanecem actuais.

Para ajudar um pouco a desconstruir esta trama (bem organizada…), aqui vai um brevíssimo resumo da peça, para memória futura.

Tudo se passa no reino de Ilíria e é uma trama sobre o amor, com disputas e trocas de género. O duque Orsino (Renato Godinho) está apaixonado, mas não é correspondido, por Olívia (Filipe Vargas). Entretanto, uma jovem mulher, Violeta (Cristóvão Campos), chega a Ilíria levada pelo mar após um naufrágio. E acredita que o seu irmão gémeo, Sebastião (Rafael Gomes), morreu afogado no mesmo acidente.

Então, Violeta disfarça-se de homem, muda o seu nome para Cesário e encontra trabalho como mensageiro de Orsino. Violeta tem como função mandar mensagens de amor de Orsino para Olívia. Entretanto, Olívia apaixona-se por Cesário (Violeta), achando que é um homem. E Violeta apaixona-se por Orsino, mas não pode revelar o seu amor por ele, pois Orsino acha que ela é Cesário, um homem.

E tudo acaba num final feliz, com Olívia casando com Sebastião e Orsino casando com Violeta.”