domingo, setembro 26, 2010

Viagem ao Canadá e EUA – 5. Cidade de Toronto e Cataratas do Niágara

A saída da cidade de Ottawa, no início do dia 8 da viagem, fez-se ao longo de um imenso jardim que ladeia o Rideau, um conjunto de canais que se estende por mais de 300 quilómetros até à cidade de Kingston (que foi capital do Canadá entre 1841 e 1844). Outrora utilizado para navegação, hoje é um imenso espaço de recreio.
A primeira etapa do dia foi até Rockport, onde demos um passeio de barco pelas chamadas Mil Ilhas, uma área do Rio São Lourenço, já muito perto do Lago Ontário, que possui mais de mil pequenas ilhas, e que constitui um original local de veraneio. Há ilhas e habitações para todos os tamanhos e gostos, desde um insólito e imponente castelo (o Boldt´s Castle construído por um excêntrico milionário norte-americano) até uma deliciosa ilhota com uma casinha T0, duas cadeiras e uma árvore… Como curiosidade a ponte internacional mais curta do planeta que une duas ilhotas, existentes, uma de cada lado da fronteira entre o Canadá e os EUA, que divide naquela zona o leito do São Lourenço.
Após o almoço, servido em Rockport, rumámos para Toronto. Íamos entrar no Canadá anglófono. Aqui as “casas de banho” deixam de ser “toilettes” e passam à categoria de “washrooms”… curiosas estas subtilezas linguísticas, com que por vezes somos confrontados.
Toronto é presentemente a cidade mais importante e dinâmica do Canadá, é o centro financeiro e comercial do país e conta com cerca de 4 milhões de habitantes.
Após um breve descanso no hotel Delta Chelsea, fomos dar um passeio pedonal pela principal artéria, a Yonge Street, até ao City Hall, um curioso edifício formado por duas torres curvas de betão e vidro, que alberga o poder municipal. Perto dele fica a antiga câmara municipal (Old City Hall), um edifício neo-românico do século XIX.
Alguns viajantes menos ensonados, ainda rumaram até à Queen Street, para assistir a uma sessão de jazz no “The Rex”, um simpático bar de jazz e blues.
O dia 9 da viagem começou com uma interessante visita ao Parlamento da Província de Ontário, um grandioso edifício de grés cor-de-rosa também de estilo neo-romântico construído em 1893. Tivemos oportunidade de visitar o seu interior, incluindo a própria sala das sessões, que apresenta um estilo clássico bem na linha dos parlamentos ingleses.
Prosseguimos na volta pela cidade, e uma surpresa nos estava reservada: Uma bica bem portuguesa acompanhada por um lusitano pastel de nata, tudo ao som da emissão da RTP Internacional…, não era ilusão. Estávamos em pleno “Little Portugal” um bairro de Toronto onde o nosso Galo de Barcelos tem direito a um vistoso outdoor pendurado nos candeeiros de rua. A confraternização com alguns compatriotas foi inevitável e acabou com a oferta de jornais e revistas na língua de Camões (ou de Fernando Pessoas? ou de José Saramago?) editados aqui nesta distante capital da província de Ontário.
A visita aqui voltou a subir de nível, e de que maneira! Exactamente 346 m, tal é a altura a que se encontra o piso de observação da Torre CN, hoje já transformada em ex-líbris de Toronto. Foi tempo para apreciar a paisagem urbana, tirar algumas fotos e testar a valentia de alguns visitantes, ao pisarem um chão de vidro bem transparente com vista directa e vertical para a terra firme que distava os referidos 346 m.
Como a emoção abre o apetite dali partimos para uma excelente refeição num restaurante italiano de agradável e cuidada decoração.
Mais recompostos regressámos à estrada rumo ao próximo objectivo: As Cataratas do Niágara. No caminho passámos por uma pitoresca cidade, Niagara-on-the-Lake, com elegantes mansões e cuidados espaços verdes, e onde se realiza o “Shaw Festival”, um prestigiado festival anual de teatro com peças de Bernard Shaw e outros dramaturgos.
A chegada às Cataratas fez-se pouco tempo antes da partida do último barco que nos iria levar numa aventura bastante húmida, até à proximidade das tumultuosas águas.
Foi só tempo para envergar nervosamente os impermeáveis que a organização fornece aos valentes marinheiros. Assim todos de azul trajados, lá fomos levados pelo “Maid of the Mist” até debaixo do grande arco de água que se despenha dos 50 m de altura com uma energia que a todos contagiou, e encharcou… Foi uma excitante e revigorante experiência que nos lavou o espírito e molhou o corpo (sobretudo dos joelhos para baixo) e que não esqueceremos tão cedo. Valeu a pena tal molha!
Já secos e de roupa mudada, rumámos à Torre Skylon onde jantámos no restaurante panorâmico que rodava lentamente enquanto nos banqueteávamos com um belo naco de carne.
A visão do alto da torre veio confirmar a impressão de que a cidade de Niagara Falls é uma pequena e incaracterística Las Vegas (ou uma grande Feira Popular, se preferirem): Casinos, néons, rodas gigantes, construções desinteressantes, enfim nada que nos fique na memória. Até as pobres cascatas iluminadas de cores garridas, mais pareciam um imenso doce de algodão colorido, que toda a feira de província não dispensa.
Mas ao regressar ao hotel já nada disto nos interessava. Amanhã iríamos começar a última parte da aventura na inigualável New York.