domingo, janeiro 09, 2011

O Atrium no MNAA ao encontro dos Primitivos Portugueses, no século de Nuno Gonçalves (1450-1550)

Há precisamente 100 anos, Portugal ‘descobria’ a sua pintura antiga, por mais paradoxal que possa parecer. Durante várias décadas, o Renascimento foi um período quase vazio, preenchido apenas por uma ou outra obra que se encontrava nas igrejas. Mas no final do século XIX, uma descoberta com contornos míticos – estava perdida no convento de São Vicente de Fora, no meio de velharia – deu a conhecer aquele que é a mais emblemática das obras portuguesas: os “Painéis de São Vicente”.»
O achado fez furor, sobretudo depois do seu restauro e da apresentação pública, em Maio de 1910, dando início a largas discussões sobre a sua interpretação. É esse centenário que agora se celebra, numa grande exposição organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga.

Foi uma visita deveras interessante, pela riqueza do espólio e pela qualidade da guia que nos conduziu numa viagem pelas obras dos nossos pintores mais significativos da segunda metade do século XV e da primeira metade do século XVI.
Reunindo e colocando em confronto mais de 160 pinturas, reconstituindo alguns dos mais belos retábulos portugueses desse período, esta exposição ensaia um panorama crítico, actualizado e de grande dimensão, acerca dos chamados Primitivos Portugueses e visa demonstrar como o estudo técnico e material desse património contribui decisivamente para renovar e aprofundar o seu conhecimento.
A exposição pretende também questionar as noções de originalidade artística e identidade nacional associadas a este período, e, com o recurso às novas possibilidades tecnológicas associadas à investigação do processo criativo, revela-nos o que está para além do aspecto pictórico da pintura final, mostrando os desenhos preparatórios, as correcções, as hesitações e as definições dos detalhes das composições, o que irá implicar, em muitos casos, uma revisão das teorias dadas como adquiridas pelos investigadores.
Esta mostra reúne peças de muitas colecções públicas e privadas, não só nacionais como de museus de Itália, França, Bélgica e Polónia.

Com a chegada de 2011, entrámos na segunda década do século XXI

Foi em Caneças, em casa da Teresa, que deixámos para trás o velho 2010 e entrámos decididamente na segunda década do século.
Sem pretender fazer previsões para este ano que agora começa, ele não se afigura fácil. Será um ano que vai exigir de todos nós um esforço grande para nos mantermos lúcidos, para não nos deixarmos paralisar pelos cânticos negros dos arautos da desgraça mundial.
As ideias neoliberais, que se apagaram estrategicamente a seguir ao descalabro da finança de Wall Street, estão aí de novo e de mansinho a aparecer, procurando impor as suas já conhecidas receitas: a desvalorização do factor trabalho, o corte nas despesas sociais, a manutenção do bloqueio dos Bancos Centrais e do próprio Banco Central Europeu no apoio à resolução do problema das dívidas soberanas dos estados. Pretendem com estas medidas "acalmar" os mercados financeiros, que ficariam com as mãos livres para imporem as suas práticas especulativas.
Mas em contrapartida, também já começaram a surgir vozes autorizadas denunciando este discurso e mostrando que existe uma outra alternativa para fazer face à difícil situação económica que enfrentamos.
Haja pois a coragem, a visão e a sensatez necessárias para fazer de 2011 um ano de viragem nas nossas vidas e na vida das nossas sociedades.
Bom Ano!