quinta-feira, dezembro 26, 2019

Um sábado luminoso e bem preenchido com uma visita ao Seixal


Eram 10 horas do dia 26 de Outubro quando os visitantes começaram a chegar ao ponto de encontro, na Praça 1º de Maio junto às antigas instalações da Mundet, que em tempos foi a maior empresa do setor corticeiro de Portugal e, durante algum tempo, do Mundo.
A manhã soalheira presenteou-nos com uma magnífica vista sobre a baía natural do Seixal e sobre o agradável Passeio Ribeirinho. À nossa espera estavam o amigo Pedro Esteves, cujo apoio na organização desta nossa visita foi decisivo, e a amiga Eva.
Depois de uns momentos de descontração, que a paisagem a isso convidava, pusemo-nos a caminho pelo Seixal velho, até ao primeiro núcleo do nosso périplo, a Tipografia Popular onde fomos recebidos pelo Sr. Palaio, antigo tipógrafo da Popular, que nos guiou numa riquíssima viagem pela história da tipografia através dos tempos, exemplificando ao vivo o funcionamento das antigas técnicas e saberes, ligados às artes gráficas e à impressão tipográfica.
Neste espaço, cujo espólio técnico-industrial, de composição e de impressão, foi doado à autarquia, são reutilizadas máquinas que hoje se encontram praticamente excluídas da indústria tipográfica, mas que adquiriram valor patrimonial, entre as quais destacamos uma réplica da prensa de Guttenberg que mostra como se imprimia nos primórdios da tipografia, nos meados do séc. XV.
Foi cerca de uma hora e meia bem enriquecedora, preenchida pela simpatia e pela cultura do Sr. Palaio.
Ainda antes do almoço, impunha-se uma caminhada para desentorpecer as pernas e abrir o apetite, e lá fomos até ao Alto D’Ana onde se localiza o Parque Urbano do Seixal, um espaço de lazer que é um miradouro natural, com uma vista espectacular sobre a baía do Seixal, podendo-se avistar do seu ponto mais alto, Lisboa, a Ponta dos Corvos (uma longa restinga que começa no Alfeite) e a velha povoação do Seixal, além dos inícios do Barreiro.
Inaugurado em Abril de 2019, na zona da mata da antiga fábrica da Mundet, dispõe de um anfiteatro natural, percursos pedestres, miradouros, zonas de descanso e lazer, áreas recuperadas de pomar, olival, bosque de sobreiros e carvalhos, e pontos de observação da fauna e da flora.
Bem arejados e com os estômagos ansiosos, descemos até ao Mundet Factory, o simpático restaurante situado nas instalações do antigo refeitório da corticeira, com uma situação privilegiada e uma decoração interessante que mantém o ar industrial, que de certa maneira recorda que era neste local e nestas mesas, que os trabalhadores tomavam as suas refeições.
A ementa variada e a qualidade das iguarias, propiciaram um agradável e animado repasto que nos retemperou as forças para a segunda parte da visita.
Uma agradável caminhada pelo Passeio Ribeirinho, levou-nos até ao nosso próximo objectivo, o Núcleo Naval do Ecomuseu instalado num antigo estaleiro naval da freguesia de Arrentela, que ali funcionou até ao final da década de 70 do século XX. Aqui pudemos apreciar uma oficina de construção artesanal de modelos de barcos do Tejo e um pavilhão de exposições. Na oficina um artífice ocupava-se com a construção de um modelo, executados à escala enquanto no pavilhão de exposições estava patente a exposição de barcos “Memórias do Tejo”, onde pudemos ver as imagens da construção naval, nos antigos estaleiros do Rio Judeu, à beira do Tejo, além de vários modelos de embarcações tradicionais.
O último ponto da visita foi alcançado após uma deslocação por automóvel, que nos levou até ao Moinho de Maré de Corroios, onde nos esperava o actual Moleiro, o Sr. Meias, que nos proporcionou uma interessante viagem pela história deste moinho e da actividade moageira no estuário do Tejo.
Como curiosidade refira-se que este moinho foi edificado em 1403 por iniciativa do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, sendo mais tarde doado ao Convento do Carmo, ordem religiosa de que ele era mestre. No início do século XVIII foi ampliado, e reconstruído após o terramoto de 1755 em virtude dos danos sofridos. Hoje em dia mantém-se em condições de funcionamento, tendo sido adquirido pela Autarquia em 1980 e aberto ao público em 1986, como núcleo do Ecomuseu Municipal do Seixal.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público, tendo patente a exposição “600 anos de Moagem no Moinho de Maré de Corroios”, que pudemos apreciar, guiados pelo Sr. Meias.
O nosso périplo tinha chegado ao fim, e no regresso a Lisboa acompanhou-nos a sensação de um dia luminoso e bem preenchido, para o qual contribuiu o apoio do amigo Pedro Esteves.


























No Teatro da Trindade assistimos ao musical “Chicago”


No passado dia 16 de Outubro, fomos até ao velhinho Teatro da Trindade para assistir a este musical de grande sucesso, distinguido com seis Prémios Tony e seis Óscares.
Foi um espectáculo, com um elenco equilibrado e de excelente qualidade, cujo original é baseado numa peça de 1926 da jornalista do “Chicago Tribune” Maurine Dallas Watkins, que deu origem a um filme homónimo, realizado por Rob Marshall.
Passado na Chicago da década de 20 do século passado, o musical conta a história de duas cantoras rivais de vaudeville, Roxy (Gabriela Barros) e Velma (Soraia Tavares), acusadas de homicídio – a primeira pelo assassinato a sangue-frio do amante, a segunda, pela morte do marido e da irmã.
Presas, ambas vão recorrer aos serviços de um pouco recomendável advogado, Billy Flynn (Miguel Raposo), e aos esquemas corruptos da chefe das guardas prisionais, Mama Morton (Catarina Guerreiro), de modo a reconquistar a liberdade e atingir as luzes do estrelato.
Segundo as palavras do seu encenador, Diogo Infante, a peça "é um gozo, uma sátira a um sistema judicial, no qual nos podemos rever. O advogado Billy Flynn manipula e contorna as leis, de um modo que nos é familiar. Somos bombardeados diariamente com situações de corrupção, de fuga ao fisco e de outros crimes e de como os poderosos conseguem safar-se usando vários artifícios".