sexta-feira, agosto 25, 2023

Dos papéis da Renova (higiénico e não só…) às funduras das Grutas de Lapas, com um Babalhau de permeio


O dia amanheceu soalheiro, com algum vento para refrescar. Divididos por diversas viaturas particulares - desta vez o autocarro colectivo não funcionou – atriunistas, amigos e amigas, foram de abalada até à Aldeia de Lapas, num percurso de cerca de 115 quilómetros, para o primeiro objectivo do dia, a visita às Grutas de Lapas.

Estas curiosas grutas são constituídas por uma rede de galerias artificiais que se encontram sob o casario mais antigo da aldeia com o mesmo nome.

Elas estão implantadas num terraço fluvial do rio Almonda, composto por uma formação rochosa específica, o tufo calcário.

Dada a facilidade com que este material era cortado, ele foi amplamente utilizado na construção civil, durante vários séculos em toda a região, e uma das explicações para a origem destas grutas, cavadas pela mão humana, é que tenham sido uma pedreira subterrânea para extrair este material. Existem no entanto outras teorias, que apontam para este ser um local de refúgio de cristãos primitivos.

Pudemos percorrer as diversas galerias e perceber um pouco da sua interação com a aldeia medieval existente por cima, nomeadamente a sua utilização como adega para algumas das casas da aldeia. Com a ajuda de um elemento ligado às grutas tomámos conhecimento de uma série de iniciativas que nelas tiveram lugar. Destas, salientamos um concerto com o Zeca Afonso, realizado no dia 28 de dezembro de 1968, e que contou também com a presença do Padre Fanhais. Este confessou, mais tarde, que foi precisamente nesse concerto que conheceu pessoalmente o Zeca.

E foi com um sentimento de surpresa agradável, que deixámos as grutas e subimos até à aldeia, onde nos esperava uma visita (que não constava do programa) à Igreja de Nossa Senhora da Graça. Localizada no centro histórico de Lapas, ela foi edificada em 1550 por cima de uma capela já aí existente, tendo sofrido diversas ampliações ao longo dos tempos. Possui as paredes da nave revestidas com azulejos seiscentistas, e o altar em talha dourada, destacando-se a imagem de Nossa Senhora da Vitória, um baixo-relevo do século XV.

Como a hora do almoço se aproximava, zarpámos até Torres Novas onde nos esperava um excelente repasto no “Babalhau By Chef Lurdes” (o nome é algo esquisito, mas a comida da Chef Lurdes não desiludiu…).

E a tarde foi inteiramente dedicada à Fábrica Renova, aquela marca portuguesa de produtos de grande consumo no segmento dos produtos de papel tissue (papel de cozinha, papel higiénico, toalhetes húmidos ou lenços de papel).

Foi uma visita guiada, longa e um pouco cansativa, dada a dimensão do complexo fabril, que nos proporcionou uma visão ao vivo e a cores (no verdadeiro sentido da palavra, pois foi até esta marca a criadora do papel higiénico preto…).

Numa breve resenha, recordemos que a marca Renova surge pela primeira vez em 1818 numa marca de água de uma folha de papel de escrita. Mais tarde foi construída a Fábrica de Papel situada no lugar da Zibreira, que começou a sua laboração no dia 3 de maio de 1940, no mesmo local onde antes tinham existido outras empresas, a última das quais destruída num incêndio ocorrido em 1904.

Hoje já goza de uma dimensão internacional, possuindo duas unidades industriais na Zibreira e uma em Saint-Yorre, na França, para além de escritórios em Paris, Madrid e Bruxelas, e os seus produtos estão presentes em centenas de países do mundo.

Depois de uma passagem pela loja, onde tivemos a oportunidade de fazer algumas aquisições, a visita terminou junto à nascente do rio Almonda, onde é captada a água para uso da unidade industrial.

12.05.2023