Uma sessão no IST, mostrou-nos o caminho para a descarbonização do setor elétrico em Portugal
Esta temática
das energias renováveis na produção eléctrica, foi apresentada pelo Dr. Rui
Castro de uma forma clara e entendível mesmo para os menos conhecedores,
tornando a sessão bastante enriquecedora.
As fontes de
energia, que abasteceram o nosso planeta num passado recente, estão a sofrer
uma profunda transformação. As alterações climáticas afiguram-se cada vez mais
impactantes, pelo que a aposta no processo de transição energética não é uma
opção, mas sim uma obrigação, a bem da sustentabilidade do planeta.
Assim, as
fontes renováveis de produção de energia deverão ser a principal aposta para
que os objetivos de sustentabilidade possam ser cumpridos. Os consideráveis
avanços observados fizeram com que as energias renováveis se tornassem viáveis
do ponto de vista tecnológico, economicamente atrativas e capazes de satisfazer
as necessidades energéticas a uma escala assinalável.
O recente
conflito bélico com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa amplificou a já
existente crise do gás natural, colocando uma enorme pressão no preço desta
fonte energética. Este inesperado conflito promoveu uma mudança de paradigma no
que à segurança de abastecimento diz respeito. A enorme dependência europeia do
gás natural russo alertou os decisores políticos europeus para a importância
dos recursos energéticos endógenos, onde as energias renováveis se enquadram na
sua plenitude.
Perante esta
nova realidade, os governos europeus lançaram planos para acelerar a
descarbonização, alavancando o processo de transição energética. Devido à
variabilidade do consumo (ao longo do dia e ao longo do ano), o sistema
elétrico sempre precisou de determinado grau de flexibilidade, por forma a
assegurar o equilíbrio geração/carga. Na sua perspetiva tradicional, a
flexibilidade provém, essencialmente, da geração com centrais térmicas ou
hidroelétricas (onde se inclui a bombagem), às quais se juntam as
interligações.
Porém, a
integração massiva de geração renovável variável introduz novos desafios ao
sector elétrico. Manter o equilíbrio entre a geração e o consumo, sem colocar
em causa a integridade do sistema elétrico, torna a segurança operacional mais
desafiante. A não controlabilidade do recurso primário (como o vento e o sol),
obriga a incrementar a flexibilidade do sistema elétrico através de outros
mecanismos, como é o caso da gestão do consumo, que passará a ter um papel mais
ativo na segurança do sistema. A descentralização e digitalização terão um
papel cada vez mais importante nos sistemas de energia, viabilizando a
operacionalização das comunidades energéticas.
Recorde-se
que a descarbonização assume um papel central no Portugal 2030, com o
objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2050. Este
compromisso visa combater as mudanças climáticas, garantir um futuro
sustentável e impulsionar a competitividade da economia portuguesa. As metas
apresentadas por Portugal são ambiciosas e envolvem:
- Redução de
emissões de gases com efeito de estufa (GEE): O país pretende reduzir as
emissões em 55% até 2030 e atingir a neutralidade total
até 2050, em comparação com os níveis de 1990.
- Aumento da
quota de energia renovável: O objetivo é aumentar a quota de energia renovável
em 45% do consumo final de energia até 2030 e 80% até 2050.
- Promoção
da descarbonização em vários setores: Isso inclui os setores energético,
industrial, de transportes, agricultura e edifícios.
Para atingir
essas metas, Portugal está focado em várias áreas de ação:
- Transição
energética: Investimento em energias renováveis, como a solar e a eólica, e
modernização da rede elétrica.
- Eficiência
energética: Promoção da eficiência energética nos setores público, privado e
residencial.
- Mobilidade
sustentável: Incentivo ao uso de meios de transporte ecológicos, como
transporte público, bicicletas e mobilidade elétrica.
-Florestas: Proteção e valorização das
florestas, que são importantes sumidouros de carbono.
- Inovação e
tecnologia: Investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área da
descarbonização.
O Portugal
2030 mobiliza um total de 23 mil milhões de euros, com 13,9 mil
milhões de euros provenientes dos Fundos Europeus Estruturais e de
Investimento. Esses fundos serão utilizados para financiar projetos que
contribuam para a descarbonização da economia portuguesa.
No final, a
proximidade do Café Império permitiu um momento de convívio descontraído, no
qual não faltou a degustação do belo bife “à Império”.