segunda-feira, junho 16, 2025

O Atrium comemorou o seu 43º aniversário em S. João da Caparica

E quatro anos depois voltámos a São João da Caparica, à casa da Manecas, para comemorar mais um aniversário do nosso Atrium. Desta vez o 43º, mas desta vez sem as incómodas máscaras que o maldito vírus nos impunha na altura (lembram-se que até organizámos um concurso de decoração das máscaras anti-covid…? A nossa imaginação não conhece fronteiras…). Aqui fica uma foto para recordar aqueles tempos sombrios que já estão ultrapassados.

Celebremos então a festa do ano quarenta e três, que decorreu com um animado convívio, e com ricas colaborações.

Recordemos: a escolha por cada participante, de um objecto, e a descrição da história a ele associada; a extraordinária actuação de um grupo de jograis, constituído pelos elementos do grupo organizador da festa; uma bem conseguida, e bem afinada, sessão de cantigas ao desafio a cargo de quatro equipas formadas ad-hoc…

A tudo isto, como já é habitual juntaram-se os excelentes comes e os bebes, tudo se conjugando para uma comemoração bem animada e prometedora de mais uma série de anos com força para continuar a levar por diante o nosso projecto iniciado em 1982…

Parabéns Atrium!









quarta-feira, junho 11, 2025

Um encontro com a cultura milenar chinesa no Centro Científico e Cultural de Macau

Foi no passado dia 7 de maio que o Atrium se encontrou no Centro Científico e Cultural de Macau, para uma visita guiada pela Professora Ana Cristina, que nos transportou, através da história de Macau, numa viagem ao encontro da cultura chinesa e das relações históricas entre Portugal e a China.

O museu desenvolve-se em redor de um jardim de estilo tipicamente chinês, criando um ambiente que pretende expressar a harmonia com a natureza, e é constituído por dois núcleos, um sobre a condição histórico-cultural de Macau nos séculos XVI e XVII e outro que contém a Colecção de Arte Chinesa, constituída por mais de 3500 peças.

O núcleo “A Condição Histórico-Cultural de Macau nos Séculos XVI e XVII” remete para a atmosfera internacional da China Ming e para a fronteira intercultural Europa-China, criada com a cidade portuária de Macau, estando presentes alguns resultados da investigação sobre a história das relações luso-chinesas e a história de Macau.

No núcleo “Uma Colecção de Arte Chinesa”, podemos apreciar colecções principalmente de terracotas, grés, e porcelanas, bem como diversos aspectos da Arte, Cultura e Sociedade chinesas. Trata-se da única colecção sistemática da Arte Chinesa existente nas instituições museológicas de Portugal.

Possui ainda uma extensa biblioteca especializada e dedicada à investigação e ensino sobre as relações entre a Europa e a Ásia e sobre a História Contemporânea da China e de Macau.

Foi uma visita interessante que nos recordou aspectos da nossa história, desde a época das navegações até ao recente período da descolonização.

No final, como o calor apertava, a actividade terminou com um descontraído convívio, numa esplanada da área, na companhia de umas refrescantes imperiais…















quarta-feira, junho 04, 2025

Eduardo Gageiro deixou-nos. Fica a sua obra que é imensa.

Em jeito de homenagem a um homem excepcional, recordemos o convívio que tivemos com Eduardo Gageiro, na Biblioteca Orlando Ribeiro, no dia 28 de janeiro de 2023, onde nos guiou, com uma gentileza e uma disponibilidade inexcedíveis, pela sua exposição "Amor é um fogo que arde sem se ver".

Até sempre Mestre Gageiro.




quarta-feira, abril 30, 2025

VIVER ABRIL HOJE E SEMPRE – O Atrium presente nos 51 anos de Abril



Mais uma vez o Atrium juntou-se aos milhares de manifestantes no grandioso desfile que encheu a Avenida da Liberdade, para festejar os 51 anos da Revolução dos Cravos.

Foi uma jornada que este ano revestiu de uma importância acrescida, pela afirmação da defesa dos valores de Abril, num mundo cada vez mais perigoso e incerto, pelo avanço das forças da extrema-direita.

Foi uma demonstração de que passados 51 anos o povo português não perdeu a capacidade de lutar pela Liberdade, derrubando o medo e o ódio que os inimigos de Abril não desistem de introduzir na sociedade.

Não foi por acaso que o grito mais ouvido no desfile foi “25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!”.

 




O Atrium no Barreiro, visitando a exposição “Representações do Trabalho Industrial”


No passado dia 22 de abril, depois de uma agradável travessia do Tejo, eis-nos a desembarcar no Barreiro, com o objectivo de realizar uma visita guiada à exposição “Representações do Trabalho Industrial”, organizada a partir do Arquivo Ephemera de José Pacheco Pereira.

Sem a pretensão de ser sistemática, reflete visões épicas, realistas, utópicas ou propagandísticas, influenciadas pela política e pelo marketing. São imagens de homens e mulheres em atividades profissionais nos últimos 100 anos, recaindo o seu foco sobre o trabalho industrial, mineiro e ferroviário.

Numa era de automação e desmaterialização da produção, aqui procura-se tornar visível o trabalho industrial, desde a extração de energia à construção das infraestruturas que sustentam o mundo, através das ferramentas, dos símbolos e dos corpos dos operários.
Refira-se que esta exposição está inserida nas comemorações do 51º aniversário do 25 de Abril.

No caminho para o local da exposição, tivemos oportunidade de (re)ver a velhinha estação ferroviária do Barreiro, hoje uma ruína, mas refletindo ainda o charme de uma época em que a importância do caminho de ferro era grande.

Antes da visita à exposição, que foi guiada por Carlos Nuno, um dos seus organizadores, apreciámos um repasto no restaurante da Associação dos Fuzileiros, que nos retemperou as forças e propiciou um animado convívio.



 







segunda-feira, abril 21, 2025

Um fim-de-semana que começou no Museu do Azeite, em Oliveira do Hospital, e que terminou na Casa do Passal, onde revisitámos a memória de um Homem excepcional, Aristides de Sousa Mendes

 

Pelo seu significado, começamos esta crónica do fim-de-semana por terras da Beira Alta, com a referência à nossa visita à Casa do Passal, morada do novo Museu Aristides de Sousa Mendes, que constitui uma memória viva de todos os que sobreviveram à intolerância e ao extermínio, graças à coragem e generosidade do Cônsul Aristides Sousa Mendes.
Aqui recordámos as mais de trinta mil vidas salvas da barbárie nazi pelo diplomata português, durante a II Guerra Mundial, no que é considerado como a maior acção de salvamento levada a cabo por uma pessoa individual.
Nada melhor para avaliar este acto de excepcional, do que recordar as palavras do próprio Aristides de Sousa Mendes dirigidas, em 8 de outubro de 1940, ao então Ministro dos Negócios Estrangeiros, no âmbito do processo disciplinar que lhe foi instaurado, onde ele evoca os motivos que o levaram a passar vistos a milhares de refugiados do Holocausto, protegendo-os, assim, da morte.
“…Era realmente meu objectivo “salvar toda aquela gente”, cuja aflição era indescritível: Uns tinham perdido os seus cônjuges, outros não tinham notícias dos filhos extraviados, alguns haviam visto sucumbir pessoas queridas sob os bombardeamentos alemães que todos os dias se renovavam e não poupavam os fugitivos apavorados. Quantos tiveram que inumá-las, antes de conseguirem prosseguir na louca correria da fuga!
Daí a minha atitude, inspirada única e exclusivamente nos sentimentos de altruísmo e de generosidade de que os portugueses, através dos seus oito séculos de história, souberam tantas vezes dar provas eloquentes e que tanto ilustram os nossos feitos heróicos.” 
Foi uma visita que nos transportou para um tempo de guerra, de perseguições, e de sofrimento de inocentes, que julgávamos estar definitivamente afastado do nosso mundo, mas que, infelizmente, parece estar de novo a ensombrar a vida de milhares e milhares de homens mulheres e crianças.
A espécie humana ainda não se libertou das forças que a conduzem à violência e à destruição do seu semelhante, sob a liderança de criminosos que teimam em usar a força para atingir os seus nefastos objectivos.
Socorrendo-nos da informação do site do Museu incluímos, pela sua importância histórica, uma breve descrição do seu conteúdo.
O museu relata, de uma forma contextualizada, o acto de desobediência consciente de Aristides de Sousa Mendes que, enquanto Cônsul de Portugal em Bordéus, possibilitou através dos vistos concedidos, salvar milhares de pessoas.
Ele está subdividido em três corredores, que se organizam, cronologicamente, de uma forma sequencial; Corredor da Guerra, Corredor da Fuga e Corredor da Liberdade.
No primeiro corredor relata-se a ascensão ao poder de Adolf Hitler, em 1933, que marca o início da perseguição sistemática aos judeus. O que começou como um boicote a negócios e profissões, evoluiu rapidamente para a discriminação total e a violência física, que culminará nos campos de extermínio.
À medida que a situação se torna insustentável, são cada vez mais os que fogem da Alemanha. Aos refugiados de origem judaica juntam-se opositores do regime nazi, sobretudo intelectuais, socialistas e comunistas. Numa primeira fase, tentam refazer a vida nos países vizinhos, radicando-se a maior parte na Bélgica e em França. Em 1938 a Alemanha ocupa a Checoslováquia e anexa a Áustria. Em setembro do ano seguinte, a invasão da Polónia pelos alemães marca o início da II Guerra Mundial. O êxodo de civis intensifica-se. Aos proscritos do Reich juntam-se milhares de pessoas que fogem, simplesmente, da guerra.
No segundo corredor vemos a chegada dos alemães a Paris, e a intensificação da fuga para Sul. A Bordéus, os refugiados chegam aos milhares numa procura desesperada de vistos para a liberdade. Tocado pelo drama humano que se desenrola sob o seu olhar, Aristides de Sousa Mendes decide ignorar as ordens recebidas de Portugal e começa a passar vistos a toda a gente. Com o agravamento da situação, devido ao corte de comunicações e à aproximação dos alemães, Sousa Mendes dá ordem aos consulados dele dependentes, Toulouse e Bayonne, para fazerem o mesmo.
Apesar da tentativa feita pelo governo português, para o parar, Sousa Mendes continuará, mesmo na rua e junto à fronteira de Hendaye, a conceder vistos. Só desistirá do seu objectivo com a chegada dos alemães.
É sobre a permanência dos refugiados nos vários pontos do país e sobre o seu embarque rumo à liberdade que trata o terceiro corredor.
Para a maioria dos refugiados vindos da Europa, a entrada em Portugal fazia-se pela fronteira de Vilar Formoso. Para Lisboa, só eram autorizados a seguir aqueles que já possuíssem bilhete de embarque e visto para outros países. Todos os outros eram encaminhados para estâncias balneares e termais ou cidades de província, onde lhes era fixada residência. Para as personalidades importantes ou para a gente abastada o destino era o Estoril, uma estância balnear internacional nos arredores de Lisboa. Apesar de algum choque provocado pelo contacto com usos e costumes inesperadamente “modernos”, os refugiados foram bem recebidos pelas populações que tentaram minorar ao máximo as suas dificuldades.
Portugal foi, por isso, para muitos milhares de pessoas, um paraíso na terra. Contudo, era evidente que o perigo ainda não tinha terminado: a qualquer momento, Hitler podia avançar sobre a Península Ibérica. Fosse por isso, fosse por ser difícil obter autorização de residência em Portugal, a maior parte dos refugiados tinha como prioridade máxima a obtenção de vistos para outros continentes, de forma a deixar entre eles e as forças do Reich, pelo menos um oceano de distância.
Recordemos por fim que, não resistindo à contínua degradação do seu estado de saúde e à situação de miséria decorrente das sanções impostas por Salazar, Aristides de Sousa Mendes morre no dia 3 de abril de 1954, em Lisboa, no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, distante do que mais prezou em toda a sua vida: a sua família.















No nosso fim-de-semana tivemos também a oportunidade de efectuar uma visita guiada ao Museu do Azeite em Oliveira do Hospital, que constituiu uma agradável surpresa pela sua arquitetura - um edifício em forma de ramo de oliveira – e pelo seu conteúdo que através da recriação de contextos históricos dá destaque às máquinas e processos criados ao longo dos tempos pelos homens para a extração deste óleo vegetal precioso – até sagrado – que, nas suas múltiplas utilizações, como sejam, a alimentação, a iluminação, a medicina e a higiene, se tornou num dos produtos agrícolas mais importantes de cada período histórico e do qual Portugal é ainda hoje o quarto produtor a nível mundial.
Foi um filho da terra, António Dias, produtor de azeite desde 1986 que, em partilha com o arquiteto Vasco Teixeira, idealizou e concretizou este excelente projecto. E foi no seu restaurante, denominado “Olea”, que fomos brindados com um excelente almoço.















O almoço de domingo teve lugar em Cabanas de Viriato, não muito longe da Casa do Passal, no restaurante “Piano”.  De referir que aqui fomos brindados com a visita do padre Carlos Alberto Ramos de Sousa, pároco de Cabanas de Viriato, que num registo bem-humorado (bem condizente com o seu perímetro abdominal…) veio saudar os “visitantes vindos de Lisboa”. Foi um momento de divertido convívio, que encerrou condignamente este nosso fim-de-semana beirão.